O Barómetro que acompanha a incrível viagem dos 1000 euros através dos mercados durante a pandemia O que podem os investidores aprender com as lições da bolsa de valores? A pandemia desencadeou um período de enorme volatilidade nos mercados bolsistas a nível global.
Com o objetivo de medir o impacto da pandemia nos mercados e nos investimentos financeiros dos investidores, criámos um Barómetro que monitoriza os movimentos de mercado e através do qual seguimos os ganhos e as quedas de um investimento original de 1.000 euros concretizado em janeiro de 2020, imediatamente antes do início da Covid-19.
É certo que o investimento em bolsa se trata de um negócio a longo prazo, mas na prática é difícil ficar indiferente à mancha mediática dramática que nos relata a evolução e impacto da pandemia e não ir verificar de imediato o valor dos seus investimentos.
Como pode treinar a sua resiliência?
A solução passa por acompanhar o desempenho de um investimento inicial através de uma periodicidade mensal e nesta ótica ir acompanhando os seus desenvolvimentos ao longo do tempo, tendo uma perspetiva mais fiável relativamente ao seu desempenho no futuro.
O que é que esta análise mensal nos diz? Para começar, ajudará a explicar algumas das principais tendências que estão a impulsionar a rentabilidade das empresas. Ao longo do tempo, estas tendências deverão, em última análise, influenciar o valor das suas ações.
Mas ainda mais importante deve salientar como, a curto prazo, os investidores são influenciados pelas suas emoções. O “medo versus a ambição” a que frequentemente se assiste- e o que isto significa para o valor real de uma empresa, em termos da sua capacidade de vender bens e serviços e de obter lucros, torna-se diferente do seu valor de mercado.
Por outras palavras, preparar os investidores para os momentos mais voláteis e de maior incerteza, ajudando à tomada de decisões mais rigorosas e equilibradas.
Como funciona?
De acordo com as imagens ilustradas em baixo, verá que começámos por fazer um investimento imaginário de 1.000 euros em janeiro de 2020. Investimos nas ações que compõem o índice S&P500. Este índice engloba 500 das grandes empresas cotadas nas bolsas de valores dos EUA, sendo um dos índices de mercado mais seguidos do mundo. Se o S&P500 subir, o nosso investimento também subirá e vice-versa, e pelo mesmo montante. Por outro lado, introduzimos uma variação na data do mês em que valorizamos a nossa participação, com o intuito de identificarmos s alguns dos acontecimentos mais dramáticos desse mês.
As últimas atualizações aparecerão sempre no topo, mas se deslizar para baixo poderá observar a incrível viagem dos 1.000 euros através dos mercados…
15 de fevereiro 2021 – 1.215,80 euros
No final de janeiro assistimos à loucura da GameStop, um pequeno retalhista, muitas vezes considerado como estando perto do fim da sua sobrevivência, mas cujas ações subitamente aumentaram 1.500% em cerca de três semanas. Este fenómeno foi provocado por pequenos e grandes investidores que, num frenesim, opuseram uma negociação a curto prazo. O episódio da GameStop deixou comentadores e investidores preocupados com o facto dos mercados terem entrado num estado de euforia – o tipo de ambiente de mercado normalmente associado a uma bolha pouco antes de rebentar.
Apesar das oscilações verificadas, em meados de fevereiro o mercado estava de novo perto do seu ponto mais alto.
Uma das causas que mais influenciou o otimismo foi a continuação da administração de vacinas a nível global, com sucesso. Apesar da agitação política nos EUA com o edifício do capitólio em Washington a ser invadido por manifestantes, Joe Biden e Kamala Harris tiveram uma cerimónia de inauguração pacífica, enquanto novos presidente e vice-presidente dos EUA. Os mercados reagiram de forma positiva à assinatura de 17 ordens executivas por parte de Joe Biden, entre as quais se incluía o acordo climático de Paris.
8 de janeiro 2021 – 1.182,34 euros
O positivismo verificado no final de 2020 prosseguiu para o início do novo ano, à medida que os mercados continuam a evidenciar um dinamismo assinalável. As vacinas estão a ser administradas em todo o mundo, embora o sucesso do plano de vacinação varie de país para país. O S&P atinge o seu ponto mais alto de sempre, aproximando-se da marca dos 4.000, com 3.824,68. Há menos de um ano tinha caída para 2.237.
4 de dezembro 2020 – 1.,143,53 euros
Estamos agora mais de 10% acima do nosso valor inicial, o que se traduz num grande retorno e, particularmente, numa altura em que as taxas de juro em todo o mundo estão perto de zero (ou mesmo abaixo de zero), e durante um ano de crises em precedentes!
