O Banco Central Europeu (BCE) avança para novo corte das taxas de juro diretoras da Zona Euro. A redução de 25 pontos base (0,25%) leva as taxas para o valor mais baixo dos últimos dois anos.
Era a decisão esperada pelos analistas e o Conselho do BCE confirma, esta quinta-feira, que as taxas de juro diretoras da Zona Euro voltam a descer, com efeitos a partir de 12 de março de 2025.
- Taxa de facilidade permanente de depósitos: passa de 2,75% para 2,50%.
- Taxa de juro das operações principais de refinanciamento: passa de 2,90% para 2,65%.
- Taxa de facilidade permanente de cedência da liquidez: passa de 3,15% para 2,90%.
No comunicado divulgado ao início da tarde, a instituição explica que “em particular, a decisão de reduzir a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito – a taxa através da qual o Conselho do BCE define a orientação da política monetária – baseia-se na avaliação atualizada do Conselho do BCE das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”.
É a segunda vez que o BCE decide cortar as taxas em 2025, sendo esta a quinta descida consecutiva avançada pelo Banco Central (e o sexto corte desde que o ciclo de alívio das taxas de juro diretoras começou, em junho de 2024).
Mais crédito, menos rentabilidade nas poupanças
As taxas de juro diretoras influenciam o custo do dinheiro na Zona Euro, servindo como referência para os juros praticados pelos bancos comerciais na concessão de empréstimos e depósitos.
O que muda para as famílias? Quando as taxas de juro diminuem, há uma tendência para melhores condições nos novos créditos e alívio das prestações de empréstimos a taxa variável.
Por outro lado, isto significa também que certos produtos de poupança e investimento podem tornar-se menos vantajosos, nos casos em que a remuneração está ligada a taxas de juro de referência (por exemplo: nos depósitos a prazo e certificados de aforro).
Inflação e previsões económicas
O ciclo de descidas das taxas iniciado em 2024 pelo BCE teve por base os dados do abrandamento da inflação. De recordar que, em 2022 e 2023, a instituição levou a cabo uma política de subidas restritivas das taxas de juro para fazer frente à aceleração acentuada da inflação na Zona Euro. Depois disso, a taxa de inflação abrandou e as taxas de juro têm sido reduzidas gradualmente.
Nos últimos meses a inflação têm dados alguns sinais de persistência, mantendo-se acima da meta de 2% definida pelo BCE. As estimativas rápidas de fevereiro indicam uma taxa de inflação homóloga de 2,4% na Zona Euro, numa ligeira desaceleração face aos 2,5% de janeiro.
Ainda assim, o BCE considera que “o processo desinflacionista está bem encaminhado”, adiantando que os especialistas “projetam agora que a inflação global se situe, em média, em 2,3% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,0% em 2027”. Houve uma revisão em alta da inflação global para 2025, justificada pela “dinâmica mais forte dos preços dos produtos energéticos”.
No contexto atual, no entanto, há outras preocupações para o BCE e para o bloco europeu. A Comissão Europeia prevê um abrandamento económico do bloco europeu em 2025, em função do impacto da guerra na Ucrânia e da ameaça das tarifas norte-americanas.
Uma redução das taxas de juro permite dar maior estímulo à economia e gerir as preocupações de abrandamento, uma vez que se incentiva mais crédito e consumo.
A trajetória europeia continua a ser distinta dos Estados Unidos. Em janeiro, a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) tinha optado pela manutenção das taxas de juro norte-americanas (enquanto a Europa avançava no primeiro corte de 2025).
A próxima decisão da Fed é no final deste mês, mas as expetativas dos analistas apontam para que as taxas se mantenham inalteradas, até pela pressão da inflação nos Estados Unidos.
Quanto a próximas decisões do BCE para as taxas de juro, a postura da instituição é semelhante à dos meses anteriores: “o Conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica”, lê-se no comunicado, que acrescenta que “as decisões do Conselho do BCE sobre as taxas de juro basear‑se‑ão na sua avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”.