148 anos de dados demostram que as oscilações de curto prazo na bolsa de valores são muito arriscadas. Investimentos a longo prazo, nem tanto.
Depois das recentes quedas de mercado, seria perdoado caso considerasse a bolsa de valores intimidante. E, em certa medida, seria justificado. Afinal, no curto prazo, a bolsa de valores é de facto propensa a oscilações violentas, em ambas as direções. Mas quanto mais tempo se investe, mais estreita é a gama de resultados e menor é o risco de perder dinheiro.
Ao olharmos, por exemplo, para os dados do índice bolsista dos EUA, o S&P 500, ao longo dos últimos 148 anos, percebemos que se tivesse investido durante um mês, teria perdido dinheiro em aproximadamente 40% do tempo, em termos corrigidos da inflação, ou seja, em 704 dos 1.790 meses que integraram a nossa análise.
Contudo, se tivesse investido durante mais tempo, as probabilidades mudariam drasticamente a seu favor. Num ano, teria perdido dinheiro em mais de 30% do seu tempo. É importante notar que 12 meses são, assumidamente, um período de curto prazo quando falamos da bolsa de valores. Tem de se investir por mais tempo. Quando fazemos o mesmo exercício para umhorizonte de cinco anos, o número cai para 20% e para 10% quando projetado a 10 anos. Aos 20 anos, a perda é praticamente insignificante – dos 1.551 meses analisados entre janeiro de 1871 e março de 2020, houve apenas um período em que as ações perderam dinheiro em termos de inflação ajustada (julho de 1901 a junho de 1921, quando o retorno real foi de -0,2% ao ano).
Quando se fala de investimento, a perda de dinheiro a longo prazo nunca pode ser totalmente excluída, e será sempre um episódio doloroso caso aconteça, muito embora a sua ocorrência seja muito rara.
A mensagem a reter é simples. As oscilações de curto prazo na bolsa de valores são muito arriscadas, investimentos a longo prazo nem tanto.