Apesar das novas restrições que muitos países puseram em vigor ao longo do mês de novembro, os mercados continuam a crescer e a recuperar dos dias sombrios. Os investidores parecem comportar-se como se estivessem a emergir de um túnel escuro: não só o seu capital permanece intacto, mas também se tem comportado bastante bem, graças às superpotências tecnológicas (como a Tesla) e às importantes medidas dos bancos centrais, como a Reserva Federal.
Com o surgimento das notícias em torno do lançamento das vacinas, 2020 parece terminar em alta, tanto na esfera económica como social.
6 de novembro de 2020 – 1.084,88 euros
A notícia por que todos esperam, chega finalmente. A empresa farmacêutica Pfizer anuncia uma vacina que é mais de 90% eficaz contra a Covid-19. Mas não são os únicos a anunciar uma vacina bem-sucedida. Apenas uma semana mais tarde, a Moderna lança uma comunicação dizendo que desenvolveu uma vacina que é 94,5% eficaz. Para os mercados isto é uma grande novidade. Após meses de incerteza, parece haver agora um caminho mais claro pela frente. Algumas empresas tecnológicas são um pouco atingidas, mas setores como o das viagens começam a reaparecer.
Além da Covid-19, Joe Biden é declarado vencedor nas eleições americanas. Para os mercados, isto é globalmente positivo, uma vez que é visto como um maior apoio a medidas fiscais, o que deverá impulsionar a recuperação. Mas isto não é bem o fim da história das eleições.
2 de outubro de 2020 – 1.035,11 euros
Fora dos mercados financeiros, os efeitos da pandemia ainda se fazem sentir com o Presidente dos EUA, Donald Trump, a anunciar que ele e a Primeira Dama Melania Trump tiveram um teste positivo e com Trump a ser hospitalizado.
O número global de mortes, por esta altura, está a caminhar para um milhão, pelo que a pandemia continua a ter um sério impacto na vida social. No final de setembro, o Primeiro-Ministro Boris Johnson anuncia um novo conjunto de restrições sobre o Reino Unido.
Há, no entanto, boas notícias sobre as vacinas, uma vez que a Organização Mundial de Saúde anuncia que dois terços da população mundial aderiram à sua iniciativa de distribuição de vacinas COVAX para fornecer dois mil milhões de doses até ao final de 2021.
2 de setembro de 2020 – 1.092,18 euros
Os mercados estão ligeiramente à deriva, mas o estado de espírito permanece geralmente positivo. Os picos do S&P500 a 3,588 e os meses baixos de março e abril parecem ser um passado económico distópico.
A vida não regressou certamente ao seu estado normal, mas alguns aspetos da vida comum começam a ser sentidos novamente.
7 de agosto de 2020 – 1.035,99 euros
E eis que chegamos lá! Pela primeira vez, desde fevereiro, o nosso investimento está de volta à sua soma original (e mais um pouco). As empresas de tecnologia continuam a liderar o caminho, com um grande número de inscritos na Apple TV, Netflix e Amazon Prime. As cinco maiores empresas, as FAMAGs (Facebook, Amazon, Microsoft, Apple e Google), representam um quarto do valor total do S&P 500. Assustador? Talvez, mas os investidores não parecem muito incomodados. Após a queda de 7% em junho, as ações americanas verificam um aumento de quase 7%, o que se traduz no melhor desempenho de agosto desde os anos 80. No caso da Apple, esta viu a sua capitalização bolsista exceder os 2 triliões de dólares – a primeira empresa cotada na bolsa a fazê-lo.
Mas a pandemia continua e muitas empresas são deixadas para trás, num mercado que se tornou desarticulado e pesado.
1 de julho de 2020 – 957,24 euros
Sem surpresas, os mercados não continuam a recuperar em linha reta. Agora o grande receio é uma segunda vaga. Os mercados caíram 7% em meados de junho e existe a preocupação de que possa estar a ocorrer outro colapso económico. Mas não é isso que acontece. Apesar de ter sido um mês em baixa, as ações americanas registam o seu melhor trimestre único em mais de 20 anos, enquanto no início de julho, as ações chinesas atingem o seu ponto mais alto em cinco anos. A Ásia parece estar a sair do outro lado da crise e o mundo ocidental começa a procurar inspiração no Leste. Lentamente, muito lentamente, o investimento de 1.000 euros está a aproximar-se da sua soma original de quatro dígitos.
