Ao contrário do que previa, inicialmente, o período inflacionário que vivemos parece cada vez menos transitório. Nos últimos meses, os preços têm vindo a subir, e estão a bater recordes de décadas na zona Euro e nos Estados Unidos. Falta saber quando é que o cenário se inverte, mas nada indica que os próximos tempos tragam novidades nesse sentido.
Este contexto de inflação traz inquietações aos consumidores, mas também aos investidores, que podem sentir-se mais perdidos sobre que rumo seguir com as suas carteiras. Todos se querem adaptar, saber quais os investimentos certos e que empresas conseguirão atravessar este período de cabeça erguida.
Em tempos como este, importa fazer boas escolhas. Veja-se o caso de Warren Buffett, presidente da Berkshire Hathaway e um dos maiores investidores de todos os tempos, que geriu com sucesso a carteira de ações da empresa, durante o período de inflação elevada da década de 1970, na sequência da crise petrolífera de 1973.
Ações à prova de inflação
A experiência a lidar com um momento de inflação elevada levou Warren Buffett a refletir sobre este tipo de acontecimento. Em 1981, na habitual carta anual aos acionistas da Berkshire Hathaway, destacou duas características que tornam as empresas mais resistentes à inflação.
Segundo o investidor norte-americano, as capacidades de aumentar preços facilmente, sem perder clientes, e de expandir o negócio sem grandes custos, são aspetos fulcrais a ter em conta.
Com estes requisitos em mente, há cotadas que se destacam no portefólio da Berskshire Hathaway. Estas são algumas das ações preferidas de Warren Buffett para fazer face à inflação.
American Express
A American Express é uma das mais populares empresas de serviços financeiros e uma possível aposta em períodos inflacionários. É a terceira maior posição da Berkshire Hathaway, que detém mais de 151 milhões de ações da empresa, numa participação que vale acima de 25 mil milhões de dólares (cerca de 22 mil milhões de euros).
Ora vejamos: por cada transação efetuada com um cartão American Express, os comerciantes pagam uma percentagem à empresa. Se os preços aumentam para os consumidores, o valor auferido pela American Express também sobe. Deste modo, a empresa vê mais dinheiro a entrar e consegue ganhar com a inflação.
Ainda no mundo do crédito, a Berkshire Hathaway possui ações de empresas como Visa e a Mastercard, mas em proporções muito inferiores do que as da American Express.
Coca-Cola
A posição consolidada e a acessibilidade dos seus produtos colocam a Coca-Cola num bom patamar de segurança. A empresa de bebidas pode ser considerada como um negócio “à prova de crise” e está na lista de ações preferidas de Warren Buffett.
Seja qual for o cenário, as diversas marcas da empresa vão continuar a ser acessíveis a grande parte dos bolsos e largamente consumidas. A Coca-Cola está no portefólio de Warren Buffett desde 1980, numa participação de 400 milhões de ações da empresa, que equivale a aproximadamente 21 mil milhões de dólares (cerca de 18,7 mil milhões de euros).
Apple
A gigante norte-americana é a maior posição da Berkshire Hathaway e representa mais de 40% do seu portefólio. São cerca de 900 milhões de ações que se traduzem em mais de 125 mil milhões de dólares (111 mil milhões de euros), o que não é de estranhar dado o desempenho da empresa nos últimos anos.
A verdade é que ninguém quer ficar de fora quando o assunto são produtos da Apple. O carimbo da maçã é um fenómeno global e prova disso é a quantidade de dispositivos ativos que a empresa tem: no ínicio de 2021, eram mais de 1,65 mil milhões em todo o mundo.
Se, por um lado, as empresas concorrentes da Apple vendem produtos bem mais acessíveis, por outro, há muita gente que não abdica dos produtos da marca. Deste modo, ainda que os preços aumentem, as vendas não diminuem assim tanto. A empresa fundada por Steve Jobs tem o selo de aprovação de Warren Buffett.