Já deu por si a fazer uma compra, por impulso, na Black Friday para depois se aperceber que a oportunidade não era assim tão boa? Ou que o artigo até estava mais barato noutra loja? Para proteger a sua carteira de excessos, maus negócios e até burlas, o MoneyLab reuniu alguns dos erros mais comuns na Black Friday – e boas estratégias para que não corra riscos desnecessários.
O final de novembro é sinónimo de Black Friday, um dia de promoções generalizadas em lojas, produtos e serviços. A data é importada diretamente dos Estados Unidos e tem associado, cada vez mais, um período de campanhas que complementa a Black Friday: além da Cyber Monday, com promoções em compras online, muitas lojas optam por criar campanhas ao longo de vários dias, semanas e até mesmo um mês completo.
Em 2023, a Black Friday acontece no dia 24 de novembro e a Cyber Monday a 27 de novembro. Estes são dias de algumas boas oportunidades para adquirir produtos e serviços a um preço mais em conta, mas atenção: o impulso consumista pode não ser, muitas vezes, o melhor conselheiro.
Para o ajudar a navegar melhor na Black Friday, deixamos-lhe oito erros comuns a evitar quando o tema são promoções e descontos. Tudo para que, se decidir mergulhar nas oportunidades desta época, o possa fazer com segurança para a sua carteira.
8 erros na Black Friday que deve evitar
1. Não monitorizar os preços com antecedência
O histórico de anteriores Black Fridays mostra que muitas lojas anunciam grandes promoções em certos artigos que, na prática, não são assim tão bons como anunciado. Ano após ano, há muitas irregularidades na Black Friday: desde falsos “preços riscados”, comparações de preços enganadoras e até preços que são aumentados antes da redução dos preços (para assim parecer que há uma promoção, quando na verdade o preço acaba por ser igual ou até superior ao habitual).
Um dos erros na Black Friday é olhar apenas para os preços deste dia, sem monitorizar o que está para trás, ou seja, sem ver como mudou esse preço ao longo do tempo.
Para evitar enganos, é importante investigar sempre se a oferta que encontrou se traduz numa real redução de preços. Acompanhe os preços do artigo que quer comprar nas semanas que antecedem a Black Friday. O preço em promoção é realmente o mais baixo que já viu para este artigo? A redução de preço anunciada é real? O preço foi aumentado recentemente, antes da campanha, apenas para simular uma promoção (enganadora) na Black Friday ou Cyber Monday? Tenha tudo isto em conta antes de avançar para uma compra.
2. Comprar logo, sem comparar
Tão importante como analisar o histórico de preços na loja, é perceber os preços praticados no mercado. Ou seja, comparar a oferta de preços de outras lojas para esse mesmo produto. Só assim poderá perceber se a promoção compensa e se está mesmo a adquirir o produto pelo preço mais barato possível.
A evolução do comércio eletrónico e as várias ferramentas de comparação de preços disponíveis gratuitamente na Internet tornam muito mais simples esta análise da oferta de várias lojas (nacionais e internacionais). Não há, por isso, desculpas para continuar os erros de comprar logo, sem comparar preços, na Black Friday.
3. Comprar por impulso (e o que não precisa)
Já analisou o histórico de preços, comparou com a oferta de outras lojas e tem a certeza: está perante uma promoção muito atrativa da Black Friday. Mas será que, ainda assim, vale mesmo a pena comprar?
A popularidade e o frenesim associado à Black Friday são alavancas a compras por impulso e, na ânsia de agarrar uma boa oportunidade, acabamos por ter a tentação de encher carrinhos de compras (físicos e virtuais) de artigos que, na verdade, não precisamos – e que, talvez, nem venham a ser utilizados.
Para proteger a sua carteira, evite o erro comum de comprar só por comprar. Mantenha a cabeça fria e as emoções de lado antes de concretizar a compra e pense duas vezes (ou mais): precisa mesmo deste artigo? Seria algo que ponderaria comprar mesmo sem a promoção? O valor da despesa cabe no seu orçamento mensal?
4. Comprar em sites falsos ou fraudulentos
As compras online trouxeram diversas vantagens ao mundo do retalho, incluindo a comodidade de comprar sem sair de casa, mas incorporam também novos riscos. As ciberfraudes estão cada vez mais sofisticadas e, no vasto mundo da Internet, é preciso ter muito cuidado para garantir que só faz compras em sites seguros – em altura de promoções e no resto do ano.
