Se houve acontecimentos que nos fizeram parar para pensar no futuro, e em particular no futuro financeiro, o Covid-19 foi, certamente, um dos mais marcantes das últimas décadas. Das poupanças postas de parte a pensar na reforma aos próprios planos para o final da vida profissional, são várias as preocupações e atitudes que a pandemia veio influenciar, indica o Estudo Global de Investimento da Schroders, que inquiriu mais de 23 mil pessoas, em 32 territórios pelo mundo, incluindo Portugal.
A incerteza motivada pela pandemia motivou o reforço das poupanças e sublinhou a importância desta reserva para fazer face a imprevistos, pelo que o aumento das poupanças foi uma das tendências mais visíveis: 83% dos portugueses assume ter começado a poupar mais e o mesmo acontece com 84% dos europeus e 85% dos inqueridos a nível global.
Alterações decorrentes da pandemia: comecei a poupar mais
Boa parte dos que assume poupar mais está a fazê-lo com o sentido de ter uma maior “almofada” para a reforma. É este o caso de 67% destes portugueses, percentagem similar à obtida globalmente, mas 12 pontos percentuais mais elevada do que a revelada pela média dos europeus.
Para 61% dos portugueses (no ativo), o Covid-19 veio também alterar as perspetivas sobre a idade de reforma: em 22% dos casos, a pandemia constitui razão para pensarem que irão reformar-se mais cedo, enquanto para 39% significa que a idade de reformará deverá ter de ser adiada.
Na Europa e em termos globais, as percentagens médias dos que pensam agora reforma-se mais cedo são um pouco mais elevadas, de 30% e 32%, respetivamente. O inverso sucede entre os que consideram que terão de prolongar a vida profissional, ainda que a diferença seja menos dilatada: 37% dos europeus e 34% dos inquiridos a nível global consideram adiar os seus planos de reforma.
As poupanças que os inquiridos portugueses em idade ativa estão a constituir, a pensar no futuro e na reforma, rondam em média os 11,7% dos seus rendimentos correntes. Este valor fica aquém das percentagens relevadas pelos europeus (12,4%) e pelo total de inquiridos (14,2%).
Estes 11,7% de poupanças dos portugueses são consideradas, por eles mesmos, insuficientes face ao que lhes parece necessário para assegurarem uma vida confortável durante a reforma: para isso teriam de poupar em média 12,3% dos seus rendimentos anuais, mais 0,6 pontos percentuais (do que os 11,7%). Refira-se que, neste caso, os portugueses são uma exceção, já que tanto os inquiridos europeus como a média global de respostas revelam que, em média, as poupanças atuais ultrapassam o montante que consideram essencial a uma vida desafogada durante a reforma.
Reformados mais retraídos em gastar as suas poupanças
76% dos portugueses já aposentados passou a ter maior reserva em gastar as suas poupanças. Esta percentagem indica que os reformados portugueses estão mais apreensivos ou cautelosos do que a média dos europeus (50%) e do que a média global (58%) em gastar o que colocaram de parte para este período.
Se soubesse que vinha aí uma pandemia, 31% dos reformados portugueses assume que se teria aposentado mais cedo, bastante mais do que os 20% e 21% inquiridos a nível europeu e global. Ainda assim, para a maioria, esta informação não teria feito alterado a idade de reforma: 64% dos portugueses, 63% dos europeus e 62% do total de participantes ter-se-iam reformado exatamente na mesma altura em que o fizeram.
Questionados sobre se gostariam de ter poupado mais para a reforma, a maioria dos portugueses (84%) assume que sim. Deste total, 35% considera que deveria ter poupado “muito mais” e os restantes 49% “um pouco mais”. A tendência não é muito diferente quando se olham as médias europeia e global, com 31% e 37%, respetivamente, a assumir que gostariam de ter poupado “muito mais” e 44% e 41% que deveriam ter poupado “um pouco mais”.
Qualquer que seja a região, as respostas da grande maioria dos reformados não deixam margem para dúvida e são um importante alerta para os mais novos sobre a importância de começar a poupar e investir desde cedo.