A “earnings season” arrancou nos Estados Unidos e já são conhecidos os resultados da banca norte-americana. Na sua grande maioria, os lucros trimestrais ficaram acima das estimativas dos analistas, suportados pelo aumento das receitas e pela subida dos juros, mas foram igualmente pressionados pelo reforço substancial de provisões para cobertura de potenciais perdas de crédito, sinalizando um possível abrandamento ou mesmo recessão económica.
Damos-lhe a conhecer os resultados trimestrais de seis instituições financeiras norte-americanas: JP Morgan, Morgan Stanley, Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs e Wells Fargo:
JP Morgan
O JP Morgan Chase & Co., maior banco dos Estados Unidos, anunciou um aumento de 6% do seu lucro no quarto trimestre, impulsionado pelas taxas de juro, que elevaram as receitas com juros para um patamar recorde. O lucro atingiu os 11 mil milhões de dólares, ou 3,57 dólares por ação, acima dos homólogos 10,4 mil milhões de dólares, ou 3,33 dólares por ação. O valor supera os 3,07 dólares por ação esperados pelos analistas.
Já as receitas aumentaram 17% para os 35,57 mil milhões dólares, suportadas pelas taxas de juro mais elevadas que impulsionaram os negócios de crédito, e a margem financeira do banco disparou 48%, para 20,2 mil milhões de dólares, um recorde trimestral.
No entanto, a instituição constituiu provisões de 2,3 mil milhões de dólares para crédito mal parado justificando com “a moderada deterioração do cenário macroeconómico da firma, que reflete agora uma recessão como cenário central”.
Morgan Stanley
O Morgan Stanley também divulgou resultados que bateram as expectativas de Wall Street, suportados pelas receitas recorde de gestão de fortunas e pelo crescimento do seu negócio de corretagem, apesar de terem recuado face ao período homólogo.
O lucro no quarto trimestre desceu para os 2,11 mil milhões de dólares, ou 1,26 dólares por ação, face aos homólogos 3,59 mil milhões, ou 2,01 dólares por ação. Contudo, as estimativas dos analistas apontavam para um lucro por ação de 1,19 dólares. As receitas do Morgan Stanley no quarto trimestre caíram para 12,75 mil milhões dólares, face aos homólogos 14,52 mil milhões, superando as previsões dos analistas que apontavam para receitas de 12,64 mil milhões.
“Apresentámos resultados sólidos no quarto trimestre apesar do contexto difícil de mercado”, afirmou o CEO do banco, James Gorman, em comunicado.
Bank of America
O Bank of America também apresentou lucros e receitas acima do esperado, beneficiando com os juros mais elevados cobrados nos empréstimos. O lucro no quarto trimestre atingiu os 7,1 mil milhões de dólares, ou 0,85 dólares por ação, em comparação com os 7 mil milhões, ou 0,82 dólares por ação, no trimestre homólogo. As receitas cresceram 11% para 24,5 mil milhões de dólares. Os analistas de Wall Street esperavam lucros de 0,77 dólares por ação e receitas de 24,17 mil milhões de dólares.
A margem financeira – a diferença entre os juros pagos nos depósitos e os cobrados nos créditos – cresceu 29% para os 14,7 mil milhões de dólares, “impulsionada pelas taxas de juro mais elevadas, menores despesas com prémios de amortização e crescimento sólido dos empréstimos”.
Citigroup
Apesar de ter divulgado uma queda, os lucros do Citigroup Inc. também bateram as expectativas dos analistas. O lucro do quarto trimestre caiu para os 2,5 mil milhões de dólares, ou 1,16 dólares por ação, face aos homólogos 3,2 mil milhões, ou 1,46 dólares por ação. Os analistas previam resultados de 1,14 dólares por ação.
Já as receitas aumentaram 6% para 18 mil milhões de dólares, ligeiramente acima das estimativas dos analistas, que apontavam para os 17,9 mil milhões. Excluindo desinvestimentos, as receitas subiram 5%, com o impacto da subida das taxas de juro nas empresas e o forte crescimento dos empréstimos a serem parcialmente contrariados pela queda na banca de investimento e nas receitas dos produtos de investimento na gestão de fortunas.
Em sentido inverso estiveram o Goldman Sachs e o Wells Fargo que não conseguiram superar as estimativas dos analistas de Wall Street.
Goldman Sachs
Há 10 anos que o Goldman Sachs não falhava tanto as previsões dos analistas. O banco anunciou um lucro trimestral foi de 1,33 mil milhões de dólares, uma queda de 66% em relação ao ano anterior, o equivalente a 3,32 dólares por ação, abaixo dos 5,48 dólares por ação esperados pelos analistas, o equivalente a um diferencial de 39% que não era tão elevado desde Outubro de 2011.
As receitas do Goldman atingiram os 10,59 mil milhões de dólares, uma queda de 16% face ao período homólogo e abaixo dos 10,76 mil milhões previstos pelos analistas.
A penalizar os resultados esteve a constituição de uma provisão de 972 milhões de dólares para perdas de crédito e o aumento de 11% dos custos operacionais, para os 8,1 mil milhões de dólares, devido a maiores remunerações, taxas de transação, entre outros.
Wells Fargo
O Wells Fargo reportou uma queda de lucros de 50% no quarto trimestre, falhando igualmente as estimativas dos analistas, fortemente penalizados pelos mais de 3 mil milhões de dólares em custos relacionados com um escândalo de contas falsas e pelo aumento das reservas para perdas com empréstimos para uma possível desaceleração económica.
A quarta maior instituição financeira de concessão de crédito anunciou um lucro de 61 cêntimos por ação, face aos homólogos 1,38 dólares por ação, abaixo dos 66 cêntimos por ação estimados pelos analistas. Já receitas recuaram 5,7% para os 19,6 mil milhões de dólares, face aos homólogos 20,9 mil milhões.