Como podemos identificar e proteger-nos dos esquemas de fraude financeira que estão cada vez mais sofisticados? Falamos-lhe sobre cinco sinais a que deve estar atento.
Todos os dias, milhares de pessoas perdem dinheiro com esquemas de fraude financeira. Um estudo da OCDE indica que, só em Portugal, 8% da população com Internet já foi vítima de fraude financeira digital. Além disso, mais de 20% das pessoas já foram vítimas de fraude com pagamentos, de acordo com dados de 2023 do Banco de Portugal – e, em 40,5% destes casos, não foi mesmo possível recuperar os fundos perdidos. Numa era em que a tecnologia potencia a evolução destas estratégias, torna-se cada vez mais difícil sentirmo-nos seguros.
Dentro destas fraudes financeiras, são vários os esquemas que podem existir. Esquemas de pirâmide, entidades de crédito não autorizadas, ou até mensagens de estranhos a fazerem-se passar pelo banco ou por familiares a precisar de um envio rápido de dinheiro. Perante os riscos, a melhor estratégia é procurar estar informado sobre estas situações e alerta aos sinais de fraude financeira.
Fraude financeira: 5 sinais a que deve estar atento
1. Endereços e números suspeitos
O primeiro passo de quem procura burlar? Obter informações da vítima. Geralmente, os alvos são contactados através de e-mail, mensagens ou chamadas telefónicas. Por isso, esteja atento a situações suspeitas e pense duas vezes antes de fornecer qualquer tipo de dados pessoais e financeiros.
Preste também atenção a sites e anúncios de origem duvidosa nas redes sociais antes de fazer qualquer transação ou subscrição – uma boa forma de os identificar é através de uma simples pesquisa no Google com o nome da entidade e a pergunta “é seguro?”.
2. Pedidos de informações
Já lhe aconteceu ser contactado pelo seu banco ou outra instituição financeira aparentemente credível a pedir informações pessoais ou financeiras? Esta é outra das formas mais comuns de burla ou fraude financeira, na qual os criminosos se fazem passar por uma entidade fidedigna. Para se defender, lembre-se de que os bancos e demais entidades financeiras já têm as informações necessárias e não fazem este tipo de pedidos através de canais não convencionais como Whatsapp, redes sociais ou e-mails não pertencentes à organização.
No caso de e-mails ou sites, esteja ainda alerta a erros de gramática ou uso de imagem/logotipo com diferenças em relação às imagens oficiais utilizadas pela entidade financeira.
3. Promessas de produtos financeiros com rentabilidade alta, rápida e garantida, sem riscos
Deparou-se com uma oferta de produto financeiro com rentabilidades altas, rápidas e garantidas, sem risco de perda de capital, que lhe parece demasiado boa para ser verdade? Desconfie.
Os investimentos dependem sempre da tríade rentabilidade-risco-liquidez e dificilmente é possível obter o melhor de cada um destes elementos. Uma expetativa de elevada rentabilidade pressupõe, por norma, um maior risco de perda de capital e/ou baixa liquidez.
Nunca invista o seu dinheiro num produto que não percebe. Analise sempre as condições de cada produto e o histórico da entidade que está a fazer a proposta (mesmo que lhe seja recomendado por um amigo ou familiar, uma vez que o mesmo pode estar a ser vítima de fraude financeira).
4. Movimentos estranhos na conta bancária
Atualmente, muitos malfeitores aproveitam-se da tecnologia contactless e das novas facilidades de pagamento para retirar dinheiro às vítimas através de aparelhos e estratégias avançadas. Por isso, esteja atento aos movimentos das suas contas e alerte o seu banco sempre que detetar alguma atividade suspeita.
Para se precaver, proteja as suas aplicações financeiras com passwords secretas, configure-as para só permitirem transferências com impressão digital ou código e estabeleça limites para as tecnologias contactless e NFC, que podem ser atacadas por dispositivos de proximidade.
5. Downloads e pedidos de permissão suspeitos
Sempre que clica num link duvidoso e instala um programa no seu computador ou telemóvel, pode estar a correr perigo de fraude. Por isso, seja criterioso nos ficheiros em que faz download, independentemente de se tratar de links recebidos em supostos e-mails institucionais ou de recomendações de amigos cujas contas podem estar sob domínio de burlões.
Considere sempre o propósito das aplicações e esteja atento a pedidos estranhos. Consulte avaliações online antes de descarregar qualquer tipo de aplicação ou software.
Como lidar com tentativas de fraude financeira?
Não responder e bloquear
Assim que detetar um contacto suspeito, pare de responder e bloqueie-o, de modo a prevenir o agravamento da situação e a evitar problemas futuros.
Sinalizar como negócio ou página perigosa
Sempre que se deparar com um contacto, uma página ou uma entidade duvidosa, sinalize a situação da forma possível. Nas redes sociais, é possível denunciar diretamente as entidades suspeitas, fazendo com que sejam investigadas e eventualmente bloqueadas. Existem também websites dedicados à partilha de testemunhos sobre páginas e negócios fraudulentos, na quais pode partilhar a sua experiência e alertar outros utilizadores.
Alertar o banco em caso de impostores
Se percebeu ou desconfia que alguém se está a fazer passar pelo seu banco, partilhe esta situação de imediato com a entidade. O seu banco saberá como proceder e esclarecerá possíveis dúvidas que possa ter.
Saiba mais: Como recuperar dinheiro de uma burla.
Fui vítima de fraude ou burla. Como devo proceder?
Se foi vítima ou desconfia de que pode estar numa situação de tentativa de fraude financeira, é importante tomar medidas imediatas.
Caso tenha forma de cortar o acesso do malfeitor ao dinheiro ou às informações comprometidas, faça-o o mais depressa possível, bloqueando o contacto, contactando o banco e/ou congelando o cartão bancário em questão, dependendo do esquema fraudulento em causa.
Porque estamos a falar de crimes graves, deve também apresentar uma queixa formal junto das autoridades competentes. Dirija-se a autoridades policiais – como PSP, GNR e Polícia Judiciária –, ao Ministério Público, à Comissão Nacional de Proteção de Dados ou à Direção-Geral do Consumidor. Existe ainda a possibilidade de apresentar queixa online, através do Sistema de Queixa Eletrónica.