O calendário marca sexta-feira 13. Aquele que é, para muitos, o melhor dia da semana, ganha um novo significado quando calha no décimo terceiro dia do mês. Para os mais supersticiosos e para os que sofrem de triscaidecafobia (fobia do número 13) estamos em pleno dia de azar e todo o cuidado é pouco para evitar desastres.
Há quem conduza com mais cuidado, quem não pegue no carro e até quem evite passar por baixo de escadas nestes dias. Para os investidores, a data pode ser de mais cautela nos mercados, de modo a fintar a má sorte e evitar os resultados negativos.
De onde vem o medo deste dia?
A cultura ocidental associa o número 13 ao azar. Acredite-se ou não, a verdade é que, ao longo da história, alguns acontecimentos têm dado alento a todos os que temem este dia.
No caso da cultura cristã, por exemplo, Jesus Cristo terá sido atraiçoado por um dos 12 apóstolos (Judas), na última ceia, onde estavam 13 pessoas à mesa, e crucificado, depois, a uma sexta-feira. Por outro lado, para o Tarot, a carta 13 é a da morte.
Para muitos, este é então um dia para evitar comportamentos arriscados e para ter cuidados acrescidos, tudo em nome da boa sorte.
O efeito “Sexta-feira 13” nos mercados
Há fantasmas que assombram a bolsa de Nova Iorque e que se fazem notar a cada sexta-feira 13, em Wall Street. O medo instala-se e os investidores mais supersticiosos podem ficar mais retraídos.
No plano da ficção, a manchar a história deste dia, está o romance Friday, The Thirteenth (1907), de Thomas Lawson. Neste livro, um corretor enceta planos para lançar o pânico em Wall Street e destruir a bolsa a uma sexta-feira 13, claro. Quando passamos para a realidade, é preciso viajarmos até ao dia 13 Outubro de 1989 para perceber os fundamentos do pânico. Nessa sexta-feira, uma compra alavancada da United Airlines caiu por terra e teve um impacto brutal no mercado, provocando um “mini-crash” da bolsa. O índice Dow Jones caiu 7% e o S&P 500 também registou uma descida muitíssimo acentuada (6%).
Mais recentemente, em 2015, num artigo publicado no site de notícias Business Insider, analisou-se o desempenho do S&P 500, desde 1950, e comparou-se a percentagem de sextas-feiras 13 em que o índice terminou acima do dia anterior, com a mesma para os outros dias. O resultado foi favorável para o suposto dia do azar (56,8%) relativamente aos outros dias (52,9%), ainda que com uma diferença pouco significativa.
Já segundo uma publicação da revista norte-americana Fortune, em 2018, “as condições do mercado variam de dia para dia e, em última análise, é isso que decide o destino do Dow Jones Industrial Average. Ainda assim, em 20 anos de resultados finais de negociação à sexta-feira 13, o mercado terminou o dia em baixa 18 em 35 vezes, pouco mais de 50% das vezes.” Além disso, até à data do artigo, todas as sextas-feiras 13, desde 13 de março de 2015, acabaram com mercado em baixa.
A importância do mindset do investidor
Não obstante os números, a forma como os investidores se sentem e encaram os mercados em dias anómalos como as sextas-feiras 13, é muito importante. Quem acha que o dia é propício ao azar, pode ver o seu comportamento afetado por esse viés e até tomar decisões de que se pode vir a arrepender no futuro.
Segundo um estudo de 2019, o medo dos investidores mais supersticiosos gera efeito nos mercados, visto que o seu comportamento perante as ações pode levá-los a obter resultados de facto inferiores aos de outras sextas-feiras.
O mesmo estudo refere-se ainda aos dias antes e depois da malfadada data. Para evitar desastres, há investidores quem vendem os seus ativos uns dias antes e isso pode levar a uma queda do preço das ações. Por outro lado, como não fazem compras à sexta-feira 13, os preços acabam por subir nos dias seguintes.