3 de junho 2020 – 955,07 euros
No início de junho, quase todo o valor que tinha sido perdido em março está de volta – com o S&P 500 a regressar ao ponto em que estava no início de 2020. O Banco Central Europeu anuncia um estímulo adicional de 600 mil milhões de euros, elevando a resposta total à Covid para um total de 1,35 milhão de biliões de euros. Os EUA comprometeram-se com mais 2 triliões de dólares. Os mercados podem estar mais felizes, mas a pandemia não mostra ainda sinais de abrandamento, com as empresas de biotecnologia a trabalhar aceleradamente para uma vacina eficaz. Existe a esperança de que os lockdowns possam chegar ao fim.
6 de maio 2020 – 888,58 euros
Um tom mais otimista é agora estabelecido entre os investidores, com a recuperação do preço das ações em curso. Grande parte da recuperação do mercado deve-se ao aumento das Big Tech, com as ações da Apple, Amazon e Netflix a subirem drasticamente. À medida que o mundo se habitua cada vez mais a trabalhar, fazer compras, fazer zoom e Netflixing em casa, as empresas Big Tech prosperam. Outros setores estão a sofrer muito com os bloqueios nacionais. Neste momento, o pior parece ter ficado para trás em termos do colapso do mercado. março está a tornar-se uma memória algo distante aos olhos dos investidores.
As bolsas atingem o seu ponto mais alto desde que a crise sanitária foi declarada uma pandemia global – e o investimento de 1.000 euros está a ser recuperado.
1 de abril 2020 – 769,90 euros
Depois do pânico de março, há alguns sinais súbitos de mudança de humor nos mercados em abril. A Reserva Federal e o Congresso concordaram num acordo de estímulo em massa para travar o deslize e as ações respondem com recuos.
A pandemia tem dominado o mundo com os EUA a confirmar mais de um milhão de casos e países em toda a Europa a fechar as suas fronteiras e a entrar em pleno lockdown. Embora haja alguma recuperação nos mercados, há ainda um longo caminho a percorrer para recuperar a queda de 33% desde o início do ano.
20 de março de 2020 – 712,53 euros (ponto mais baixo)
Perdemos agora quase 30% do nosso dinheiro inicial – e ainda nem sequer estamos a três meses do ano.
A Reserva Federal, o Banco Central Europeu e o Banco de Inglaterra anunciam uma variedade de ações, mas os mercados não estão tranquilos. O S&P sofre o seu pior dia em mais de 30 anos desde a segunda-feira negra, e as quedas do mercado são visíveis a nível global. O pânico atinge o clímax à medida que os investidores se apressam a vender. Com os investidores inseguros do que um encerramento económico global pode significar para as empresas, muitos decidem que é mais seguro simplesmente sair. Os preços das ações em certos setores – tais como viagens e turismo – registam quedas abrutas.
Muitos países entram em encerramento, com obrigações e ações a cair nos mercados financeiros. Isto já não é apenas uma crise de saúde, mas também uma crise financeira total.
No final de março, os nossos €1.000 encolheram em €287,47
4 de março de 2020 – 938,69 euros
As atitudes cautelosas revelam-se corretas. Itália torna-se o centro dos casos europeus e começa a fechar-se a fim de conter o surto. Os stocks de viagens são os mais atingidos desde o 11 de setembro, e as ações em geral caem quase um terço – uma escala de queda semelhante à verificada durante a crise financeira. Os investidores começam a comprar títulos do Estado enquanto procuram segurança e proteção, ao passo que os bancos centrais ripostam com cortes nas taxas e outras medidas de emergência.
As coisas não podiam ficar muito piores mas ficam. O petróleo cai 30% com a Arábia Saudita a iniciar uma guerra de preços com a Rússia no meio do agravamento da crise de saúde.
A crise de saúde global é rotulada como pandemia pela OMS a 11 de março.
5 de fevereiro 2020 – 1.024,73 euros
O termo “coronavírus” começa a aparecer nos media durante o mês de janeiro e os stocks na China atingem o seu maior sucesso em 13 anos. No entanto, as ações recuperam bem, com investidores aparentemente confiantes de que o vírus não terá um enorme impacto económico. No entanto, alguns comentadores têm uma nota de desconfiança, com casos de coronavírus a começarem a ser registados nos EUA e na Europa.
1 de janeiro de 2020 – €1.000
2020 começa com otimismo, uma vez que as ações dos EUA atingiram o ponto mais alto de sempre.
A calma dissipa-se rapidamente, à medida que as tensões entre o Irão e os EUA se reacendem, assustando os investidores. Entretanto, em Wuhan, China, o surto de uma doença altamente contagiosa começa a ser notícia de primeira página.
Considerações de risco
O valor dos investimentos e os rendimentos deles provenientes podem descer e subir e os investidores podem não recuperar os montantes originalmente investidos.
O desempenho passado não é um guia para o desempenho futuro e pode não ser repetido.