Na gestão da vida financeira em casal, há um dilema comum que se coloca: é melhor ter contas conjuntas ou separadas? Saiba tudo sobre as vantagens e desvantagens de unir as finanças do casal numa única conta bancária.
O dinheiro é, frequentemente, uma fonte de ansiedade e conflitos para um casal – e uma das causas mais comuns de divórcio. Aliás, 64% dos consumidores em casal admitem incompatibilidade financeira com os seus parceiros, segundo um estudo norte-americano da empresa Bread Financial.
Perante os diversos desafios na gestão das finanças pessoais, muitos casais hesitam na melhor opção a tomar para o bem-estar financeiro da relação: é melhor ter contas conjuntas ou separadas?
As gerações mais novas têm privilegiado uma abordagem separada das finanças. Esta foi a conclusão de um outro estudo norte-americano da Bankrate, que indica que 43% da Geração Z e 31% dos Millennials preferem manter as contas bancárias separadas. A separação de contas é menos comum noutras gerações, com esta opção a ser a preferência de apenas 19% da Geração X e 18% dos Baby Boomers.
Apesar destas diferenças entre gerações, a verdade é que não há uma resposta certa sobre a gestão das contas bancárias em casal. Todas as opções – contas conjuntas, separadas e até soluções mistas – podem fazer sentido na gestão a dois do dinheiro. Desde que faça sentido para o contexto do casal e para a forma como cada uma das pessoas aborda as finanças pessoais.
Contas conjuntas ou separadas: prós e contras
Não existindo uma resposta certa para todos os casos, cabe a cada casal analisar qual a melhor abordagem para a gestão das contas bancárias e finanças, pesando as vantagens e desvantagens de cada opção.
Contas conjuntas
As contas conjuntas facilitam uma gestão partilhada de finanças, uma vez que a gestão de despesas, dívidas e receitas comuns ao casal está centrada em contas de que os dois são titulares. Além disso, evitam a burocracia e as despesas (no caso de comissões bancárias) de manter uma conta bancária para cada membro do casal.
Há também uma relação entre contas conjuntas e casais felizes. Esta foi uma das conclusões de um estudo do Journal of Consumer Research, que indica que casais com contas conjuntas apresentam uma maior qualidade da relação. Embora não seja claro, ainda assim, se são as contas conjuntas o motivo de maior harmonia conjugal ou se casais mais felizes tendem a optar por contas conjuntas.
A opção pelas contas conjuntas pode, no entanto, limitar a independência, autonomia e privacidade financeira de cada um dos membros do casal. E, perante perfis muito diferentes (rendimentos muito díspares; ou um ser mais poupado e outro mais gastador, por exemplo), uma única conta conjunta pode também ser fonte de conflitos e sentimentos de injustiça.
Ter uma conta conjunta pode trazer outros riscos. Em caso de divórcio litigioso, por exemplo, há o risco de perturbações no acesso ao dinheiro comum. Por outro lado, caso a conta entre em descoberto não autorizado por má gestão de um dos membros do casal, há risco de ambos os titulares ficarem na “Lista Negra” do Banco de Portugal (o que dificultará o acesso a crédito, por exemplo).
Contas separadas
A opção por contas separadas – ou seja, cada membro do casal tem a sua conta e gerem de forma independente as despesas e necessidades financeiras – resolve alguns destes riscos, mas tem outras desvantagens.
Pela positiva, ter contas separadas permite ao casal manter a autonomia e a privacidade financeiras, com historiais bancários distintos. É uma forma de evitar possíveis surpresas negativas quando o dinheiro numa conta conjunta é usado indevidamente e de não arcar com as consequências das decisões financeiras do outro.
As contas separadas possibilitam também uma gestão diferenciada das finanças, em função do rendimento de cada um. Ou seja, as despesas podem não ser pagas “por igual”, dependendo do acordo entre o casal, e ser criada uma divisão em função de quem ganha mais e quem ganha menos.
Do lado das desvantagens, manter contas separadas exige maior planeamento e burocracia na gestão das finanças em casal. A falta de controlo comum dificulta rastrear se as despesas e dívidas estão efetivamente a ser pagas. É também mais difícil haver um incentivo a objetivos financeiros e poupanças comuns. E, perante um caso de urgência, tenha em mente que não será possível aceder à conta do outro membro do casal.
A terceira alternativa: uma solução mista
Um casal não tem, forçosamente, de escolher apenas entre contas conjuntas ou contas separadas. A meio caminho, existe também a opção de optarem por uma solução mista.
Numa solução mista, o casal mantém duas contas separadas, mas também uma outra conta conjunta. Esta conta conjunta pode ser usada para pagar despesas, para poupança, para um objetivo comum (como férias) ou para investimentos, entre muitas possibilidades.
Neste tipo de abordagem, é possível manter alguma independência e privacidade financeiras de cada membro do casal, diminuindo alguns dos riscos de falta de autonomia, mas também ter uma frente comum, na qual podem ser geridas despesas de ambos e contributos para os mesmos objetivos.
Do lado das desvantagens, o casal poderá ter aqui alguns desafios de gestão e burocracia em organizar as finanças divididas entre as contas separadas e a conta conjunta. É preciso, por isso, ter regras claras e um controlo persistente das finanças em casal, de forma a facilitar o rastreamento do orçamento e saber, exatamente, o ponto de situação de despesas, poupanças e investimentos.
Dadas as características win-win deste tipo de soluções, acabam por ser vistas como as mais equilibradas e são a escolha de muitos casais na gestão da sua vida financeira.
Ainda assim, tenha sempre em conta as suas próprias necessidades e as da sua cara-metade no momento de decidir qual a melhor forma de gerir as finanças em casal e que tipo de contas devem manter: conjuntas, separadas ou uma solução mista. Conversem abertamente, em casal, sobre as várias opções, pesem na balança prós e contras e decidam pela estratégia que faz mais sentido para a vossa realidade. Até porque a solução que não funciona para um casal pode ser perfeita para outro.