
A forma como os investidores alocam os seus investidos pelas várias geografias revela muito sobre cada país, desde as preferências e a história, até ao desempenho dos mercados locais e a influência de fatores culturais. Os dados do estudo da Goldman Sachs evidenciam divergências nos comportamentos dos investidores nas diferentes regiões. Nos Estados Unidos, por exemplo, verifica-se uma forte preferência pelo mercado doméstico, um fenómeno conhecido como home bias, que descreve a tendência dos investidores para concentrarem os seus investimentos no próprio país. Cerca de 78% do portefólio acionista dos investidores americanos permanece em ações nacionais, apoiado pelo peso das grandes empresas dos EUA nos índices globais e pelo histórico de valorização do S&P 500. No Japão observa-se um padrão semelhante, tanto nas ações como nas obrigações, onde a alocação doméstica continua a dominar de forma clara.
Mas a realidade muda completamente quando olhamos para países mais pequenos. Os investidores da Noruega têm apenas 12% das ações no mercado local, mas 48% investidos em ações dos EUA. No Canadá, o padrão é muito parecido. Esta dependência de mercados externos deve-se, em grande parte, à dimensão reduzida das bolsas domésticas e ao apelo do mercado americano, considerado mais diversificado, líquido e tecnologicamente dominante. O Reino Unido também apresenta uma forte orientação para o investimento externo, apenas 19% das ações em carteiras britânicas são nacionais, uma tendência influenciada pelos anos de fraca performance do índice britânico, o FTSE 100, e pelos efeitos prolongados do Brexit.
Nas obrigações, a história repete-se. A maioria dos países mantém uma preferência forte por dívida local, algo visível na Europa, onde 69% das obrigações detidas por investidores são domésticas. Já a Suíça destaca-se pela maior aposta em dívida norte-americana, colocando 33% do seu portefólio obrigacionista em títulos dos EUA, beneficiando dos juros mais elevados oferecidos pela dívida americana quando comparados com as taxas de juro extremamente baixas praticadas na Suíça, atualmente próximas de 0%. Por oposição, países como a Austrália e a Dinamarca mantêm uma exposição muito reduzida a obrigações americanas, preferindo a segurança dos seus próprios mercados.
Os dados revelam um padrão consistente, muitos investidores mantêm uma concentração considerável no mercado doméstico, não por ser a alocação estratégica que melhor se enquadra no seu perfil de investimento, mas por familiaridade. A diversificação internacional continua a ser essencial porque reduz riscos, atenua períodos de mau desempenho numa região específica e permite captar oportunidades que surgem noutros mercados. Num mundo em que os EUA representam cerca de 65% dos índices acionistas globais mas onde outras geografias também oferecem valor, a diversificação por vários mercados permanece uma das boas práticas na construção do portefólio de investimento a longo prazo.
