Se contraiu um empréstimo para comprar casa, talvez já lhe tenha passado pela cabeça a hipótese de amortizar o montante em dívida para conseguir ter alguma folga orçamental, a curto prazo. A amortização é, de facto, uma das formas de conseguir baixar a sua prestação mensal.
Segundo a presidente do Banco Central Europeu, o ciclo de subida das taxas de juro a que temos assistido vai continuar até que a inflação esteja controlada, e isso significa que todas as famílias com créditos estão e vão continuar a pagar prestações mais elevadas no final do mês.
Já em Portugal, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de juro dos contratos de crédito à habitação celebrados nos últimos três meses subiu para 1,775%, em Setembro, atingindo o valor mais elevado dos últimos 15 anos. Para a média dos contratos existentes, a taxa foi de 1,144%.
Amortizar o crédito à habitação pode ser uma opção, mas é preciso reunir o máximo de informação para fazer a melhor escolha.
O que significa amortizar?
Amortizar crédito significa pagar uma parte ou a totalidade do montante que tem em dívida a uma instituição de crédito. A amortização pode ser parcial ou total, consoante o que reste do empréstimo depois dela. Se pagar apenas uma parte do valor em dívida, trata-se de uma amortização parcial, mas se pagar tudo, estamos a falar de uma amortização total, que vai deixar o seu orçamento livre do empréstimo.
Ao amortizar uma dívida, o que acontece é que se reduz o valor do empréstimo (na medida do capital amortizado), mas não só. O valor dos juros a pagar também desce, bem como a mensalidade.
É que a prestação que se paga à instituição de crédito tem duas componentes. Uma diz respeito à amortização do valor do empréstimo e outra aos juros cobrados, que têm mais peso na mensalidade, na fase inicial do empréstimo. Assim, quando há uma amortização, diminui-se o capital em dívida e os juros sobre o mesmo. Na fase inicial, isto pode fazer alguma diferença.
Quando posso amortizar o crédito à habitação?
A amortização pode ser feita a qualquer momento, desde que se avise a instituição de crédito previamente. Além disso, a data do reembolso deverá coincidir com a do pagamento de uma prestação. Assim, se pretender, de facto, amortizar o seu crédito, deverá informar o banco do que vai e quando vai fazer. Se a amortização for parcial, a instituição deve ser avisada com sete dias de antecedência. No caso de ser total, o aviso deve ser feito, pelo menos, dez dias úteis antes da data.
Por sua vez, cabe à instituição de crédito informar o cliente sobre o valor que vai passar a pagar, depois da amortização, no caso de se tratar de uma amortização parcial.
Posso optar por reduzir o prazo do empréstimo em vez do valor da prestação?
Quando se faz uma amortização, o que muda, à partida, é o valor da prestação a pagar. Atualmente, se o objetivo do cliente é encurtar o prazo do empréstimo, as instituições de crédito falam em renegociação e não em amortização. Apenas será possível fazê-lo quando exista um acordo nesse sentido, entre o cliente e a instituição de crédito.
A amortização tem custos?
Quando se amortiza uma dívida, há lugar ao pagamento de uma comissão de reembolso, a menos que haja alguma cláusula acordada que implique a isenção.
Esta comissão tem limites definidos por lei, que variam consoante o tipo de taxa de juro associada a cada empréstimo. Créditos com taxa variável pagam até 0,5% do capital a amortizar. No caso de a taxa de juro ser fixa, o limite vai até aos 2%.
Atenção: podem existir outro tipo de custos, mas estes são adicionais e variam de instituição para instituição.
Como saber se vale mesmo a pena amortizar?
Para decidir se vale a pena amortizar, o melhor é mesmo fazer as contas e pedir simulações, uma vez que há vários fatores envolvido.
Deverá tentar perceber, ao certo, quando vai ser a descida no valor da prestação e se compensa o montante de poupança mensal, ou se, pelo contrário, poderá ser mais vantajoso esperar para fazer uma amortização maior. A resposta não é linear e varia consoante os casos.
De qualquer modo, se optar por amortizar o seu crédito à habitação, o que vai acontecer é que vai reduzir o seu nível de endividamento e, consequentemente, a sua taxa de esforço, que diz respeito ao peso que a soma de todas as prestações tem no seu rendimento.
Também vai sentir uma folga orçamental quase imediata, dada a descida da prestação mensal que paga à sua instituição de crédito. Neste sentido, a amortização pode aumentar a sua capacidade de poupança e permitir um ajuste no orçamento.
Por outro lado, deverá ter sempre atenção ao pagamento das comissões, que devem entrar na equação. Quanto maior for o capital a amortizar, mais vai ter de pagar.
Finalmente, se ainda não tem ainda o seu fundo de emergência constituído, essa deverá ser, sem dúvida, a sua primeira preocupação.
Disclaimer: Todo o conteúdo tem apenas fins informativos e educacionais e não constitui qualquer recomendação ou aconselhamento financeiro. O leitor deverá sempre fazer as suas próprias análises e recolher diferentes tipos de informações antes de tomar qualquer decisão.