Que diferenças existem entre os salários de homens e mulheres, em Portugal? Como tem evoluído o fosso salarial, ao longo do tempo? E como se compara Portugal com outros países europeus, em termos de igualdade salarial?
Em Portugal, os salários dos homens continuam a ser superiores aos das mulheres e, pela primeira vez numa década, esse fosso aumentou. Os dados são do Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens 2024, com dados referentes a 2022, elaborado pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP) do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS).
Em média, as mulheres ganham menos 13,2% do que os homens em termos de salário base e menos 16,0% em termos de ganhos totais (remuneração base, prémios, subsídios regulares e remuneração por trabalho suplementar. Este indicador demonstra que, pela primeira em dez anos, a desigualdade salarial está a aumentar.
Como é que isso se traduz em euros? A diferença salarial significa que, a cada mês, as mulheres recebem menos 160 euros (base) ou 235,10 euros (ganhos totais).
O Barómetro avalia também o fosso salarial ajustado – ou seja, quando se tem em conta o ajuste a critérios específicos (profissão, qualificação, habilitação e antiguidade) para obter um “valor mais fino”, sem características que possam estar a influenciar o valor da desigualdade salarial.
No fosso salarial ajustado, os homens continuam a ganhar mais do que as mulheres, em média, embora não de forma tão acentuada: mais 8,9% no salário base e 11,5% nos ganhos totais.
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Igualdade salarial na Europa: Portugal ocupa o 16º lugar
No ranking da desigualdade salarial, Portugal ocupa o 14º lugar entre os países da União Europeia e o 16º lugar quando se olha para todos os países europeus, de acordo com dados do Eurostat.
A realidade europeia integra realidades muito diferentes. O Luxemburgo é o país com melhor desempenho em termos de igualdade salarial, com uma diferença inferior a 1% (as mulheres recebem mais 0,7% do que os homens). Do lado oposto está a Estónia, onde os homens ganham mais 21,3% do que as mulheres.
Nota: A avaliação do fosso salarial entre homens e mulheres tem por base o indicador “Gender Pay Gap” (GPG), tanto em Portugal, como na Europa. Quanto mais afastado do 0 (em valores positivos ou negativos), maior é a desigualdade salarial de um país. Se for um valor acima de 0, tal significa que os homens ganham mais. Se for um valor abaixo de 0, são as mulheres que recebem mais do que os homens.