Jeremy Grantham, cofundador da gestora GMO e um dos analistas mais respeitados no estudo de bolhas financeiras, alertou há alguns anos que o longo bull market, iniciado em 2009, tinha amadurecido para o que descreveu como “uma bolha épica”.
Na altura, escreveu que o mercado apresentava sinais clássicos de euforia, avaliações exageradas e comportamentos especulativos generalizados. Para Grantham, este seria um dos grandes episódios da história financeira, ao lado da bolha de 1929 e da bolha tecnológica do ano 2000.
“Estas são as fases em que fortunas são feitas e perdidas”, dizia, avisando que, mais cedo ou mais tarde, a bolha acabaria por rebentar, com impacto severo na economia e nas carteiras dos investidores.
A descrição de Grantham é assustadora, mas há um detalhe importante, ele escreveu isto em janeiro de 2021. Desde então, mesmo com uma correção em 2022, o S&P 500 subiu cerca de 90%, e o Nasdaq duplicou.
Prever o fim de uma bolha é quase impossível. Muitos dirão que o entusiasmo atual em torno da Inteligência Artificial parece um novo capítulo da mesma história, investimentos maciços, expectativas de lucros astronómicos e avaliações que parecem antecipar décadas de crescimento. Mas será realmente uma bolha? E, se for, o que deve um investidor fazer?
Entre outras, existem três estratégias simples para quem teme estar a viver o auge de uma bolha.
A primeira opção é proteger-se. Reduzindo exposição às ações e procurando refúgio em liquidez ou obrigações de curto prazo. Mas esta estratégia tem um grande risco, o timing. Ninguém sabe quando uma bolha vai rebentar, pode demorar meses ou anos. E sair demasiado cedo pode significar perder uma forte valorização antes da queda. Além disso, viver com a dúvida e o medo de perder ganhos poderá ser mentalmente desgastante.
A segunda é diversificar. Mesmo que o investidor esteja convencido de que há uma bolha, não precisa de abandonar o mercado por completo. Pode, por exemplo, reduzir a sua exposição às grandes empresas tecnológicas, as chamadas “Magnificent 7”, e reforçar posições em setores menos valorizados ou mais defensivos, ou geografias alternativas. Foi o que aconteceu após o colapso das dot-com, enquanto o Nasdaq afundava, outros segmentos tiveram desempenhos sólidos. A diversificação pode parecer aborrecida durante a euforia, mas é o que garante proteção quando a maré muda.
A terceira opção é não fazer nada. Parece simples, mas é talvez a mais difícil. Manter uma estratégia de longo prazo exige disciplina, sobretudo em fases de forte valorização dos mercados. Se o portefólio estiver bem estruturado, ajustado ao horizonte temporal e ao perfil de risco de cada investidor, pode ser mais sensato manter a estratégia definida, fazer reequilíbrios pontuais e continuar a investir de forma consistente ao longo do tempo.
O segredo é aceitar que períodos de queda fazem parte do caminho e que tentar adivinhar o ponto máximo ou mínimo é quase sempre impossível.
As bolhas só são evidentes depois de rebentarem. E, enquanto isso não acontece, o mais sensato para os investidores é gerir o risco com prudência e recordar que, nos mercados, a paciência tende a ser mais rentável do que a pressa.