O ouro registou ontem uma queda acentuada de mais de 5%, a maior desde 2013, num movimento que apanhou muitos investidores de surpresa. A descida foi desencadeada pela recuperação do dólar norte-americano e pelo alívio (temporário) das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.
Apesar deste recuo, o contexto macroeconómico continua favorável ao ouro. Em 2025, o metal tem sido um dos ativos com melhor desempenho a nível global, beneficiando da procura por parte dos bancos centrais, que procuram diversificar as suas reservas e reduzir a exposição ao dólar, e de investidores que procuram um ativo de refúgio num ambiente de inflação persistente, taxas de juro reais baixas e incerteza geopolítica. O ouro funciona como proteção contra a perda de poder de compra e contra riscos financeiros, uma tendência reforçada pelo aumento da dívida pública nos EUA.
Desde o início do ano, o ouro apresenta uma valorização impressionante de cerca de 58%, superando largamente o desempenho de índices como o S&P 500 ou até de empresas de inteligência artificial. A forte procura por parte dos investidores asiáticos e a entrada de capitais em fundos/ETFs cotados de ouro têm sustentado esta subida, o que leva muitos analistas a considerar que a correção de ontem foi mais um ajuste técnico do que uma inversão da tendência.