De certeza que já ouviu falar no spread, a percentagem que diz respeito à margem de lucro dos bancos com os empréstimos. No fundo, é o valor que as instituições cobram pelo capital concedido aos clientes e entra no cálculo final das prestações a pagar, somando-se à Euribor. Quanto a esta, não há mesmo volta a dar – quem tem empréstimos terá de lidar com o seu aumento – mas o mesmo não se pode dizer do spread.
O spread varia de instituição para instituição e é definido de acordo com vários fatores: o risco que representa para o banco, enquanto cliente, e as garantias adicionais são apenas dois deles. Além disso, é a variável do empréstimo que pode sempre ser (re)negociada com o banco!
Neste artigo, explicamos-lhe o que deve ter em atenção para conseguir um spread mais baixo para o seu crédito à habitação.
Lembre-se de que menos é mais…
Se está a pensar em contrair um crédito à habitação, precisa de saber que quanto menos dinheiro pedir ao banco, melhores serão as suas condições, nomeadamente o spread. Assim, deverá ter de parte, pelo menos, o equivalente a 10% da entrada da casa.
Sabe qual é a sua taxa de esforço?
Para quem nunca ouviu falar da taxa de esforço, ela corresponde ao peso que a soma das prestações dos créditos tem no rendimento pessoal e/ou do agregado familiar. O recomendado é que esta taxa ronde valores entre os 30% e 35%, mas que nunca ultrapasse os 40%. A partir desse valor, há um elevado risco associado para o banco, pois qualquer alteração no seu rendimento poderá comprometer o pagamento das prestações.
Como está a sua situação profissional?
Quem tem contratos e está efetivo, consegue, geralmente, ter acesso a melhores condições bancárias do que, por exemplo, um freelancer. Isto não se aplica sempre, mas do ponto de vista das instituições, uma situação profissional estável é sinónimo de menor risco e fica mais fácil conseguir um spread mais baixo.
Atenção à venda cruzada de produtos (foque-se no que realmente importa)!
O Cross Selling é uma estratégia muito popular entre os bancos, que apresentam aos clientes, além das condições do empréstimo, um conjunto de produtos que vão colocá-los numa situação mais vantajosa. Quanto mais produtos daquele banco adquirir, melhores condições de empréstimo terá. Tanto é, que, normalmente, não é possível ter acesso à taxa de spread mínima oferecida pelo banco sem adquirir outros produtos – um cartão de crédito, um PPR, etc…
De qualquer forma, antes de contrair um crédito à habitação, mais do que olhar para o spread, tem de olhar sempre para a TAEG (Taxa Anual Efetiva Global), pois é esta que reflete a totalidade de custos envolvidos no empréstimo. É assim que pode chegar à melhor proposta. Neste sentido, não é estranho que um banco com maior spread tenha uma TAEG inferior.
Olhe para os imóveis do banco…
Quem compra imóveis do banco (resgatados por este porque houve incumprimento de crédito) tem acesso, normalmente, a um conjunto de condições mais favoráveis. Esta é então uma das formas de conseguir um spread mais baixo. Antes de decidir qual o imóvel perfeito para si, pode valer a pena olhar para os dos bancos!
Vá a vários bancos!
Ter mais do que uma proposta em cima da mesa é sempre vantajoso para negociar com os bancos. Antes de contrair o seu empréstimo, certifique-se de que tentou encontrar a melhor proposta para si, com as condições mais vantajosas.
Se não estiver satisfeito, mudar de banco é sempre uma possibilidade…
É verdade! Ao contrário do que algumas pessoas pensam, o crédito à habitação pode ser transferido entre bancos, as vezes que quiser! Para tal, basta que a sua instituição não lhe esteja a oferecer as melhores condições e que encontre alguma mais competitiva. Claro que há custos de transferência associados, mas mesmo estes podem ser suportados pelos bancos, em alguns casos.
Muito cuidado com as garantias adicionais…
Quando contratamos um crédito à habitação, é a casa que vamos comprar que é dada como colateral, como garantia. Isto significa que, em caso de incumprimento, o banco ficará com ela. Neste sentido, o que pode acontecer é que haja bancos que dão melhores spreads a quem oferece garantias adicionais – como fiadores e outros imóveis.
Mas atenção! É preciso ter muito cuidado com as garantias adicionais. Se está a pensar em comprar casa e precisa de recorrer a crédito, certifique-se de que reúne todas as condições e capacidades para responder a esta dívida. É apenas nessa situação que deverá avançar.