Quer aproveitar as vantagens de investir em ações, mas ainda não deu os primeiros passos? Deixamos-lhe algumas ideias práticas para perder o medo de investir em bolsa, com mais confiança em si.
Para quem está a dar os primeiros passos no mundo dos investimentos, a bolsa de valores pode parecer, simultaneamente, uma opção muito atrativa e um “monstro de sete cabeças” difícil de compreender.
Perante o desconhecimento e os riscos – até porque não há garantias que protejam o capital investido de possíveis perdas –, muitos investidores optam por ficar de fora da bolsa. Este receio é partilhado até por quem já começou a investir noutro tipo de instrumentos – como títulos de dívida pública e PPR, por exemplo –, mas que adia indefinidamente a entrada no mercado bolsista.
O medo de investir em bolsa está relacionado, sobretudo, com o medo de perder o dinheiro, uma vez que não há garantias que protejam o capital investido de possíveis perdas.
Mas existem outros entraves: a volatilidade do mercado (e consequente ansiedade constante) e a perceção de que não se tem conhecimento suficiente para saber em que títulos investir e como construir uma carteira sólida são também fatores dissuasores.
Estas hesitações acabam por impedir os investidores de beneficiar da exposição aos títulos financeiros negociados em bolsa, como é o caso das ações de empresas, a classe de ativos mais atrativa, de forma geral, para quem investe num horizonte de longo prazo. Nos últimos 20 anos, por exemplo, o retorno médio anual do índice norte-americano S&P 500 foi de 10,2%.
Tendo em conta riscos e expetativas de retorno, como perder o medo de investir em bolsa? Deixamos-lhe alguns passos que pode seguir.
7 ideias para perder o medo de investir em bolsa
1. Invista em conhecimento
O primeiro passo contra o medo é aumentar o seu próprio conhecimento sobre conceitos, riscos e funcionamento do mercado – que não é tão complexo como aparenta. Aumentar a sua literacia financeira sobre investimentos permite-lhe estar mais confiante das suas estratégias e escolhas, diminuindo também riscos desnecessários.
É importante que perceba que, mesmo com conhecimento, poderá chegar à conclusão de que investir na bolsa pode não ser o mais adequado para si – e preferir outros investimentos. Mas será uma decisão baseada em conhecimento e não no medo.
Investidores principiantes podem sentir-se mais confortáveis em recorrer a um gestor de conta ou um consultor financeiro. Mesmo que o faça, nunca descure a evolução do seu próprio conhecimento – só assim conseguirá perceber e analisar as propostas dos analistas. Nunca invista em algo que desconhece ou não percebe.
2. Conhecer o seu perfil de investidor e tolerância a perdas
Relacionado com o ponto anterior, deverá aumentar o seu conhecimento também em relação ao seu próprio perfil de investidor e à sua tolerância pessoal a perdas de capital.
Os investidores cabem em diferentes perfis, de acordo com o que mais privilegiam entre rentabilidade e segurança, podendo ser mais conservadores (foco maior na segurança), equilibrados ou dinâmicos (foco maior na rentabilidade, com maior tolerância a perdas).
Ao conhecer o seu perfil, poderá ajustar os seus investimentos de forma mais adequada para si, gerindo as suas expetativas e os riscos associados. Poderá fazer o teste MoneyLab para conhecer o seu perfil.
Tenha em conta, no entanto, que não é por ser mais conservador que precisa de ter medo de investir em bolsa. Poderá ter uma carteira de acordo com o perfil conservador e, ainda assim, manter uma componente de ações, ainda que numa proporção reduzida no portfólio – desde que faça sentido para si.
3. Reduza o medo de investir em bolsa com investimentos mais pequenos
Se a ideia de investir na bolsa lhe causa ansiedade, sobretudo devido ao risco de perdas do capital, uma estratégia possível pode ser começar por montantes pequenos e objetivos modestos. Desta forma, poderá familiarizar-se com o funcionamento dos mercados e ganhar progressivamente mais confiança, limitando o potencial de perdas.
Com o mesmo objetivo de limitar as perdas, lembre-se de que poderá ainda usar um mecanismo de “stop-loss” nas suas ações. Ou seja, configurar um patamar de preço a partir do qual é executada uma ordem automática de venda da ação. Assim, estará a limitar previamente um valor de perda máxima que lhe seja tolerável.
4. Explorar outras opções de investimento negociadas em bolsa
Outra estratégia para começar de forma gradual e, dessa forma, perder o medo de investir em bolsa, pode ser explorar alternativas de investimento.
Em vez da compra tradicional de ações por inteiro, poderá optar, por exemplo, pelo investimento em ações fracionadas – ou seja, em vez de deter uma ação, vai deter uma fração da mesma.
Com as ações fracionadas, as eventuais perdas ou ganhos serão, naturalmente, uma fração do título por inteiro. Por outro lado, pode ser um primeiro passo mais acessível para quem está a começar a investir na bolsa porque o capital em risco é menor e torna mais acessível a participação em empresas cujo preço das ações é mais elevado.
Em alternativa, poderá também começar por investir em ETF (Exchange-Traded Funds), que são fundos de investimento negociados em bolsa como se fossem ações e que replicam índices ou cabazes de referência. Nesse caso, tem a vantagem de beneficiar de uma maior exposição ao mercado e de um preço mais atrativo do que se tivesse de investir nas várias ações individualmente. Há também a possibilidade de investir em ETF fracionados.
5. Seguir uma estratégia de investimento
Lançar-se no mercado bolsista sem um caminho claro pode ser um gatilho para decisões precipitadas, baseadas em pânico, e de forma pouco estruturada.
Para evitar estes riscos desnecessários – e também assim diminuir o medo de investir na bolsa – é importante que baseie os seus investimentos numa estratégia clara, para um portfólio adequado ao seu perfil de investidor e que lhe permita alcançar os seus objetivos financeiros.
Dentro da sua estratégia de investimento, e qualquer que seja o seu perfil, é fundamental que a sua carteira seja diversificada. Um portfólio diversificado permite uma maior proteção contra a volatilidade de mercado.
6. Abraçar a incerteza e manter a cabeça fria
O medo de investir na bolsa resulta da perceção do risco elevado e da volatilidade dos mercados. É verdade que não há garantias na bolsa. Por isso mesmo, a melhor abordagem é mentalizar-se que esta volatilidade existe, sem deixar que a mesma o assuste.
Esteja atento à atualidade financeira e acompanhe as notícias dos mercados e dos setores em que investe, mas sem se deixar consumir pela ansiedade. É importante que olhe para esta dinâmica de forma racional, com foco na estratégia de longo prazo, e que controle os impulsos de comprar e vender de todas as vezes que aconteça uma mudança no mercado.
Até porque há maior probabilidade de sucesso numa estratégia de investimento de longo prazo para o seu portfólio do que ao tentar acertar nos momentos certos para comprar ou vender (a velha máxima de que “time in the market beats timing the market”).
7. Faça contas ao custo de oportunidade
O medo faz com que muitas pessoas adiem consecutivamente começar a investir no mercado acionista, à espera de um suposto momento ideal. Para o ajudar a desbloquear este primeiro passo e perder o medo de investir em bolsa, uma ideia poderá ser fazer as contas ao custo de oportunidade. Ou seja, quanto está a perder por cada dia em que não investe, a partir de rentabilidades médias passadas.
Tenha em conta que as rentabilidades passadas não são uma garantia de rentabilidades futuras, e este será sempre um cálculo ilustrativo e não real. Ainda assim, poderá funcionar como um incentivo pessoal para que pare de adiar os seus investimentos.