A década entre os 30 e os 40 anos representa, habitualmente, um tempo de importantes mudanças com implicações financeiras. Esta é, por norma, uma década de maior estabilidade profissional e de decisões importantes, como a de criar (ou aumentar) família, constituir um crédito à habitação e – se ainda não o tiver feito antes – começar a poupar para a reforma. Mas quanto será que deve poupar a partir dos 30?
Não existe, propriamente, um número mágico do valor que deve poupar a partir dos 30. No entanto, se considerar que as boas práticas financeiras recomendam um mínimo de 10% do seu ordenado – esta já será uma boa baliza do valor de poupança que o deve orientar.
Nesse sentido, ao chegar aos 30 anos, o ideal seria que já tivesse uma poupança equivalente a entre seis meses e um ano de ordenado. A partir daí, e partindo de um pressuposto de que a sua vida profissional melhora e começa a receber mais, poderá ambicionar um patamar superior de poupanças.
Mas vamos a um exemplo:
EXEMPLO
O Luís tem 30 anos e ganhou, em média, 1.000 euros mensais desde os 24 anos. Conseguiu poupar 10% desse valor e, por isso, chegou aos 30 anos com 7.200 euros.
Entretanto, o Luís mudou de emprego e vai passar a receber um ordenado melhor, com perspetivas de futuros aumentos, o que lhe permite subir o montante de poupança. Imaginando que, em média, o Luís ganhe em média 1.700 euros por mês, na década entre os seus 30 e 40 anos, uma poupança de 10% permitir-lhe-ia poupar 20.400 euros.
Isto significa que, aos 40 anos, o Luís contaria com uma poupança total de 27.600 euros (incluindo o que conseguiu acumular também antes dos 30). Ou seja, aproximadamente o equivalente a um ano e quatro meses do seu ordenado médio.
E se o Luís conseguisse, a partir dos 30, começar a poupar 20% do seu ordenado? Nesse caso, a poupança entre os 30 e os 40 seria de 40.800 euros. E, desde os 24, teria conseguido poupar 48.000 euros. Ou seja, o equivalente a dois anos e quatro meses do seu ordenado médio.
E se não tiver conseguido poupar este valor?
Está entre os 30 e os 40 anos e, quando olha para as suas poupanças, ainda permanece longe deste valor? Lembre-se que as finanças pessoais são, tal como o nome indica, pessoais e, por isso, cada pessoa terá a sua realidade financeira. Estas são apenas boas práticas financeiras, mas dependem das suas condicionantes de receitas e despesas. Pode ser mais difícil, no seu caso, ter conseguido poupar consistentemente 10% desde que começou a trabalhar. Ou, pelo contrário, poderá ter conseguido poupar até mais do que 20%.
Quando olha para o montante que conseguiu poupar há, no entanto, dois aspetos que deve ter em atenção:
- Se deixa parado este dinheiro que consegue poupar, na verdade tem menos do que imagina. Isto porque a inflação “corrói” o valor do dinheiro, que vai desvalorizando a pouco e pouco.
- Se optar por investir o seu dinheiro, está a criar oportunidades de aumentar o seu património além do valor que conseguiu poupar mês após mês (e está também a contrariar o efeito de perda de valor da inflação).
Portanto, poderá aproveitar esta faixa etária a partir dos 30 para começar a investir (se ainda não o faz), com vista a diversos objetivos financeiros e também de forma a começar a preparar a sua reforma. Ao investir, conseguirá também aproveitar o efeito de capitalização (automático em alguns produtos financeiros) e ganhar juros sobre juros, aumentando o retorno futuro.
Voltemos ao exemplo do Luís, para entender melhor.
EXEMPLO
Imaginemos que, na década entre os 30 e os 40 anos, o Luís conseguiu efetivamente poupar 20% do seu ordenado médio de 1.700 euros, mensalmente. No entanto, optou por alocar 10% a poupanças e 10% a investimentos com efeito de capitalização anual, que lhe deram um retorno médio de 4%.
Ou seja, todos os meses durante uma década, o Luís destinou os mesmos valores para poupança e para investimento (170 euros para cada componente). Mas, enquanto a componente de poupança do Luís totalizaria 20.400 (10% de 1.700 euros, ao longo de 10 anos), a componente de investimentos renderia mais: 25.190 euros (20.400 + 4.620 euros em juros).
Poupança sem investimento
Total: 20.400 euros |
Investimento com efeito de capitalização Reforços: 170 euros todos os meses, durante uma década (entre os 30 e os 40 anos) Retorno médio: 4% Total: 25.190 euros
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Objetivos para poupar a partir dos 30
Entre os 30 e 40 anos, e tendo em conta a fase em que estará na sua vida, poderá fazer sentido que poupe para os seguintes objetivos:
- Fundo de emergência – pé-de-meia de segurança financeiro, que deve ser a base de qualquer poupança e que deve constituir antes de qualquer outro investimento. Idealmente, equivale a entre 6 e 12 vezes as suas despesas mensais.
- Objetivos de curto e médio prazo – por exemplo: um carro novo, umas férias, um casamento ou a entrada para uma casa própria.
- Objetivos de longo prazo – por exemplo: o futuro dos seus filhos ou preparar a sua própria reforma.
O fundo de emergência deve ser aplicado num produto de capital garantido e mobilizável a qualquer momento (para que fique acessível para qualquer emergência). Contudo, para os seus objetivos de longo prazo, poderá investir o seu dinheiro com um horizonte temporal muito mais alargado e com maior exposição ao risco (sempre adequado ao seu perfil de investidor), o que lhe poderá trazer maior retorno potencial.
Ainda vai a tempo?
Em teoria, a década de vida entre os 30 e os 40 apresenta boas condições para uma programação financeira bem-sucedida. Isto porque junta a estabilidade financeira, por um lado, sem os maiores encargos que surgem mais tarde na vida (a educação dos filhos, pagamento de dívidas, despesas de saúde, etc).
No entanto, como referido anteriormente, cada caso é um caso. Pode ter conseguido um patamar interessante de poupança e de investimentos – e, com isso, ter melhorado a sua situação financeira atual e futura. Pode ter tido grande encargos financeiros que prejudicaram as suas poupanças. E pode ainda não ter tido preocupações de poupança e ter optado por gastar em vez de aforrar e/ou investir.
Qualquer que seja a sua jornada financeira passada, é importante que saiba que nunca é tarde para começar a reorganizar a sua vida financeira, poupar e investir. O importante é mesmo começar.
Comece a preparar o seu futuro (e o dos seus filhos, se for esse o caso) o quanto antes. O dinheiro precisa de tempo para rentabilizar, pelo que não deixe passar mais tempo para uma estratégia financeira adequada à sua fase da vida, às suas condições financeiras, aos seus objetivos e ao seu perfil.
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