Até há uns meses, muita gente nunca tinha ouvido falar em metaverso. Tudo mudou quando, no final de Outubro de 2021, Mark Zuckerberg anunciou o novo nome da empresa que detém o Facebook, o Instagram, o Messenger, o WhatsApp e a Oculus.
O grupo do Facebook passou a chamar-se Meta e a dúvida instalou-se: afinal, o que é o metaverso?
Trata-se de uma realidade 100% digital e imersiva onde o mundo físico e o virtual se fundem e tudo acontece, literalmente, na cabeça dos utilizadores. Através de um set de óculos e vários acessórios de realidade virtual, entra-se num mundo digital onde tudo se faz a partir de casa. Pode-se trabalhar, conhecer pessoas e conviver com elas, assistir a concertos e fazer compras. O metaverso pressupõe, também, a existência de uma economia completamente estruturada e funcional.
Se pensa que já consegue fazer isto tudo através do seu computador e que não há grandes novidades, desengane-se. Neste mundo, os utilizadores criam avatares à sua semelhança e vivem o dia-a-dia através deles. É essa uma das premissas do metaverso: ser um espaço online onde as pessoas podem passar tempo.
A ideia ganhou força e credibilidade durante 2020, graças à pandemia. Os confinamentos trancaram as pessoas em casa e obrigaram-nas a fazer tudo a partir dos seus gadgets. O teletrabalho passou da teoria à prática e as reuniões corporativas transformaram-se em videoconferências. As casas são, agora, escritórios e quase tudo o resto provou ser factível do sofá: compras, cursos, workshops, encontros com amigos, concertos e até consultas. O vírus fortaleceu o mundo digital e a tese de que estamos mesmo todos ligados.
Posto isto, o metaverso (ainda) é uma ideia abstrata e uma realidade distante. Afinal, está em causa a total transformação da Internet como a conhecemos e a criação de um universo 100% digital. De qualquer modo, tem um potencial gigante: a Bloomberg Intelligence estima que o tamanho do mercado do metaverso atinja os 800 mil milhões de dólares já em 2024.
Que ações podem beneficiar do metaverso?
O surgimento de um novo mercado é sinónimo de mais oportunidades para as empresas. O desenvolvimento de um universo de realidade virtual implica trabalho de várias áreas e setores, principalmente no que toca à tecnologia necessária para a sua concretização. Há muitas empresas que podem beneficiar do metaverso e estas são algumas delas.
Meta
Em 2014, a empresa de Mark Zuckerberg juntou a Oculus ao seu conglomerado, deixando algumas pistas de que o metaverso era o caminho a seguir. A startup de produção de equipamentos de realidade virtual juntou-se ao grupo a que já pertenciam empresas como o Facebook, o Messenger, o Instagram e o WhatsApp.
Alguns anos depois, em Agosto de 2021, o grupo lançou a Horizon Workrooms, um espaço de realidade virtual integrado na Oculus, através do qual os trabalhadores de empresas registadas na aplicação podem participar ativamente em reuniões, através dos próprios avatares.
O maior passo em direção ao metaverso ainda não tinha sido dado. Foi no final do mês de Outubro de 2021 que o grupo do Facebook passou a chamar-se Meta Platforms, Inc. ou Meta, e ditou o rumo da Internet do futuro. O novo nome da empresa corresponde aos esforços da equipa de Zuckerberg para transformar o mundo virtual como o conhecemos.
Nvidia
A Nvidia é uma fabricante de processadores gráficos e microchips (semicondutores) que tem sido beneficiada pela crise dos mesmos. Esta está a atrasar a produção e entrega de automóveis e gadgets eletrónicos, em todo o mundo.
Além disso, a empresa pode vir a afirmar-se como um importante player no mercado do metaverso, principalmente no que toca à construção de toda a infraestrutura necessária para a sua existência. O investimento da empresa em processadores de alta velocidade abre-lhe caminho neste universo.
Roblox
A Roblox é uma plataforma de jogos online em que os utilizadores podem criar os seus próprios universos virtuais, videojogos e interagir entre si. É, por isso mesmo, uma das empresas que pode beneficiar do metaverso.
No universo Roblox, que reúne mais de 40 milhões de utilizadores por dia, os jogadores são representados por avatares e têm à sua disposição uma série de conteúdos e experiências imersivas a que podem aceder através de uma moeda virtual (Robux), vendida pela empresa. A plataforma já serviu de palco para concertos virtuais e tem parcerias com várias marcas conceituadas, como a Gucci, que vende malas como adereços para os avatares.
Shopify
Já vimos que o metaverso pressupõe a existência de uma economia virtual completamente estruturada. Ora, é precisamente aí que entra a já conhecida empresa de e-commerce Shopify. Esta plataforma facilita a criação de lojas virtuais através do desenvolvimento de sites para as empresas e inclui uma série de ferramentas cruciais para o crescimento de pequenos negócios online. Poderá ser um pilar importante na construção da economia do metaverso.
De olhos postos no futuro, a Shopify comprou a aplicação de realidade aumentada Primer, onde os utilizadores podem ver o resultados de uma compra ou de um projeto aplicado no espaço onde o mesmo será inserido. Além disso, a empresa lançou uma plataforma de venda de NFTs (Non- fungible tokens) que permite aos criadores digitais venderem os seus conteúdos aos consumidores interessados.
Matterport
A Matterport é outra das empresas que pode beneficiar do metaverso. Trata-se de uma plataforma cujo software permite a captura de vídeo e a projeção 3D de espaços físicos. Através da Matterport é possível criar versões virtuais de apartamentos, escritórios, lojas ou museus. Esta é uma ferramenta muito útil para o mercado imobiliário, mas não só. No metaverso, o seu potencial é ainda maior, pela versatilidade de ambientes que se podem recriar e onde é possível navegar.
No último ano, o total de assinantes da plataforma aumentou 116% e, no terceiro trimestre de 2021, mais de 6,2 milhões de espaços digitais foram criados e carregados na Matterport.