Apesar dos esforços do Banco Central Europeu para tentar controlar o nível da inflação na Zona Euro, no último ano, a verdade é que esta continua muito acima do que é desejado.
Segundo a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), em Portugal, o Índice de Preços no Consumidor terá ficado nos 7,4%, em Março. A confirmar-se o valor, este terá sido o quinto mês consecutivo de alívio na subida dos preços, ainda assim a impactar o orçamento de muitos agregados.
Com o preço dos bens e serviços mais elevados, é muito mais desafiante manter o equilíbrio das finanças familiares, sobretudo se os rendimentos não acompanharem a subida. É imperativo adotar as estratégias certas para conseguir estar numa situação mais confortável.
Reforçar o fundo de emergência
Ter uma almofada financeira a que possa recorrer em momentos de maior necessidade é ainda mais importante nas épocas em que os preços estão mais altos.
No fundo de emergência, que deverá ser o seu primeiro patamar de poupança, deve ter o valor equivalente a entre seis a doze meses das suas despesas mensais. Esta poupança deve ser utilizada apenas em caso de emergência, para fazer face a adversidades como situações de perda de rendimentos e doença, mas não só. Também pode ser muito útil para pequenas reparações ou obras em casa.
Se ainda não começou a constituir o seu, deverá fazê-lo o quanto antes. Se já tem algum dinheiro de parte, atualize-o de acordo com o valor da inflação.
De resto, ao investir o dinheiro do fundo de emergência, lembre-se de que este deverá cumprir, pelo menos, dois requisitos obrigatórios: baixo risco e elevada liquidez. O mais importante é que, quando precisar do dinheiro, o valor inicial não tenha diminuído e que consiga ter rápido acesso a ele.
Duas das opções para aplicar este dinheiro são os certificados de aforro, cuja rentabilidade já atingiu o teto máximo de 3,5%, à boleia da subida da Euribor, e também os depósitos a prazo.
Tentar baixar a prestação da casa
Para as famílias com crédito à habitação, tentar baixar a prestação mensal pode ser uma estratégia a considerar, para fazer frente à inflação, uma vez que se vai diminuir a fatia do rendimento alocada ao pagamento do crédito, podendo ser utilizada para outras despesas.
Pode optar pela amortização, total ou parcial, do empréstimo, que pode ser feita a qualquer momento, desde que se avise o banco do que se pretende fazer. É preciso apenas ter atenção aos custos associados à operação (comissão de reembolso antecipado) e que variam de acordo com o tipo de taxa de juro contratada.
Outra opção é tentar baixar o spread, a única componente do empréstimo que pode ser negociada com o banco, e que reflete o risco de cada cliente para o banco. Trata-se, no fundo, do lucro da instituição com o empréstimo.
Mudar de banco é outra das hipóteses, para tentar baixar a prestação. Não há razão nenhuma para ficar com o empréstimo preso a um banco, se encontrar outra instituição com melhores condições. Tal como acontece com o processo de amortização, deve dar atenção aos custos inerentes à transferência do crédito, que podem ou não ser cobertos pelo seu novo banco.
Consolidar créditos
O crédito consolidado é contratado para liquidar outros créditos, através da sua junção num só, e é uma ferramenta de gestão de orçamento que pode trazer alguma estabilidade às finanças familiares.
Uma das maiores vantagens é a possibilidade de se ficar a pagar uma mensalidade mais baixa do que a soma das anteriores, sendo que em alguns casos, a poupança pode ser superior a 50%.
Além disso, quando se consolidam créditos, passa-se a pagar a prestação a um só credor. Ao eliminar outras instituições da dívida, consegue-se ainda reduzir o montante de comissões pago aos vários bancos.
Rever a estratégia de compras
Em tempos de inflação, também as despesas no supermercado aumentam e é preciso fazer algumas mudanças para que o impacto seja mais suave.
Não vá às compras sem uma lista de tudo aquilo de que realmente precisa. Esta lista deve ser feita apenas depois de inspecionar a despensa, o frigorífico e os armários, de modo a que não acabe a comprar produtos que já tem.
De resto, tenha atenção aos folhetos promocionais e compare sempre os preços. Comprar mais produtos de marca branca é outra das hipóteses. Estes têm preços muito mais acessíveis e, em muitos casos, são de boa qualidade.
A propósito desta problemática, o Governo de António Costa divulgou a 27 de Março uma lista de bens essenciais que vão beneficiar de IVA zero nos próximos seis meses, com o objetivo é conseguir controlar os preços dos alimentos e ajudar as famílias a lidar com o aumento do custo de vida.
Cuidado com a reduflação!
Nos últimos tempos, é provável que já tenha ouvido falar em reduflação. Trata-se de uma estratégia utilizada por algumas marcas que reduzem a quantidade de produto nas embalagens, mantendo o preço praticado anteriormente.
Na prática, significa que os consumidores passam a adquirir menos quantidade de produto, ao mesmo preço. Trata-se de uma forma de inflação que pode passar despercebida aos olhos de muitas pessoas.
Para evitar cair nesta armadilha, deverá dar atenção redobrada aos preços por unidade, quilo ou litro e optar pelo produto com o preço mais baixo.