O índice de referência nacional, o PSI, fechou Janeiro com uma valorização de 2,8%. Diz o adágio dos mercados financeiros que “as January goes, so goes the year”, ou seja, “como vai janeiro, vai o ano inteiro”, mas será que a profecia vai concretizar-se em 2023?
A Bolsa de Lisboa entrou em 2023 com o pé direito e terminou Janeiro com uma valorização de 2,8%, suportada pelos ganhos de dois dígitos arrecadados pela Mota-Engil, BCP e CTT. O pódio das cotadas portuguesas que mais valorizaram foi então ocupado pela construtora, que disparou 45,3%, seguida pelo banco que subiu 33,4% e pelos Correios de Portugal que cresceram 15,42%.
No caso da Mota-Engil, Pedro Lino, CEO da Optimize Investment Partners, explica ao MoneyLab que a empresa “está a beneficiar da uma subida continuada na sua carteira de encomendas superior a 14 mil milhões de euros, bem como da melhoria das condições nos países onde opera. A subida do preço alvo por parte do Caixabank está também a contribuir, juntamente com a eleição do novo CEO, para uma maior visibilidade da empresa e cristalização do valor em bolsa”.
A “recuperação da banca europeia com a subida dos juros e recuperação da margem financeira”, são os argumentos para a subida do BCP em Janeiro. Pedro Lino explica que “o fim do custo com os depósitos junto do BCE ajuda à recuperação da rentabilidade, bem como a racionalização da estrutura de custos feita ao longo dos últimos anos, que preparou o banco para um eventual aumento dos incumprimentos”.
“Os CTT após a forte desvalorização de 2022, está a beneficiar do interesse de institucionais no Banco CTT, da recuperação do sector da banca, da procura pelos certificados de aforro e crescimento do negócio”, justifica Pedro Lino.
Em sentido inverso, a Altri, a Navigator e a EDP Renováveis foram as cotadas que registaram as maiores desvalorizações no primeiro mês do ano, com perdas de 7,53%, 6,95% e 3,09%, respetivamente.
Cotada | Variação YTD | Market Cap JAN 2023 |
Altri | -7.53% | €949,349,378 |
BCP | 33.40% | €2,951,762,238 |
Corticeira Amorim
|
4.24% | €1,208,970,000 |
CTT | 15.42% | €516,719,250 |
EDP | -2.10% | €18,075,574,053 |
EDP Renováveis | -3.09% | €19,158,332,541 |
Galp Energia | -0.28% | €9,519,677,828 |
Greenvolt | -1.41% | €1,070,209,964 |
Jerónimo Martins | -1.19% | €12,548,106,807 |
Mota-Engil | 45.30% | €521,519,115 |
Navigator | -6.95% | €2,285,742,384 |
NOS | 4.12% | €2,029,735,837 |
REN | 0.20% | €1,684,657,937 |
Semapa | -1.94% | €984,992,400 |
Sonae | 0.11% | €1,872,000,000 |
Fonte: Cálculos do MoneyLab
Bolsa de Lisboa perde 353 milhões
Apesar da valorização do índice, a capitalização bolsista das 15 empresas que compõem o PSI recuou 0,47%, o que equivale a uma perda de 353 milhões de euros. Se no final de 2022, a capitalização bolsista conjunta das cotadas portuguesas ascendia a 75,73 mil milhões de euros, no final de Janeiro o market cap total do PSI era de 75,37 mil milhões.
“O índice PSI é composto por diversas empresas que têm cada uma a sua ponderação no índice. As empresas de maior capitalização bolsista, pesam mais no índice e vice-versa, mas não existe proporcionalidade nestes pesos. Por exemplo, se compararmos a EDP Renováveis com o BCP, a primeira vale 19,1 mil milhões de euros e o segundo 2,9 mil milhões, ou seja a EDPR vale 6,58 vezes o MillenniumBCP. No entanto o peso no índice da EDPR é de 12,2% contra os 8,3% do MillenniumBCP, ou seja 1,47 vezes o MillenniumBCP. Daqui concluímos que a valorização do MillenniumBCP teve um peso superior no índice, proporcionalmente, à desvalorização positivamente para a performance do índice”, justifica Pedro Lino.
Ganhos do PSI longe dos pares
A valorização de 2,8% do PSI representa um ganho tímido quando comparado com as subidas expressivas das suas congéneres europeias, mais concretamente com os ganhos de 12,2% da Bolsa de Milão, de 9,78% do congénere espanhol Ibex-35, de 9,4% do francês CAC-40, de 8,65% do alemão Dax Xetra, e de 4,29% do britânico FTSE-100.
Já os índices de referência europeus bateram máximos de vários anos, com o Stoxx 600 a subir 6,67% no primeiro mês do ano – o melhor Janeiro desde 2015 – e com o Stoxx 50 a crescer quase 10%, naquele que é o seu melhor arranque de ano de sempre.
No outro lado do Atlântico, o balanço de Janeiro é igualmente positivo. O benchmark S&P 500 valorizou mais de 5% e teve o melhor Janeiro em quatro anos, o industrial Dow Jones subiu 2% e já o tecnológico Nasdaq disparou quase 10%, naquela que foi a melhor performance mensal desde Julho do ano passado.
Como vai janeiro, vai o ano inteiro?
Um dos adágios mais famosos nos mercados financeiros é “As january goes, so goes the year”, ou seja este provérbio de Wall Street quer dizer que, muitas vezes, é o mês de janeiro que dita a tendência das bolsas no resto do ano. Tendo em conta os ganhos arrecadados pelos mercados acionistas mundiais em Janeiro é, por isso, expectável um 2023 positivo para os mercados?
“Assim diz o adágio! Eu espero que o ano de 2023 feche positivo quer para ações quer para obrigações, não obstante a volatilidade que ainda vamos assistir. Os próximos anos deverão apresentar retornos interessantes para os investidores”, acrescenta Pedro Lino.