Com o contexto económico de subida generalizada dos preços, os portugueses tiveram de reduzir as despesas em diversas categorias. 58% cortou despesas de lazer, como restaurantes e cinema, e 55% diminuiu a despesa com viagens. Seguiram-se a redução de despesas em transportes (35%), alimentação (30%) e habitação (29%). Estes são resultados do Barómetro Europeu do Cetelem, divulgados a 12 de março.
Em termos de preocupações, o poder de compra é o tema que mais inquieta 95% dos portugueses, à frente de outras questões como saúde (93%), alterações climáticas (88%) e educação (86%).
As questões económicas e a gestão do orçamento estão no cerne das preocupações dos inquiridos, refletindo os últimos dois anos de inflação e taxas de juro elevadas. 81% referiu que os preços subiram “significativamente” e 58% reconhece que o poder de compra diminuiu. O maior impacto da subida dos preços no orçamento familiar foi sentido na alimentação (66%), seguido da energia (53%), habitação (50%) e transportes (48%).
A tendência é também sentida por inquiridos de outros países europeus. De acordo com o Barómetro, 87% dos europeus estão preocupados com o poder de compra e 88% têm a perceção do aumento dos preços no último ano.
Para os europeus, o poder de compra assume o lugar cimeiro das preocupações. Segue-se a instabilidade geopolítica internacional (83%), segurança (82%), saúde (81%) e alterações climáticas (76%).
Ainda assim, há variações de destacar entre os diferentes países. 81% dos portugueses e 70% dos romenos consideram que os preços aumentaram “significativamente”, enquanto na Alemanha e em França a taxa desce para 56% e 55%, respetivamente.
Em termos de cortes nos gastos, os europeus reduziram sobretudo despesas de lazer (62%) e viagens (58%).
O inquérito do Cetelem foi realizado de 20 a 30 de novembro de 2023, em 10 países europeus: Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, Roménia e Suécia.
De recordar que a União Europeia atingiu, em outubro de 2022, 11,5% de taxa de inflação, naquele que foi um patamar máximo em quatro décadas. Na Zona Euro, a inflação chegou aos 10,6%, também nesse mês. Desde então, a inflação tem vindo a diminuir de forma gradual. Em fevereiro de 2024, a taxa de inflação esperada na Zona Euro é de 2,6%, de acordo com as estatísticas rápidas do Eurostat, divulgadas a 1 de março. A meta do Banco Central Europeu é conseguir que a inflação recue até um limite de 2%.