O ano de 2020 está a chegar ao fim e começamos a fazer a nossa lista de desejos para o próximo ano. Se a sua lista inclui iniciar-se no mundo do investimento, aconselhamo-lo a seguir os seguintes passos:
1. Decide quando pode investir
O primeiro passo é analisar cuidadosamente o seu panorama financeiro geral e calcular quanto pode permitir-se investir. Para isso, primeiro deve saber se tem faturas para liquidar; nesse caso, antes de investir, é recomendável que liquide as ditas faturas. Além de comprovar que a sua economia está saneada, também deveria reservar uma quantidade de dinheiro para imprevistos e depositá-lo numa conta poupança acessível. Não há uma quantidade definida, mas a maioria dos consultores financeiros calculam um mínimo de três meses de salário.
2. Decida quanto risco quer assumir e durante quanto tempo irá manter o seu investimento
Estes dois fatores estão associados, já que quanto mais tempo estiver investido, mais se diversificará o risco que pode assumir. Neste sentido, as ações são uma boa opção para o longo prazo. Não obstante, se necessita alcançar os objetivos financeiros num prazo de cinco anos, o mais recomendável é configurar a sua carteira com ativos como as obrigações soberanas, já que são mais seguros que as ações.
Além disso, a volatilidade costuma variar dependendo do ativo em que invistir. E isto é importante ter em conta, já que se corre o risco de não recuperar o montante originalmente investido. Para isso, existem ferramentas online que ajudam a fazer uma estimativa do risco do investimento.
Como já saberá, quanto maior é a rentabilidade potencial maior será o risco que deve assumir. Segundo o nosso último Estudo de Investidores Globais, os portugueses aspiram a obter uma rentabilidade anual de 8,5% durante os próximos 5 anos mantendo em média os seus investimentos durante 1,75 anos. Na nossa opinião, são expectativas pouco realistas. Um consultor financeiro saberá guiá-lo e aconselhá-lo sobre o que esperar em função do perfil de risco dos seus investimentos, e definir qual é o limite de risco que pode assumir para dormir tranquilo.
3. Escolha como e no que vai investir
Os fundos de investimento oferecem uma maneira fácil de diversificar para muitos investidores principiantes. Estes fundos são geridos por peritos, cujo objetivos é obter rentabilidades atrativas para os investidores.
Neste sentido, pode-se eleger um fundo misto que ofereça uma diversificação imediata entre ações, obrigações soberanas e ativos imobiliários ou, por exemplo, eleger três fundos diferentes, cada um especializado numa classe de ativos.
Alguns fundos de rendimento variável são bastante defensivos – têm ações “seguras” que protegem contra a volatilidade do mercado – ao passo que outros são mais arriscados, centrando-se em setores de alto crescimento e mercados que envolvem mais risco.
Existem diversas estratégias para os fundos de investimento. Alguns fundos de rendimento variável baseiam-se na rentabilidade procedente dos dividendos e outros no crescimento do capital das empresas nas quais investem. Também há fundos que se centram em regiões geográficas – como os mercados emergentes, de maior risco, ou em ações menos arriscadas de mercados desenvolvidos.
Contudo, é certo que investir em ações de empresas individuais é potencialmente vantajoso, mas também bastante arriscado. Pode-se investir por conta própria; ou seja, fazer uma análise das empresas em que queira investir. Se não se dispõe dos conhecimentos suficientes, sempre é recomendável recorrer a um consultor financeiro ou contratar os serviços de um roboadvisor. É importante que a forma como decide investir esteja estreitamente relacionada com o seu perfil de risco e com os seus objetivos financeiros.
4. Faça o acompanhamento dos seus investimentos (mas não diariamentra)
Geralmente, aconselha-se os investidores principiantes a que não operem com demasiada frequência, ou seja, que decidam onde querem investir e mantenham o investimento. Mas deve-se supervisar sempre a carteira, já que às vezes pode ser necessário fazer alguns ajustes, por exemplo, porque pode haver mudanças geopolíticas e económicas que condicionem as posições.
No caso de querer efectuar um investimento a longo prazo (10-15 anos), o mais recomendável é fazer contribuições regulares todos os meses. Desta forma, diversifica-se o risco e as quedas pontuais de mercado não têm de significar o fim do mundo. Un exemplo deste tipo de investimento são os complementos para a reforma. A este respeito queremos sublinhar que, segundo revela a terceira parte do Estudo de Investidores Globais, mais de metade dos investidores portugueses (54%) crê que a pensão do Estado não será suficiente para manter o seu nível de vida durante a reforma. Isto põe em destaque a necessidade de complementar a reforma com outros recursos de poupança e investimento. No entanto, a maioria dos investidores portugueses só reserva entre 9% e 10% dos seus rendimentos para a sua reforma, o que provavelmente é insuficiente para compensar a pensão estatal.
Por último, à medida que vá passando o tempo ou se vá aproximando o objetivo de investimento, o mais recomendável é ir mudando o investimento dos fundos de ativos mais arriscados para outros mais estáveis.