Quando o tema são ações, o termo “Sete Magníficas” tem surgido frequentemente. Mas o que são, exatamente, as Sete Magníficas da bolsa? E qual a sua importância? Saiba tudo neste artigo.
Sete Magníficas (ou Magnificent Seven, no original) é um termo do mundo financeiro que se refere a um conjunto de sete empresas tecnológicas norte-americanas cotadas em bolsa, cujas ações de alta performance lideraram a maioria dos ganhos do índice de referência S&P 500, em 2023.
As Sete Magníficas são:
- Alphabet (GOOGL; GOOG), holding que detém as empresas do universo Google. Atua nas áreas do software, programação, processamento de dados, inteligência artificial, entre outras.
- Amazon (AMZN), a gigante das compras online, que tem também operações nas áreas do streaming, inteligência artificial e cloud computing, entre outras.
- Apple (AAPL), tecnológica que se destaca nos produtos eletrónicos (como o iPhone e o iPad), computadores pessoais, software e serviços online.
- Meta Platforms (META), holding destacada na área das redes sociais, é a responsável pelo Facebook, Instagram, Whatsapp e Threads, entre outros produtos e serviços.
- Microsoft (MSFT), empresa responsável pelo sistema operativo Windows, pelas aplicações do Microsoft 365 (como o Word e o Excel) e pela consola Xbox, entre outras soluções e produtos. Atua sobretudo na área de produtos eletrónicos, software, soluções digitais e inteligência artificial.
- NVIDIA (NVDA), empresa especializada no fabrico de semicondutores e que tem valorizado muito graças à especialização em processadores para inteligência artificial.
- Tesla (TSLA), fabricante de automóveis elétricos e componentes para veículos elétricos, com uma forte componente de software.
De onde vem o termo Sete Magníficas?
A expressão foi usada publicamente, pela primeira vez, por Michael Hartnett, analista do Bank of America, para identificar estas sete cotadas dominantes no setor e que representam, além disso, um enorme impacto em termos de inovação tecnológica e tendências do consumidor. O termo é uma referência ao filme “Magnificent Seven”, de 1960, com remake em 2016.
Também relacionado é o termo Big 5, referente ao grupo das cinco maiores empresas tecnológicas: Alphabet, Amazon, Apple, Meta e Microsoft.
Que desempenho têm tido as Sete Magníficas da bolsa?
2023 foi um ano extremamente positivo para os mercados acionistas, no geral. No panorama global, os Estados Unidos destacaram-se, com as Sete Magníficas a darem o impulso decisivo à forte valorização registada na região.
A liderar a subida esteve, claramente, a NVIDIA, com uma valorização de +239%. Seguiu-se a Meta com +194% e, a fechar o pódio, a Tesla, com uma valorização de +102%. As restantes Magníficas não chegaram à fasquia dos três dígitos, mas tiveram desempenhos também muito positivos: a Amazon com +81%, seguida da Alphabet com +59%, a Microsoft com +58% e a Apple com +49%.
No total, o índice norte-americano de referência S&P 500 subiu 24% em 2023, com a tecnológica Nasdaq a fechar o ano com uma valorização histórica de 43%.
E para o futuro?
Depois dos resultados excelentes de 2023, os mercados acionistas têm em 2024 um ano de maior volatilidade e perspetivas mais redutoras – até para acompanhar um expetável abrandamento da economia.
As perspetivas macroeconómicas colocam uma elevada pressão sobre os resultados das sete gigantes tecnológicas. Seis das Sete Magníficas já apresentaram, em janeiro e nos primeiros dias de fevereiro, os resultados financeiros do quatro trimestre de 2023. No geral, as empresas demonstraram bons resultados, acima das expetativas, alimentando a forte valorização bolsista. Mas houve uma exceção: a Tesla.
A Tesla foi a única desilusão entre o grupo das Sete Magníficas. Os resultados do último trimestre de 2023 apontam uma quebra das margem em quase metade, para 8,2% e receitas de 25,1 mil milhões de dólares, com perspetivas de um abrandamento acentuado do crescimento para 2024. O lucro por ação fixou-se em 0,71 dólares.
Em sentido contrário, a Alphabet apresentou resultados trimestrais acima do esperado pelos mercados, com uma faturação de 86,31 mil milhões de dólares e lucros trimestrais de 20,69 mil milhões de dólares. O lucro de ação fixou-se em 1,64 dólares. Ainda assim, os resultados em publicidade da Google ficaram abaixo das expetativas.
A Microsoft superou expetativas e fechou o trimestre com uma faturação de 62 mil milhões de dólares e lucros de 21,9 mil milhões de dólares. O lucro por ação ficou em 2,93 dólares.
Do lado da Amazon, os resultados do último trimestre de 2023 também animaram os mercados, com uma faturação trimestral de 170 mil milhões de dólares e lucros de 10,6 mil milhões de dólares, ancorados sobretudo numa época natalícia muito forte e no crescimento da cloud. O lucro por ação fixou-se em 1 dólar.
Também as contas da Apple ficaram acima do esperado pelos investidores. Os resultados trimestrais apresentados mostram lucros de 33,9 mil milhões de dólares e uma faturação de 119,6 mil milhões de dólares, apesar da quebra das vendas em 13% no mercado chinês (a única região em contraciclo). O lucro por ação da Apple é de 2,18 dólares.
Por fim, a Meta seguiu também a linha muito positiva das Magníficas e apresentou resultados que superaram as expetativas. No quarto trimestre, as receitas chegaram aos 40,11 mil milhões de dólares, com um lucro de 14 mil milhões, e a empresa de Mark Zuckerberg decidiu, pela primeira vez, pagar dividendos trimestrais aos investidores: 0,5 dólares por ação. As boas notícias levaram a uma subida de 20,3% das ações da Meta, levando a empresa a um recorde de maior ganho de valor num único dia (2 de fevereiro) na história de Wall Street: 196 mil milhões de dólares.
A NVIDIA é a única das Sete Magníficas da bolsa que ainda não apresentou os resultados do último trimestre de 2023. A divulgação está prevista para 21 de fevereiro.
Os resultados até agora apresentados, referentes ao último trimestre de 2023, mostram que, com algumas reservas em relação à Tesla, as Sete Magníficas da bolsa continuam com provas dadas e a impulsionar o mercado acionista.
Ainda assim, alguns analistas acreditam que, perante as expetativas económicas mais sombrias para este ano, a liderança das tecnológicas poderá ser abalada e nem todas as Sete Magníficas vão conseguir manter o seu lugar em 2024 – cedendo alguns lugares como força motriz da S&P 500 a empresas de outros setores, como o setor energético.