Como se caracterizam as famílias que moram em Portugal? Que rendimento médio têm disponível e, a partir daí, como conseguem gerir as suas finanças? Quanto poupam e quanto investem? Saiba tudo, neste artigo.
É preciso recuar a 1999 para ver um retrato nacional onde cada família tinha, em média, três pessoas. A dimensão dos agregados tem vindo a reduzir-se e, em 2023, cada família era composta, em média, por 2,4 pessoas, segundo dados do Pordata, a partir de informação do Instituto Nacional de Estatística (INE).
A mesma fonte diz-nos também que a tipologia mais frequente de famílias em Portugal é de um casal com filhos (corresponde a 1,35 milhões dos agregados familiares existentes). Seguem-se as pessoas que vivem sozinhas (1,05 milhões de agregados) e os casais sem filhos (1,01 milhões).
Mas como será a situação financeira destas famílias? Tem melhorado ou piorado nos últimos anos?
Mais rendimentos brutos, poupanças iguais e menos investimentos
As famílias em Portugal viram o seu rendimento disponível bruto subir em 6,7% em 2023, em relação ao ano anterior. O aumento dos salários é visto pelo INE como o fator principal na subida do rendimento disponível bruto. Este é um valor que inclui salários, pensões e juros, entre outras receitas, mas que não tem em conta o efeito de uma inflação particularmente pesada em 2023 (4,3%, em média).
Mas quanto dinheiro tem, em média, cada agregado familiar para gastar ou poupar? Os dados mais recentes disponíveis no Pordata dizem respeito a 2022 e indicam um rendimento médio anual de 40.224,10 euros – ou seja, 3.352 euros por mês –, numa tendência que também tem vindo a aumentar.
No equilíbrio entre rendimento e aumento generalizado dos preços, as famílias lutam com despesas que têm dificuldades em pagar e com uma capacidade de poupança estagnada.
Em 2022 e 2023, a taxa de poupança das famílias em Portugal foi igual: 6,3%. De realçar que a média das famílias na Zona Euro é quase o dobro, chegando aos 14,42% em 2023 (dados Eurostat).
Em termos de investimento, a discrepância entre famílias em Portugal e na Zona Euro é mais estreita, mas ainda assim notória. Segundo o Eurostat, a taxa de investimento das famílias em Portugal foi, em 2023, de 5,7%, contra os 9,9% das famílias na Zona Euro. Os valores representam uma quebra em relação ao patamar de investimento conseguido pelas famílias nacionais nos últimos anos: 6,23% em 2021 e 6,14% em 2022.
Fundos de emergência insuficientes
As boas práticas das finanças pessoais recomendam a constituição de um fundo de emergência capaz de lidar com imprevistos financeiros e que seja constituído por um montante equivalente a entre 6-12 meses de despesas anuais.
No entanto, o 4º Inquérito à Literacia Financeira da população portuguesa, feito pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros com dados recolhidos em 2023, indica que a maioria dos agregados familiares (58,7%) apenas conseguiria cobrir pelo menos um mês, mas menos de seis meses de despesas em caso de perda da principal fonte de rendimento. Por tempo, 30,3% dos agregados conseguiria suportar 3-6 meses de despesas, 28,4% conseguiria 1-3 meses, 20,0% mais de seis meses, 9,3% entre uma semana e um mês, 8% não sabe ou não responde e 4% só suportaria menos de uma semana.
Despesas de habitação preocupam famílias em Portugal
Nas contas das famílias, a pressão das despesas do dia a dia continua a ser grande, também tendo em conta a subida acentuadas dos preços que se fez sentir desde 2022.
Três em cada quatro famílias têm dificuldades em pagas as contas, de acordo com o Barómetro da DECO PROteste relativo a 2023. 49% das famílias portuguesas enfrentam problemas em pagar despesas de habitação, 42% têm dificuldades na compra de bens alimentares e 41% nas despesas de lazer.