Manter as suas finanças pessoais controladas implica uma boa gestão do orçamento familiar. Mas será que está a cometer estes erros?
O orçamento familiar é um primeiro passo essencial para organizar as suas finanças pessoais e, desta forma, começar a ganhar controlo sobre a sua vida financeira.
É este orçamento que lhe permite, a cada mês, ter maior conhecimento sobre o seu fluxo de caixa (receitas e despesas, fixas e variáveis), manter as contas dentro de limites previamente estabelecidos e também ajudar a rastrear investimentos.
Já começou a fazer o seu orçamento familiar? E será que está a fazê-lo da forma mais correta? Descubra alguns dos erros mais comuns na elaboração do orçamento familiar que podem estar a afetar as suas finanças.
Erros a evitar na gestão do orçamento familiar
1. Só rastrear o dinheiro, sem limites nem projeções
Para elaborar um orçamento, faça um levantamento detalhado de tudo o que se passa com as suas finanças, de forma a perceber de onde proveem as suas receitas e onde gasta cada cêntimo. Com este levantamento, vai conhecer quais as principais saídas de dinheiro e pode encontrar algumas oportunidades de poupança “escondidas”.
Este rastreamento é o chamado “mapa de fluxo de caixa” que, tal como nas finanças de uma empresa, é uma fotografia atualizada das entradas e saídas de capital. Mas este é apenas a primeira etapa para fazer um orçamento familiar.
No nível seguinte, e a partir do “mapa de fluxo de caixa”, vai conseguir fazer projeções, objetivos e “orçamentar” as suas despesas. Ou seja, definir limites racionais em cada uma das categorias de despesas para que possa, mês após mês, ficar dentro das margens estipuladas e não derrapar o orçamento. É também importante contemplar receitas, poupanças e investimentos.
2. Não ser consistente (ou ignorar os limites planeados)
Muitas pessoas fazem o levantamento de receitas e despesas para o primeiro mês e depois abandonam o orçamento familiar. Para que esta ferramenta possa ser eficaz, é preciso rastrear as entradas e saídas de dinheiro todos os meses, de forma consistente. Só assim poderá controlar, de facto, as suas finanças pessoais, fazer ajustes sempre que necessário e saber se está a conseguir manter-se em linha com o seu orçamento.
É também fundamental que seja disciplinado no cumprimento dos seus limites e objetivos definidos. De nada serve estipular margens por categoria de despesas se depois excede os limites regularmente. Claro que existem sempre imprevistos, mas se nunca conseguir cumprir o seu próprio orçamento, ou é necessário maior controlo orçamental ou precisa ajustar objetivos e margens por categoria de despesas.
3. Não contemplar a poupança
Anotou receitas, rastreou despesas, mas e a poupança? Esquecer a poupança no seu orçamento é um erro que prejudica as suas finanças pessoais, uma vez que não está a assumir esta componente regular na sua vida financeira.
As boas práticas ditam que encare a poupança no orçamento como se fosse uma despesa fixa. Este é um montante que deve colocar de parte logo no início do mês (o conhecido “pague-se a si próprio primeiro”), e não ficar com que “sobrar” quando o mês terminar.
Idealmente, um mínimo de 10% das receitas mensais deve ser alocado à poupança.
4. Ignorar os pequenos gastos na gestão do orçamento familiar
Um café aqui, uma pequena compra acolá. Por vezes as pequenas despesas do dia a dia ficam ignoradas no controlo e gestão do orçamento familiar. Afinal, “que mal faz não registar uns cêntimos?”, pode pensar.
O problema é que, somando todas esta pequenas despesas, acabará por ficar com um total avultado de encargos – que, se não registar, fica completamente “invisível” no seu orçamento.
Anote todas as despesas, por mais pequenas que sejam. O esforço e tempo vão compensar, ao final do mês (e, se usar uma aplicação de registo com ligação à conta bancária, nem precisará de registar manualmente os pagamentos em cartão, MB Way e online – a aplicação faz isso por si).
De forma a aumentar o controlo orçamental, pode também estabelecer limites diários e semanais para estas despesas mais pequenas.
5. Não tentar diminuir despesas fixas
Rastrear as despesas para o orçamento familiar permite-lhe encontrar oportunidades de cortar gastos que estão a pesar na sua carteira. Por norma, tendemos a olhar para as despesas variáveis e não essenciais para encontrar oportunidades de poupança. Ainda assim, é um erro não olhar também para as despesas fixas e essenciais.
Analisando as várias despesas fixas do seu orçamento, poderá encontrar formas de diminuir estes custos, mesmo que sejam em produtos e serviços essenciais. Renegociar o seu crédito à habitação, mudar de operadora de telecomunicações para uma opção mais em conta ou mudar os seus seguros para outra seguradora são algumas das estratégias que pode implementar.
6. Não olhar para as receitas
Já cortou despesas e não há mais a fazer para aumentar as poupanças? E será que já olhou para o outro lado da equação? Ou seja, já analisou as suas receitas para tentar identificar oportunidades de aumentar o dinheiro que recebe todos os meses?
Começar trabalhos extra em regime freelancer, vender artigos que não precisa em segunda mão ou rentabilizar um hobby são algumas opções. Lembre-se também de aumentar os seus rendimentos ao investir, com conhecimento. Até porque, se deixar as suas poupanças paradas, estará a perder dinheiro com a inflação.
7. Seguir um orçamento que não seja adaptado à sua realidade
Poderá seguir o exemplo de orçamentos familiares ideais, com margens consideradas adequadas para cada categoria de despesa numa vida financeira saudável.
No entanto, tenha sempre em conta que um orçamento familiar é sempre um exercício muito personalizado, adaptado à realidade de cada pessoa e de cada família. Por vezes, o que é “ideal” pode não funcionar para si – e está tudo certo com isso.
Por isso é tão importante que se baseie num retrato real das suas receitas e despesas (idealmente por um período de três meses) como base para definir margens e objetivos que sejam sustentáveis e para si e para o seu contexto familiar.
8. Não ajustar a gestão do orçamento familiar às finanças em casal
Se vive em casal, lembre-se de que o seu orçamento terá de seguir uma organização que espelhe a forma como organiza financeiramente a sua vida a dois. Caso contrário, poderá ter uma ferramenta que não se adequa às suas finanças pessoais ou que não lhe permite o nível de controlo financeiro desejado.
Em caso de conta conjunta, o orçamento terá de englobar as finanças de ambos. Já no caso de contas bancárias distintas e poupanças distintas, os orçamentos poderão ser feitos individualmente. Se assim for, terão de contemplar as despesas comuns nos orçamentos individuais.