As famílias portuguesas conseguem poupar? Qual o objetivo das suas poupanças? E em que idades se poupa mais ou menos? Neste artigo, revelamos-lhe seis factos sobre as poupanças dos portugueses.
#1 As poupanças dos portugueses estão muito abaixo da média europeia
A taxa de poupança das famílias em Portugal foi de 9,8% no segundo trimestre de 2024. Os dados do INE – Instituto Nacional de Estatística mostram que os portugueses estão a conseguir poupar mais (+0,6% do que no primeiro trimestre), mas continuamos muito aquém da média europeia.
Segundo o Eurostat, a taxa média de poupança na Zona Euro atingiu 15,7% no segundo trimestre, numa subida de 0,8% em relação ao trimestre anterior.
Tanto em Portugal, como nas contas europeias, o aumento demonstra a subida do rendimento disponível, num ritmo mais elevado do que o crescimento do consumo privado.
#2 Poupança entre 50 e 100 euros é a mais comum
Um valor entre 50 e 100 euros, por mês, foi a capacidade de poupança mais apontada pelos portugueses, num inquérito da Netsonda para a corretora XTB, do início de 2024. Seguiram-se as poupanças mensais entre 100 e 200 euros (24%) e entre 0 e 50 euros (17%).
#3 Planear e controlar o orçamento é uma realidade para a grande maioria
Cerca de 82% dos portugueses têm, pelo menos, uma forma de planear e controlar o orçamento familiar. Os dados constam do 4º Inquérito à Literacia Financeira, do Plano Nacional de Formação Financeira, cujos resultados foram divulgados em abril de 2024,
Tomar nota das despesas é a forma mais apontada pelos entrevistados do inquérito (32,8%), seguida de ter um plano para gerir o rendimento e as despesas (32,3%).
No entanto, apenas 4,9% utiliza a app do banco ou uma ferramenta de gestão de finanças pessoais para controlar as despesas.
#4 Mais de metade poupou no último ano
Conseguiu poupar no último ano? 54% dos portugueses entrevistados no Inquérito à Literacia Financeira conseguiram fazê-lo.
Este número esconde, no entanto, grandes discrepâncias entre rendimentos, idades e escolaridade.
Por idade, os que mais pouparam estão entre os 25 e os 54 anos. No extremo oposto, os jovens entre 18 e 24 anos são os que menos conseguiram poupar (70% dos inquiridos nesta faixa etária não realizaram poupanças no último ano).
Em termos de escolaridade, são aqueles com menos instrução que apresentam maiores dificuldades de poupança (60% não conseguiu poupar no último ano). Entre os inquiridos com ensino superior, a percentagem reduz-se drasticamente: apenas 25,9% de quem tem o ensino superior não conseguiu realizar poupança no último ano.
A capacidade de poupança apresenta uma relação direta com os níveis de rendimento. Por norma, quanto menor o rendimento, maior a probabilidade de não conseguir realizar poupança no último ano. 78,9% dos entrevistados com um rendimento mensal do agregado até 500 euros não conseguiram poupar no último ano. Já no maior patamar de rendimentos analisado – acima de 2.500 euros –, a percentagem que não poupa é de apenas 18,3%.
#5 O dinheiro poupado pelos portugueses fica parado
Entre aqueles que fazem poupanças, o mais comum é deixar o dinheiro parado. 84% dos inquiridos indicam que deixam o dinheiro na conta à ordem e 7,7% guardaram o dinheiro em casa, segundo o Inquérito. Isto significa que grande parte das poupanças alcançadas acaba por estar a perder valor, “corroídas” pela inflação.
Esta opção por deixar o dinheiro parado – em vez de o investir – leva a que os portugueses limitem o potencial de rentabilizar poupanças e percam dinheiro. Isto porque, à medida que os preços vão subindo, a mesma quantia de dinheiro vai comprando cada vez menos bens e serviços.
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#6 As poupanças dos portugueses ajudam a preparar a reforma e problemas pontuais de rendimento
Os portugueses que conseguem fazer poupanças beneficiam de mais segurança para enfrentar emergências e preparar a reforma.
De acordo com dados do Inquérito, 38,1% dos inquiridos conseguiram usar as poupanças para resolver problemas pontuais de falta de rendimento.
Por outro lado, os entrevistados que contam utilizar as poupanças como complemento de reforma estão mais confiantes no planeamento que estão a fazer para a reforma. Apenas 15,1% dos entrevistados afirmam não fazer qualquer planeamento da reforma.