O ouro voltou a estar em destaque nos mercados internacionais, depois de o preço ter ultrapassado, pela primeira vez, os 4.000 dólares por onça. Esta valorização reflete a procura crescente por ativos considerados “de refúgio” em períodos de incerteza económica e geopolítica. O metal precioso, que valorizou mais de 50% desde o início do ano, poderá ter o seu melhor desempenho desde 1979.
Ao contrário das ações ou das obrigações, o ouro não gera rendimentos regulares, mas tende a preservar o poder de compra e a proteger o património em períodos de crise financeira, inflação elevada ou instabilidade política. Além do seu caráter defensivo, o ouro desempenha um papel relevante na diversificação das carteiras de investimento. Estudos da State Street Global Advisors demonstram que uma alocação entre 2% e 10% em ouro, através de instrumentos como ETFs (ou ETCs), teria melhorado o retorno ajustado ao risco do portefólio, e reduzido as perdas máximas durante períodos de forte desvalorização nos mercados financeiros.
O preço do ouro é influenciado por diversos fatores, entre os quais se destacam:
- Taxas de juro reais: em períodos de taxas baixas ou negativas, ou seja, quando as taxas de juro ficam abaixo da taxa de inflação, o ouro tende a valorizar, dado o menor custo de oportunidade de o deter.
- Inflação: historicamente, o ouro tem funcionado como proteção contra a perda de poder de compra, sobretudo quando a inflação apresenta valores acima dos 5%, períodos em que o preço do metal valorizou, em média, mais de 16% ao ano.
- Dólar americano: uma desvalorização do dólar costuma traduzir-se numa valorização do ouro, dado que o metal é negociado em dólares nos mercados internacionais. Portanto, quando a moeda norte-americana perde valor, o ouro torna-se mais barato para investidores de outras moedas, aumentando a procura.
- Procura global: a acumulação de reservas por bancos centrais e a procura por parte de investidores institucionais e particulares têm um impacto direto sobre o preço.
Apesar de ser considerado um ativo de refúgio, o ouro não está isento de riscos. Pode desvalorizar em períodos de crescimento económico robusto ou subida das taxas de juro reais, e não gera qualquer rendimento passivo. Por essa razão, os especialistas sublinham que a sua presença numa carteira deve ser equilibrada e adaptada ao perfil e aos objetivos de cada investidor.
Em tempos de incerteza e volatilidade nos mercados, o ouro continua a ser visto como um pilar de estabilidade. Trata-se de um ativo que, apesar da sua antiguidade, mantém relevância no mundo financeiro moderno, servindo como reserva de valor e como elemento de proteção nas carteiras dos investidores.