Os bancos a operar em Portugal poderão ser “ligeiramente mais restritivos” nos critérios de concessão de crédito a particulares no primeiro trimestre deste ano. O alerta foi deixado hoje pelos bancos que antecipam ainda uma diminuição da procura de crédito dos particulares, particularmente acentuada no segmento da habitação.
De acordo com o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito divulgado hoje pelo Banco de Portugal, as expetativas dos bancos para o primeiro trimestre de 2023 relativamente à oferta apontam para “critérios de concessão de crédito mais restritivos para empresas (em maior grau para PME e transversal à maturidade dos empréstimos) e ligeiramente mais restritivos para particulares”.
Esta tendência já se tinha verificado nos últimos três meses do ano passado, altura em que os critérios de concessão de crédito foram “ligeiramente mais restritivos nos empréstimos concedidos a PME, tanto de curto como de longo prazo e nos particulares, ligeiramente mais restritivos no crédito à habitação”.
A procura por crédito também deverá recuar no primeiro trimestre de 2023. Segundo as expectativas dos bancos, nas empresas deverá assistir-se a uma “ligeira diminuição da procura de empréstimos por PME e em empréstimos de longo prazo” e, em sentido contrário, um “ligeiro aumento da procura em empréstimos de curto prazo”. Já nos particulares, os bancos estimam uma “diminuição da procura, particularmente acentuada no segmento da habitação”.
A diminuição da procura de empréstimos por parte de particulares já se tinha verificado nos últimos três meses do ano, sobretudo para aquisição de habitação, explicada pelos factores: “a confiança dos consumidores e o nível geral das taxas de juro e, em menor grau, as perspetivas para o mercado da habitação contribuíram para reduzir a procura de crédito à habitação”.
Os bancos confirmam que, nos últimos doze meses, os critérios de concessão de crédito “tornaram-se ligeiramente mais restritivos” e que, também no mesmo período temporal, os spreads aplicados pelos bancos sofreram um “ligeiro aumento”.
Para os próximos doze meses, os bancos estimam a aplicação de “critérios de concessão de crédito a empresas e a particulares ligeiramente mais restritivos e ligeiro aumento dos spreads, em particular nos empréstimos a empresas”.