A época natalícia é especial para todos, mas sobretudo para os mais novos, que vibram com a ideia do Pai Natal e dos presentes. Esta é uma altura de grande consumismo, em que as crianças querem tudo o que veem. Pode ser difícil dizer-lhes que não, mas é muito importante fazê-lo: há famílias com orçamentos muito apertados que nunca devem ser ultrapassados. Isso trará consequências negativas para todos.
Pode ser o momento ideal para começar a falar com os miúdos sobre dinheiro e poupança. Há alguns conceitos financeiros que devem ser introduzidos o mais cedo possível e que os vão ajudar a perceber que não podem ter tudo aquilo que desejam.
Mais do que isso, estas aprendizagens serão levadas para a vida. Ao abordar o tema com os mais novos, estará a educá-los e a aumentar a sua literacia financeira. Deve abordar o assunto de forma próxima, simples e prática. Estes são alguns dos pontos que deverá ter em atenção.
A diferença entre necessidade e desejo
Explicar a diferença entre necessidade e desejo pode ser um bom ponto de partida para falar com os miúdos sobre dinheiro. Enquanto há coisas que têm mesmo de ser compradas e que são necessárias para o dia-a-dia, como produtos alimentares e roupa, há outras que compramos porque queremos, e não por precisarmos delas. Sempre que o orçamento é mais limitado, a necessidade tem de vir à frente do desejo, ou ficará comprometida.
Aos mais novos, esta diferença pode ser facilmente explicada pela comparação entre brinquedos e comida. É também importante que entendam as consequências de uma má decisão e que o dinheiro não estica: algumas compras sacrificam outras. Por exemplo, se entre um jogo de consola e um produto alimentar, preferirem o jogo, isso pode significar que não poderão comprar comida durante algum tempo.
O conceito de poupança
Em relação à poupança, o mais difícil é explicar às crianças que não podem ter tudo o que querem, por mais que queiram. É através da poupança que podem comprar aquilo que desejam, mas até essa tem regras. Para adquirirem algumas coisas, não podem ter outras. Se gastarem o dinheiro todo de uma vez, têm de começar do zero.
Um bom exercício de poupança é oferecer-lhes um mealheiro (o mais transparente possível) e incentivá-los a colocar algumas moedas, sempre que puderem. Ao verem o dinheiro a crescer, ficarão mais reticentes em gastá-lo todo e vão desejar aumentar a poupança. Adicionalmente, podem estabelecer um objetivo para o dinheiro que vai para o mealheiro — aí está o verdadeiro significado de poupar.
A importância de doar
Perca tempo com as crianças a perceber que brinquedos, livros ou roupa estão a mais e podem ser doados. Este exercício é importante para o desenvolvimento pessoal e ajuda a sedimentar as noções de necessidade e desejo. Afinal, não precisam de tudo o que têm e podem ajudar os outros.
Para que os miúdos sintam que estão a fazer algo realmente positivo e uma diferença na vida de alguém, envolva-os, totalmente, no processo e leve-os consigo no momento de doar. Afinal, trata-se de algo que todos devemos fazer, regularmente, na escala das nossas possibilidades.
Falar abertamente sobre o tema
A relação que as crianças têm com o dinheiro tem repercussões na vida adulta. Deste modo, fazer das finanças familiares um tabu é garantir que crescem com muito pouca noção do valor do dinheiro e a responsabilidade que a sua gestão envolve. Uma vez que é algo com que terão mesmo de lidar, no futuro, quanto mais cedo começar o processo de familiarização, melhor.
Para que tal aconteça de forma natural, mais do que falar com os miúdos sobre dinheiro, deve envolvê-los no orçamento familiar e nas decisões de compra. Mostre-lhes moedas e notas, leve-os às compras, ensine-os a comparar preços de produtos e a distinguir o barato do caro. Quanto mais à vontade estiverem com as finanças da família, mais interessados ficarão e menos erros tenderão a cometer, no futuro.
Oiça o episódio do podcast MoneyBar em que Bárbara Barroso dá algumas dicas sobre como ensinar as crianças a poupar e a investir.