Na passada sexta-feira, os Estados Unidos decidiram responder às novas restrições chinesas às exportações de metais raros com uma medida contundente, aplicando tarifas de 100% sobre produtos chineses, complementadas por controlos nas exportações de software crítico a partir de 1 de novembro. A administração Trump acusou a China de exercer um monopólio sobre matérias-primas essenciais a tecnologias modernas, desde chips a baterias, e classificou as medidas chinesas como uma manobra estratégica para ganhar vantagem nas negociações comerciais. O anúncio gerou nervosismo nos mercados, que reagiram com quedas abruptas e fuga para ativos mais seguros, como obrigações e ouro.
Durante o fim de semana, a tensão pareceu acalmar, mas esta terça-feira voltou a escalar com novas manobras de retaliação por parte de Pequim. O governo chinês anunciou sanções a várias filiais norte-americanas pertencentes à Hanwha Ocean, uma gigante sul-coreana da construção naval, e avisou que poderá impor novas medidas ao setor marítimo. A decisão surge depois de Washington ter encorajado aliados asiáticos, como a Coreia do Sul, a ajudar a revitalizar a indústria naval dos EUA, uma área onde a China é atualmente líder mundial.
A disputa ultrapassou o domínio das tarifas e começou a atingir setores estratégicos como a indústria marítima, responsável por transportar mais de 80% do comércio global.
Ao impor taxas portuárias adicionais e obstáculos regulatórios a navios norte-americanos, a China envia um sinal claro de que está disposta a usar o seu peso industrial como arma económica. Desta forma, Pequim sinaliza que poderá encarecer o transporte global de mercadorias, levando muitos analistas a considerarem as medidas perigosas para as cadeias de abastecimento e para a estabilidade económica internacional.
Apesar de ambos os países afirmarem que querem manter canais diplomáticos abertos, cresce a incerteza sobre se será possível alcançar uma trégua antes do encontro previsto entre Donald Trump e Xi Jinping. Caso a guerra comercial se prolongue, os efeitos poderão sentir-se em todo o mundo, através de custos logísticos mais elevados, pressões inflacionistas e impacto nas exportações dependentes das grandes rotas comerciais.