Investir na bolsa portuguesa é uma boa opção para os pequenos investidores? Descubra a opinião dos analistas.
Quando o tema é o mercado acionista, os investidores podem sentir-se mais atraídos pelas grandes praças mundiais, empolgados até pelas multinacionais de renome (como as 7 Magníficas da Bolsa). Mas e quanto às empresas nacionais? Será que investir na bolsa portuguesa pode ser uma boa aposta estratégica para o portfólio?
No mundo, existem cerca de 55 mil empresas cotadas publicamente, transacionadas sobretudo nas bolsas dos Estados Unidos e Europa. A maior bolsa de valores é a de Nova Iorque (NYSE), com uma capitalização de mercado na ordem dos 25,6 biliões de dólares (dados de Dezembro de 2023). Segue-se a bolsa de Tóquio e a de Londres.
E sobre a bolsa de Lisboa? Na Euronext Lisbon são transacionados títulos de 53 cotadas nacionais. Em 2023, o market cap fechou em 97 mil milhões de euros (mais 14 mil milhões do que em 2022), naquele que é o maior valor em 20 anos. O volume diário de negociações em ações foi de 123 milhões de euros.
Nos resultados a um ano, as cotadas que mais subiram foram a Mota Engil, Samba Digital, Galp, BCP, Cofin e Glintt. O índice PSI, que reúne 16 empresas, subiu 13,97% a um ano (entre 14 de maio de 2023 e 14 de maio de 2024), uma subida em linha com o panorama a cinco anos (valorização de 13,5%).
Fonte: Yahoo Finance
A evolução é, de forma geral, positiva. Mas, dadas as condicionantes da bolsa nacional, será que investir nas cotadas portuguesas é uma boa estratégia para o portfólio?
Prós e contras da bolsa portuguesa
“As empresas do PSI entregam mais dividendos e são atrativas”, afirma Pedro Lino, CEO da Optimize, explicando que a principal vantagem de investir nas empresas portuguesas é que estas apresentam “múltiplos de negociação mais baixos (por exemplo, no preço a dividir pelos resultados, por ação) e rentabilidades esperadas mais elevadas”. Para o analista, “temos excelente empresas”, que acabam por estar “subvalorizadas na maioria dos casos” por falta de literacia financeira e de confiança dos investidores.
Ainda assim, há desafios a que importa estar atento para quem pondere investir na Euronext Lisbon. “A liquidez é um risco, principalmente porque quando um grande investidor quer comprar ou vender tem um impacto elevado no preço, causando volatilidade que, na maioria das vezes, assusta os investidores”, adianta Pedro Lino, lembrando que as “histórias catastróficas” no passado da bolsa portuguesa contribuem para estes receios.
Já Henrique Tomé, analista da XTB, refere “o facto de a bolsa portuguesa não ser muito diversificada, em termos de setores, faz com que o seu desempenho dependa muito do ciclo de mercado, dado que há muitas empresas cíclicas”.
O analista destaca ainda que as blue chips portuguesas (EDP e Galp) não conseguem competir com as blue chips europeias, o que “faz com que os investidores, logo à partida, optem pelas europeias, uma vez que o fosso entre as empresas é significativo e o risco inerente não é recompensado pelo retorno oferecido pelo mercado”. As ações blue chip são um termo usado para empresas com posição de força no mercado e grande solidez financeira.
Mira nos principais setores
As melhores formas de exposição à bolsa portuguesa dependem sempre do perfil de risco de cada investidor e da respetiva tolerância ao risco, assim como da estratégia de investimento de cada um. Ainda assim, os analistas elencam algumas opções que podem ser interessantes para quem pretenda começar a investir em empresas portuguesas.
“Os setores com maior peso no índice são os setores defensivos, como o das “utilities” [~32%], setor financeiro [~13%] e energético [~12%]. Portanto, para um investidor que pretenda começar a investir, a opção passaria por escolher empresas inseridas nos principais setores e aquelas que têm maior market cap”, comenta Henrique Tomé, explicando que esta opção permite “limitar mais as flutuações nos preços”.
Além do investimento direto em ações, Pedro Lino lembra que “o pequeno investidor tem também à disposição fundos de investimento com maior exposição a Portugal, seja em ações e/ou obrigações de empresas nacionais com rentabilidades esperadas elevadas”.