Existem diversos esquemas fraudulentos nas compras online, como estes exemplos:
- Sites falsos, que não vendem os produtos anunciados e só querem os seus dados/dinheiro.
- Sites falsos, com nome e aspeto igual aos de marcas conhecidas, também com o objetivo de obter dados/dinheiro.
- Mensagens/informações fraudulentas (por e-mail, SMS, mensagens ou perfis de redes sociais), com links para sites falsos ou para descarregar ficheiros (“infetados” com malware).
- Anúncios online, que remetem para sites falsos.
Proteja a sua carteira deste tipo de burlas e proceda sempre com cautelas nas compras online. Desconfie de ofertas demasiado boas para serem verdade, não clique em links recebidos por mensagem ou redes sociais, faça uma pesquisa por críticas reais deixadas por outros clientes da loja, opte por formas de pagamento seguras e verifique, na barra de endereço, se o site de compras onde está tem uma conexão segura (símbolo de um cadeado fechado e URL começada por “https”).
5. Acreditar no que é demasiado bom para ser verdade
Este é um dos conselhos para evitar fraudes online, mas que serve também para compras físicas: esteja alerta a ofertas demasiados boas para ser verdade.
Se há uma grande redução do valor, se o preço é demasiado baixo em relação ao mercado, desconfie e analise sempre com cautela a oportunidade de compra. Verifique, cuidadosamente, as “letras pequeninas”, o histórico de preços, a reputação e a segurança da loja em que vai comprar. Até pode ser que, feita a análise, seja mesmo uma oportunidade a não perder, mas evite agir por impulso. É que o barato pode, muitas vezes, sair demasiado caro.
6. Não fazer contas aos custos escondidos
Outro dos erros na Black Friday é ficar menos atentos a custos escondidos, que vão além do preço em destaque, uma vez que a atenção está toda nas promoções.
Analise sempre as condições de cada compra, o que está incluído no artigo e se há valores adicionais que tem de pagar, como custos de expedição, embalamento ou outros. Por vezes, o que iria poupar com a promoção acaba por ficar diluído com outros custos (e poderá, até, acabar por gastar mais do que o valor do artigo antes da promoção).
Quando ponderar a compra de um artigo em promoção e o comparar com outras ofertas no mercado, faça sempre as contas ao valor total (incluindo estes custos escondidos), para evitar más decisões.
7. Não ter uma estratégia, nem um patamar de gastos
Tal como nas compras do mês, é importante encarar a Black Friday com planeamento, caso opte por aproveitar as promoções desta data. Analise previamente os preços, como referido, e a partir daí trace uma estratégia bem definida de compras para garantir que não dispersa atenções (e acaba a comprar, por impulso, algo que não precisa).
Em simultâneo, é importante que estipule um patamar máximo de gastos na Black Friday que respeite o seu orçamento familiar para despesas pontuais. Com o frenesim de compras e a vontade de aproveitar uma promoção por tempo limitado, poderão existir riscos de excessos, endividamentos e desequilíbrio das contas do mês, por impulso. Ter um valor estipulado, à partida, ajuda a um maior controlo do dinheiro gasto.
8. Pensar nas promoções da Black Friday como poupança, não como gastos
É muito comum associar-se promoções a poupança. Frases como “aproveitei a promoção e poupei 300 euros” ou “ainda bem que esperei para comprar, poupei 70 euros na Black Friday” são habituais. No entanto, este é um erro crasso quando se pensa em compras e descontos. As promoções, por muito atrativas que se apresentem, não são poupanças, são gastos.
Vamos a um exemplo: imagine que está interessado num computador com um preço de 1700 euros e que tem adiado essa compra por falta de disponibilidade financeira. Na Black Friday, o mesmo computador passa a custar 1100 euros e resolve comprá-lo. Poderá pensar que está a poupar 600 euros, mas a verdade é que se trata de um gasto real de 1100 euros (ainda que possa vê-lo como um gasto inteligente) e não uma poupança. Nada foi poupado – e muito menos investido.
Ter estes conceitos em mente é importante para que olhe para as promoções da Black Friday de forma mais racional, integradas no seu orçamento familiar e nos seus objetivos de curto, médio e longo prazo.
Precisa mesmo de fazer esta compra (e aproveitar a promoção) ou mais vale pôr o dinheiro de lado, poupar e, até, usá-lo para investir em si e no seu futuro? A opção é sua, de acordo com as suas prioridades e necessidades financeiras.