Pode ser difícil de acreditar, mas a verdade é que a subida das taxas Euribor não tem só efeitos nefastos para a sua carteira. Há, pelo menos, uma razão pela qual pode significar coisas boas para o seu dinheiro!
É que à boleia do aumento desta taxa, vão os juros de um dos instrumentos de poupança mais queridos dos portugueses.
Já sabe do que estamos a falar? Sim, são os Certificados de Aforro!
Depois de anos com rentabilidades pouco atrativas, a taxa de juro bruta destes produtos do Estado fixou-se nos 1,4% em Setembro, vai aumentar em Outubro e pode atingir o seu valor máximo, no próximo ano, até porque os juros vão mesmo continuar a subir, segundo Christine Lagarde. A presidente do Banco Central Europeu (BCE) confirmou esta quarta-feira, 28 de Setembro, que o aumento é para continuar, nas próximas reuniões do BCE.
Assim, os certificados de aforro podem voltar a ter interesse para captar a poupança dos portugueses.
Como é que isto aconteceu?
O Banco Central Europeu (BCE) iniciou em Julho uma subida das taxas de juro, que deverá prolongar-se. A primeira foi 50 pontos base, a segunda de 75 (a maior de sempre) e espera-se que volte a acontecer. Assim, também a Euribor começou a aumentar como não acontecia há mais de dez anos.
Este indexante tem diferentes prazos e todos eles já atingiram terreno positivo: a 12 meses, a taxa já chegou aos 2,62% e, a 6 meses, está nos 1,86%. A Euribor a 3 meses passou de 1%, este mês, e bateu um recorde máximo que não era atingido desde Janeiro de 2012.
Se, por um lado, isto é negativo para quem pede empréstimos, e que vai passar a pagar mais, por outro, é sinónimo de aumento de rentabilidade para quem tem as poupanças aplicadas em instrumentos que dependem da evolução da Euribor.
Mas, afinal, o que são Certificados de Aforro? Quais as suas rentabilidades? Como se pode investir neles? Respondemos a tudo.
O que são Certificados de Aforro?
Os Certificados de Aforro não são mais do que instrumentos de dívida pública que estão ao acesso dos pequenos investidores.
Além de se financiar junto de diversas instituições, o Estado pode também fazê-lo junto dos particulares. Ao emitir Certificados de Aforro, é precisamente isso que acontece. Ao mesmo tempo que se financia, possibilita que os cidadãos tenham acesso a um instrumento de poupança com capital garantido.
Assim, qualquer pessoa pode comprar um destes títulos e, desse modo, emprestar dinheiro ao Estado Português que, por sua vez, reembolsa o capital com juros.
O cálculo da remuneração dos Certificados de Aforro está relacionado com a Euribor a 3 meses. Isto significa que, numa espiral de subida desta taxa, como a que estamos a assistir, também o seu dinheiro vai crescer.
Instrumentos com capital garantido?
Quando investe as suas poupanças em Certificados de Aforro, o risco que existe de não reaver o seu dinheiro chama-se risco “país”, que acaba por ser o mais baixo. Por outras palavras, o risco destes instrumentos é o de falência do país (entrada em bancarrota). Apenas nesse caso não terá o seu capital de volta.
Quais são as caraterísticas dos Certificados de Aforro?
- Estes instrumentos têm o valor nominal de 1 € e o mínimo de subscrição de 100 unidades. O mínimo que pode aforrar são 100 € e o máximo são 250.000 €.
- Os juros dos Certificados de Aforro vencem-se de três em três meses e são somados à poupança aplicada. Resultam da soma da taxa base na data de início do trimestre com o prémio de permanência. Esta taxa é calculada mensalmente, pelo IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública), com base na Euribor a 3 meses, não pode ser inferior a 0%, nem superior a 3,5%.
- Para garantir que os cidadãos querem manter o seu dinheiro nestes certificados, o Estado dá prémios de permanência. A partir do 2º ano, além da taxa-base, os aforradores beneficiam de um prémio de 0,5 %. A partir do 5.º ano, aumenta para 1%.
- Apesar de terem um prazo de maturidade de 10 anos, há a possibilidade de fazer um levantamento antecipado e sem encargos (parcial ou total) ao fim de apenas 3 meses. São instrumentos com elevada liquidez e que podem ser uma opção para começar o fundo de emergência.
Como posso subscrever Certificados de Aforro?
Para fazer a subscrição inicial, tem sempre de se deslocar a um posto dos CTT. É através desta instituição que o Estado distribui os certificados pelos seus cidadãos. Ainda assim, poderá solicitar a adesão na internet. Depois da primeira vez, os reforços podem ser sempre feitos online, no portal “AforroNet”.
Segundo o site do IGCP, no separador “Certificados de Aforro”, neste momento, a série que se encontra disponível para subscrição é a Série E.
Disclaimer: Todo o conteúdo tem apenas fins informativos e educacionais e não constitui qualquer recomendação ou aconselhamento financeiro. O leitor deverá sempre fazer as suas próprias análises e recolher diferentes tipos de informações antes de tomar qualquer decisão de investimento.