De acordo com o Global Investor Study da Schroders, quase um quarto (23%) dos investidores portugueses está preocupado por não poupar o suficiente para as suas reformas. Esta percentagem está alinhada com os resultados globais, uma vez que, 24% dos investidores partilha o mesmo receio.
O estudo inquiriu mais de 25.000 investidores de 32 países do mundo e revela que, globalmente, um terço dos baby-boomers (34%) encontra-se apreensivo relativamente à quantia que está a poupar, uma percentagem superior quando comparada a apenas 20% dos millennials.

Fonte: Schroders, dados globais
Apesar destes receios, a população global espera conseguir retirar, em média, 10,3% das poupanças de reforma todos os anos sem ficar descapitalizada. Isto revela um desalinhamento entre as provisões reservadas pelos indivíduos e aquilo que eles prevêem despender durante a reforma. Este desalinhamento é ainda maior em Portugal, devido ao facto de os investidores prenderem retirar 10,7% das suas poupanças de reforma todos os anos e não ficarem descapitalizados.
Estas conclusões indicam que existe um desalinhamento significativo entre a confiança das pessoas face às suas poupanças e o montante que esperam conseguir retirar quando se reformarem. Esta discrepância é preocupante e indica que a sociedade global não é realista face ao estilo de vida que pretende adotar ao longo das suas reformas. As pessoas vivem cada vez mais tempo na reforma e devem ser capazes de desfrutar da vida depois de terminarem a carreira, com a segurança de que as poupanças serão suficientes para as sustentar. É imperativo que as pessoas comecem a poupar de forma consistente tão cedo quanto possível, durante a carreira até à reforma, mas também que reflitam sobre o nível de rendimento que irão conseguir manter ao longo da reforma.
O estudo demonstra que, globalmente, as pessoas estão a poupar montantes adequados. Os cidadãos norte-americanos são quem poupa menos (14,5%) e de seguida os Europeus (14,5%). Por sua vez, os investidores da Ásia são os que, em média, poupam mais, na ordem dos 15,9%.
Dos países europeus, Portugal encontra-se em consonância com os resultados globais, uma vez que a população poupa cerca de 15,3% do seu rendimento atual (incluindo as contribuições dos empregadores) para a reforma. Por sua vez, a população Russa é a que menos poupa (11,1%), seguindo-se a população Espanhola (11,2%). Por outro lado, a população Austríaca e Suíça poupa 21,6% e 21,3% respetivamente.
Apesar de estarem longe da reforma, os millennials a nível global estão a poupar a maior proporção dos seus rendimentos anuais (15,9%) quando comparados à Geração X, Baby-Boomers, e à Geração Silenciosa (14,7%, 13,7% e 13,1% respetivamente). Isto também se aplica a Portugal, uma vez que os millennials (17,1%) estão a poupar muito mais do que os indivíduos que não fazem parte dessa geração (11,8%).

Fonte: Schroders, dados globais
É encorajador verificar que, a nível global, a maior parte das pessoas ativas no mercado de trabalho (94% a nível global, 96% em Portugal) entende que há fatores que podem levá-las a poupar mais para a reforma. Um terço (34% a nível global e 33% em Portugal) afirma que o facto de existir mais informação sobre o montante que necessitam de poupar para terem o estilo de vida que pretendem durante a reforma as pode persuadi-las a poupar mais.
O que podemos fazer para poupar mais dinheiro para a reforma?
É importante ter em mente que a carreira e o rendimento salarial poderá variar. Aliado a isto, há também a incerteza acrescida quanto ao futuro das pensões providenciadas pelo Estado. Aquilo que hoje é suficiente poupar, pode não o ser no futuro. O mais importante é contribuírem o mais que puderem o mais cedo possível.
Começar a rentabilizar o dinheiro mais cedo proporciona mais tempo para que as poupanças aumentem. Para além disso, pode significar menos confusão na reta final da carreira caso seja necessário compensar falhas. A tabela abaixo ilustra de que modo, começando a poupar mais cedo, podem conseguir-se poupanças no valor de 100.000 dólares para a reforma a partir de apenas 109 dólares por mês.

Fonte: Schroders, dados globais
Os dados utilizados para o cálculo das poupanças são genéricos, funcionam em qualquer moeda, mas neste exemplo foram utilizados dólares norte-americanos.
Os cálculos da Schroders demonstram que, se se começar a poupar aos 25 anos, ter-se-á de poupar 109 dólares por mês para conseguir o total de 100.000 dólares até aos 65 anos. Se se começar a poupar aos 45 anos, será necessário poupar mais do dobro (225 dólares). O montante total de contribuições também é superior quanto mais tarde se começar a poupança. Deste modo, as pessoas que começam a poupar aos 45 anos podem acabar por contribuir com um total de 67.564 dólares para chegar a uma poupança de 100.000 dólares quando tiverem 65 anos, chegando a quase 30% mais do que quem começa a poupar aos 25 anos.
O “milagre da acumulação”
Ao começar a poupar mais cedo, será possível beneficiar mais deste “milagre” ou como Einstein lhe chamava, “a oitava maravilha do mundo”. A acumulação permite obter um retorno não só relativo às poupanças originais, mas também sobre os juros acumulados ou retornos ganhos sobre as poupanças passadas. Este é o motivo pelo qual o total das contribuições deverá ser inferior quanto mais cedo começar a poupar. Embora haja, obviamente, outros fatores a considerar. Os retornos não são, de forma alguma, garantidos e as carreiras podem variar consoante o passar do tempo. A vida raramente decorre exatamente conforme o planeado. Porém, ao poupar poderá preparar-se melhor o percurso até à reforma