Os portugueses continuam a retirar as suas poupanças dos bancos, nomeadamente dos depósitos a prazo. Só em 2023, as famílias retiraram mais de 7,6 mil milhões de euros dos depósitos, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal, esta terça-feira, 2 de Maio.
Segundo a instituição “em Março de 2023, o stock de depósitos de particulares nos bancos residentes reduziu-se pelo terceiro mês consecutivo.”
Por outro lado, a crescer, estão os Certificados de Aforro, que têm sido o instrumento preferido dos portugueses para alocar as suas poupanças.
No final do mês de Março, os portugueses tinham 174,8 mil milhões de euros em depósitos, ou seja, menos 3 mil milhões de euros do que no final de Fevereiro. Acontece que, “no mesmo período, as subscrições liquidas dos Certificados de Aforro aumentaram 3,5 mil milhões de euros”, revela o Banco de Portugal.
A transferência dos depósitos para os Certificados de Aforro pode ser justificada pela remuneração dos mesmos que, no mês de Março, atingiu o seu teto máximo, de 3,5%.
Segundo a instituição, relativamente ao mesmo mês do ano passado, “os depósitos dos particulares nos bancos residentes decresceram 0,3%. Esta taxa de variação anual negativa traduz uma redução dos depósitos, o que já não acontecia desde 2017. Recorde-se que o crescimento dos depósitos estava a abrandar desde Novembro de 2022.”
Já no que toca aos depósitos das empresas, os números continuaram a aumentar. “No final de Março de 2023, o stock de depósitos de empresas nos bancos residentes era de 65 mil milhões de euros, mais 0,9 mil milhões de euros do que em Fevereiro. Estes depósitos cresceram 2,6% relativamente a Março de 2022, o que representa um abrandamento em relação aos 5,1% observados em Fevereiro”, refere a nota estatística divulgada hoje.
Créditos para comprar casa diminuem e empréstimos para consumo aumentam
Relativamente aos empréstimos aos particulares, o Banco de Portugal refere que se verificou uma diminuição na concessão de créditos para aquisição de habitação.
No final do mês de Março, foram emprestados um total de 99,7 mil milhões de euros, menos 0,1 mil milhões face ao mês anterior. “A concessão destes empréstimos desacelerou, relativamente ao mês homólogo do ano anterior, pelo oitavo mês consecutivo: a taxa de variação anual passou de 4,8% em Julho de 2022 para 1,9% em Março de 2023.”
Em sentido contrário, o crédito ao consumo aumentou 4,6% quando comparado com o período homólogo, para 20,6 mil milhões de euros.