Depois de uma subida acelerada dos preços em 2022, a inflação tem vindo progressivamente a abrandar na Zona Euro, Portugal incluído. Mas isto significa que os preços do dia a dia estão a descer? Como tem evoluído, em 2024, o custo dos bens essenciais, da habitação e dos combustíveis? Saiba tudo, neste artigo MoneyLab.
A inflação tem tido um impacto elevado nas carteiras das famílias, no pós-pandemia. Em 2022, uma escalada de preços provocou uma perda acelerada do poder de compra – e levou a que o Banco Central Europeu (BCE) começasse um ciclo de fortes subidas das taxas de juro diretoras da Zona Euro, como estratégia para controlar a inflação.
Ainda assim, muito mudou desde outubro de 2022, quando a inflação homóloga da Zona Euro chegou a um pico de 10,6%. A inflação tem vindo gradualmente a abrandar e os indicadores mais recentes reforçam a tendência: em agosto de 2024, o Índice de Preços no Consumidor da Zona Euro foi de 2,2%. Em Portugal, foi de 1,86%.
A inflação homóloga de agosto 2024 na Zona Euro regista o mínimo desde agosto de 2021 (no caso português, esse mínimo foi atingido em dezembro de 2023, com 1,42%). Perante a evolução da inflação europeia (a par de outros indicadores), o BCE decidiu, na reunião de 12 de setembro, reduzir novamente as taxas de juro diretoras.
As projeções mais recentes seguidas pelo BCE indicam que a inflação global chegue, em média, a 2,5% em 2024, 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026. De recordar que a meta da inflação pretendida pela instituição europeia é de 2% na Zona Euro.
Por outro lado, a inflação subjacente na Zona Euro (sem as componentes dos produtos alimentares e energia) está mais resistente a descidas, o que se justifica sobretudo pelo aumento dos preços dos serviços.
O abrandamento da inflação significa que o custo de vida diminui?
Não necessariamente. A inflação representa sempre um aumento generalizado dos preços dos bens e serviços (não de artigos específicos).
Quando a inflação abranda, mas mantém-se em valores acima de 0%, isto significa que os preços continuam a aumentar, de forma generalizada, mas não de forma tão acentuada como em meses anteriores. Ou seja, há um impacto menor na carteira das famílias, mas os preços continuam a aumentar (com consequente perda de poder de compra e desvalorização das poupanças paradas).
Como estão a evoluir os preços do dia a dia?
Bens essenciais – alimentação
Desde o início do ano que o preço do cabaz alimentar tem vindo, tendencialmente, a diminuir, ainda que, entre o final de junho e setembro, se tenha mantido relativamente estável. Os dados são da monitorização do custo do cabaz alimentar, feita pela DECO PROteste desde janeiro de 2022, para os mesmos 63 bens essenciais.
Na semana de 11 de setembro de 2024, o cabaz alimentar custava 227, 60 euros. A 10 de janeiro de 2024, o cabaz atingiu o patamar máximo desde o início da monitorização: 243,79 euros. Ou seja, em nove meses (entre janeiro e setembro 2024) regista-se uma diferença de 16,19 euros a menos.
No entanto, se formos comparar com os preços de outubro de 2022 (quando a inflação homóloga atingia o pico de 10,14% em Portugal), o valor do cabaz alimentar era bastante menor do que o registado aos dias de hoje: 210,82 euros, na semana de 26 de outubro de 2022.
Habitação
O valor médio das casas em Portugal continua a aumentar. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) dão conta de um valor médio de 1.644 euros por metro quadrado no primeiro trimestre de 2024, o que representa um aumento de 5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os preços mais caros do metro quadrado podiam ser encontrados em Lisboa (4.190 €/m2), Cascais (3.881 €/m2) e Oeiras (3.281€/m2).
No arrendamento, o aumento de preços é bastante mais acentuado. A renda média registada no primeiro trimestre de 2024 foi de 7,46 euros por metro quadrado, mais 10,5% do que no período homólogo (ainda assim, uma redução de 3,2% em relação ao último trimestre de 2023).
Combustíveis
Em relação aos combustíveis, os preços máximos históricos foram atingidos em junho de 2022, no ano em que a inflação acelerou.
Segundo as estatísticas oficiais da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), a gasolina 95 simples chegou, em junho de 2022, a um patamar máximo de 2,131€/litro. No final desse ano, o preço médio desceu para 1,611€/litro.
Em 2024, os preços médios da gasolina 95 estão bem mais baratos. Os valores de janeiro e setembro de 2024 são bastante similares (janeiro 2024: 1,652€/litro; setembro 2024: 1,658€/litro), depois de um ligeiro pico no início do segundo trimestre.
O gasóleo simples teve uma evolução semelhante. O seu máximo histórico registou-se em junho de 2022, com um preço médio de 1,982€/litro, diminuindo gradualmente até um mínimo de 1,43€/litro em maio de 2023.
Em janeiro de 2024, o preço médio do gasóleo estava nos 1,565€/litro e, em setembro, desceu ligeiramente para 1,53€/litro.