Quanto mais cedo, melhor. Esta regra aplica-se a várias frentes da sua vida – e preparar a reforma não é exceção, mesmo que lhe pareça um futuro distante. Terá dinheiro suficiente quando parar de trabalhar? Descubra cinco estratégias que o vão ajudar.
“Ainda falta tanto tempo para a minha reforma… nem vale a pena preocupar-me já”. Provavelmente já ouviu alguém a dizer isto – e talvez até já o tenha dito a si próprio.
Adiar o inevitável é algo comum – sobretudo quando ainda tem pela frente décadas até poder parar de trabalhar –, mas é também um dos principais erros em termos de finanças pessoais. Sabe porquê?
- Porque está a ignorar uma necessidade.
Na reforma, não poderá contar com os seus rendimentos do trabalho para garantir as suas despesas e qualidade de vida. Se não acautelar agora as necessidades do seu “eu” do futuro, como conseguirá fazê-lo nessa altura?
- Porque as pensões vão entrar em declínio – e não vão chegar para manter o padrão do seu nível de vida.
Segundo as previsões da Comissão Europeia, no “Ageing Report 2024”, quem se reformar em 2050 apenas poderá contar com uma pensão equivalente a 38,5% do seu último salário. Para estar acima deste patamar, terá de contar consigo próprio – e com o complemento de reforma que terá preparado antecipadamente.
- Porque está a deixar passar uma oportunidade de ouro.
Quanto mais cedo começar a preparar a reforma, menor o impacto deste esforço e melhores as perspetivas de se aposentar com um património suficiente para uma vida digna e tranquila. Ou seja, é mais fácil e realista (e mais atrativo) aplicar desde cedo pequenos reforços regulares para a sua reforma – que vão rentabilizar no longo prazo – do que esperar pelas vésperas da reforma para tentar pôr de lado uma quantia suficiente para servir os anos da reforma.
Preparar a reforma com tempo é, por estes motivos, essencial. Mas como o pode começar a fazer desde já? Siga as estratégias que partilhamos consigo.
Começar a preparar a reforma em 5 estratégias
1. Faça uma estimativa de quanto dinheiro irá precisar na sua reforma
Comece por estabelecer um objetivo anual para a sua reforma. Para chegar a um valor, pense no estilo de vida que pretende ter e tenha por base o valor das suas despesas atuais ( ajustadas com alguma margem, tendo em conta que algumas despesas tendem a agravar com a idade – ex: despesas de saúde).
Depois, consulte o simulador de pensões da Segurança Social e as projeções de evolução das pensões (como as da Comissão Europeia, atualizadas anualmente nos Ageing Reports).
A diferença prevista entre o seu objetivo e a pensão a que terá direito é o que terá de começar a preparar como complemento de reforma.
Para saber mais: De quanto dinheiro vai precisar na reforma?
2. Trace a sua estratégia para atingir o seu objetivo de complemento de reforma
Já estimou um objetivo, agora é o momento de preparar uma estratégia realista para o alcançar, ao longo do tempo. Para essa estratégia, terá de pensar quanto dinheiro conseguirá alocar ao complemento de reforma, com que regularidade e de que forma o vai aplicar (para que o possa rentabilizar em vez de o deixar parado a perder valor).
Tenha em conta os anos que tem pela frente até à reforma, o seu perfil de investidor, os rendimentos disponíveis e outros objetivos que terá de gerir, em simultâneo (ex: fundo de emergência, poupança para compra de casa, poupança para os filhos, etc).
Não há uma estratégia única, válida para todos os casos. Ou seja, cada pessoa terá uma estratégia pessoal, que fará sentido para o seu perfil e objetivos.
3. Organize as suas finanças pessoais
Para ser bem-sucedido nos seus objetivos financeiros (preparar a reforma e não só…) é fundamental que organize as suas finanças pessoais. Só assim conseguirá orçamentar, planear, rastrear e ajustar a sua vida financeira.
Comece por traçar um quadro real das suas finanças (património, entradas e saídas de dinheiro), prepare um orçamento pessoal e controle detalhadamente a evolução de todas as despesas, dívidas, poupanças e investimentos – rumo à concretização dos seus objetivos.
4. Pague-se primeiro a si próprio (e à sua futura reforma)
É fácil ceder à tentação de, num mês ou noutro, não colocar dinheiro de lado para a reforma, face a outras despesas do momento. E, com isto, ir colocando em risco o seu objetivo de complemento de reforma.
O ideal é que siga a regra de ouro de se pagar primeiro a si próprio. Ou seja, pôr logo de lado o valor das suas poupanças (para os vários objetivos) no início do mês, como se fosse uma despesa fixa que tem de cumprir. Desta forma, as suas poupanças ficam salvaguardadas.
5. Invista na sua literacia financeira – e escolha os produtos certos para fazer crescer o seu complemento de reforma
Está a conseguir poupar dinheiro regularmente para preparar, atempadamente, a sua reforma. Mas o que fazer com esta poupança? Se a deixar parada no banco, sem rentabilizar, estará a perder valor ao longo do tempo – e a prejudicar os seus anos de reforma.
Para contrariar a “corrosão” da inflação, aplique o seu dinheiro em produtos que lhe permitam rentabilizá-lo ao longo do tempo. A oferta no mercado é vasta, com diversos instrumentos financeiros de menor ou maior risco – e de menor ou maior rentabilidade.
É aqui que entra a literacia financeira. Quanto maior for o seu conhecimento financeiro, melhor conseguirá escolher quais os produtos certos onde aplicar o seu dinheiro.
A literacia financeira permite-lhe escolher produtos mais adequados ao seu perfil, aos seus objetivos e à sua estratégia, sem medo de errar. E, com isso, preparar uma melhor reforma para si, com segurança e dignidade.