Reunido em Frankfurt, o Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) anunciou hoje, dia 18 de julho, que as taxas de juro diretoras da Zona Euro vão manter-se inalteradas, depois de um primeiro corte em junho. Saiba o que levou o Banco Central a adiar novas descidas.
Depois de um primeiro corte, em junho, o BCE acaba de confirmar que as taxas de juro diretoras da Zona Euro vão manter-se inalteradas. Com esta decisão, a taxa de juro das operações principais de refinanciamento permanece em 4,25%, a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez em 4,50% e a taxa de facilidade permanente de depósito em 3,75%.
“A política monetária está a manter as condições de financiamento restritivas. Ao mesmo tempo, as pressões internas sobre os preços continuam a ser altas e a inflação dos preços dos serviços é elevada, sendo provável que a inflação global permaneça acima do objetivo ainda durante grande parte do próximo ano“, refere o comunicado do BCE, divulgado hoje. A presidente da instituição, Christine Lagarde, vai apresentar esta tarde um contexto mais detalhado para a decisão do Banco Central.
O objetivo do BCE é alcançar e manter uma inflação na Zona Euro de 2%. Os atuais indicadores dão alguma confiança sobre este meta para o próximo ano, mas permanece alguma incerteza sobre a inversão do crescimento dos preços e dos salários.
De recordar que o BCE deu início, em 2022, a um ciclo de subidas austeras, para níveis muito restritivos, das taxas de juro diretoras. As decisões foram tomadas para fazer frente à subida acelerada da inflação na Zona Euro e tiveram como resultado, entre outras consequências, o aumento pesado das prestações do crédito à habitação a taxa variável.
Depois do ciclo de subidas, em outubro de 2023 surgiu a primeira decisão do BCE de manter as taxas inalteradas (ainda que em níveis muito restritivos). No mês passado, a 6 de junho de 2024, foi anunciada a primeira descida, numa decisão histórica. Foi a primeira descida, em 8 anos, para duas das taxas diretoras.
Uma nova descida das taxas diretoras significaria mais um impulso ao recuo das taxas Euribor e à redução das prestações do crédito à habitação a taxa variável. Ao optar pela manutenção das taxas, sem alterações, o BCE trava esse impulso reforçado.
Próximas decisões
No Fórum anual do BCE, que se realizou em Sintra no início de julho, Christine Lagarde já tinha dado sinais de que as taxas de juro poderiam não voltar a descer nos próximos tempos.
A expetativa dos analistas é de que em setembro possam existir condições para novas subidas, depois da pausa de trabalhos em agosto. Ainda assim, à semelhança de comunicações anteriores, o BCE continua prudente em relação às próximas decisões na política monetária da Zona Euro. “O Conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica”, pode ler-se no comunicado.
No comunicado, o Banco Central reforça que “está determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%” e que, “para o efeito, manterá as taxas de juro diretoras suficientemente restritivas enquanto for necessário”. Mais uma vez, foi reforçado que o BCE segue “uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na definição do nível e da duração adequados da restritividade”.
Do outro lado do oceano, a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) tem tido uma abordagem ainda mais prudente. Até agora, a Fed tem optado por manter inalteradas as taxas diretoras dos Estados Unidos em níveis restritivos, sem descidas. A próxima reunião é a 31 de julho e as previsões da FedWatch Tool do grupo CME apontam para que os Estados Unidos continuem a manter as taxas de juro como estão.