Entre manter ou subir as taxas de juro, o Banco Central Europeu (BCE) acabou por decidir-se pela segunda alternativa. As três taxas diretoras sobem 0,25 pontos percentuais (25 pontos base), numa deliberação anunciada hoje, 14 de setembro, à saída do Conselho de Governadores do BCE. É a décima subida consecutiva das taxas.
O BCE comunicou hoje, no rescaldo da reunião da presidente Christine Lagarde e restantes membros do Conselho de Governadores, que as taxas de juro de referência da Zona Euro sobem 25 pontos base, continuando a estratégia restritiva do Banco Central para combater a inflação. A decisão impacta as taxas de juro de empréstimos e depósitos das instituições financeiras da Zona Euro.
O BCE tem três taxas de juro de referência (taxas diretoras). Com esta decisão, a taxa das operações principais de refinanciamento passa de 4,25% para 4,50%. A taxa da facilidade permanente de depósito sobe de 3,75% para 4,00%. E a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez passa de 4,50% para 4,75%.
As novas taxas de referência têm efeitos a partir de 20 de setembro de 2023.
“A inflação continua a descer, mas ainda se espera que permaneça elevada durante demasiado tempo”, refere o comunicado do BCE, apontando as perspetivas relativas à inflação como o grande motor da decisão de hoje.
A decisão de subida das taxas diretoras tem como objetivo fazer abrandar a inflação com empréstimos mais caros. A lógica é de que, com menos dinheiro disponível, a procura diminua e os preços também. A meta do BCE é chegar a uma inflação de 2%.
As projeções macroeconómicas de setembro indicam uma inflação média de 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025, refere o BCE, numa revisão em alta para 2023 e 2024, motivada sobretudo pelos preços dos produtos energéticos.
O que acontecerá nos próximos meses? Depois de dez subidas consecutivas das taxas de referência, a postura do BCE parece dar sinais de que pode chegar o momento de pausar aumentos. “Com base na atual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras atingiram os níveis que – se forem mantidos durante um período suficientemente longo – darão um contributo substancial para o retorno atempado da inflação ao objetivo”, explica o comunicado. O BCE acrescenta, contudo, que a abordagem restritiva se mantém durante o tempo que for necessário para o retorno da inflação ao patamar desejado.
Para que servem as taxas de juro do BCE?
Estas são as taxas de juro que o BCE cobra aos bancos pelos empréstimos concedidos ou que paga pelos depósitos dos bancos. Ao decidir aumentar as taxas oficiais, o BCE está a influenciar todas as taxas de juro na economia, incluindo aquelas que as famílias têm de pagar aos bancos pelos créditos à habitação ou na remuneração a receber pelos depósitos bancários.
A taxa relativa às operações de refinanciamento define os juros cobrados aos bancos da Zona Euro para contrair empréstimos junto do BCE pelo prazo de uma semana. A taxa de facilidade permanente de depósitos determina os juros que os bancos recebem pelos depósitos junto do BCE. A taxa de cedência de liquidez determina os juros a pagar pelos bancos em caso de empréstimo junto do BCE, mas pelo prazo de um dia (overnight).
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