O mundo acionista é de risco, mas com rentabilidades potenciais atrativas. Proteja-se de vulnerabilidades desnecessárias e conheça o que deve saber antes de investir em ações.
Pretende começar a investir em ações e beneficiar da exposição à bolsa, mas hesita em saber se está pronto para este passo? Do perfil de investidor aos custos adicionais e informação sobre a empresa onde pretende investir, deixamos-lhe seis fundamentais que deve saber antes de investir em ações.
O que devo saber antes de investir em ações?
Confirme estes 6 aspetos essenciais
1. O seu perfil de investidor e tolerância ao risco
Conhecer o seu perfil de investidor – que tem em conta a tolerância à perda e ao risco – é fundamental para que possa fazer investimentos adequados a si (no mercado acionista e não só).
Os perfis podem ser mais conservadores, equilibrados (ou moderados) e arrojados (ou dinâmicos), de acordo com o que é mais valorizado dentro do binómio rentabilidade/segurança. Um investidor mais conservador privilegia a segurança do seu capital, enquanto um investidor mais arrojado valoriza a rentabilidade, em detrimento da segurança.
Tenha em conta, no entanto, que um perfil mais conservador não é sinónimo de que não poderá ter ações no seu portfólio de ativos, mesmo considerando que este é um instrumento de risco elevado. Deverá ter apenas atenção à proporção que as ações têm no seu portfólio: no caso de um perfil mais conservador, o investimento em ações deve ser mais limitado, para não prejudicar a segurança geral da sua carteira.
2. A sua margem de segurança contra imprevistos
As boas práticas das finanças pessoais recomendam que constitua um fundo de emergência contra imprevistos antes de se lançar para novos patamares de investimento, como é o caso do investimento em ações. Desta forma, terá salvaguardado um pé-de-meia capaz de o proteger contra imprevistos, numa espécie de alicerce de segurança da sua jornada financeira. E, assim sendo, mesmo com investimentos de menor liquidez, com foco no longo prazo e/ou perante perdas, terá sempre uma almofada para urgências financeiras.
O seu fundo de emergência deverá ter um valor equivalente a entre seis e 12 meses das suas despesas mensais.
3. A sua estratégia de longo prazo
É importante que baseie os seus investimentos numa estratégia adequada a si, aos seus objetivos, ao horizonte temporal de investimento e montantes disponíveis. Este plano será uma espécie de guia que lhe permite olhar para os seus investimentos de forma racional, ancorando-o aos seus objetivos. Por exemplo, ao começar a investir em bolsa pode ficar entusiasmo com os seus resultados – e ficar tentado a investir mais do que tinha planeado naquele ativo ou setor. Ou, no sentido oposto, ficar assustado com um mau momento e precipitar-se nas suas decisões. Ter uma estratégia ajuda-o a não correr riscos desnecessários e a nunca perder de vista os seus objetivos e tolerância ao risco.
Claro que pode – e deve – ajustar a sua estratégia ao longo do tempo, caso as circunstâncias da vida e do mercado assim o exijam. Não se esqueça, contudo, da velha máxima “time in the market beats timing the market”. Ou seja, há maior probabilidade de sucesso ao seguir uma estratégia de investimento de longo prazo do que tentar acertar nos momentos certos para negociar a compra e venda de ações.
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4. Como diversificar os seus investimentos
Relacionado com a sua estratégia de investimentos, é importante que perceba, antes mesmo de começar a investir, que a sua carteira de ativos deve ser diversificada em termos de diferentes classes de ativos, de diversas geografias, setores, divisas, entre outros, de forma a poder gerir o risco.
Assim, poderá começar a investir em ações já com essa ideia de dividir os seus ovos por vários cestos. Ao diversificar, estará a salvaguardar-se, por exemplo, de que se a conjuntura afetar os resultados de um setor em que tenha investido, terá ações noutro setor não afetado (ou que poderá até estar em tendência positiva).
Uma alternativa para maior diversificação poderá ser investir noutros instrumentos financeiros, como ETF (exchange-traded funds) ou fundos de investimento, que já podem beneficiar de uma carteira diversificada de ativos. Contudo, mesmo que invista através destes tipo de produtos, é importante que analise a composição das carteiras dos mesmos para perceber que são verdadeiramente diversificados.
5. O impacto dos custos adicionais nos seus investimentos
Quando analisar os seus investimentos, ganhos e prejuízos, lembre-se do impacto das comissões e impostos, sob o risco de tomar opções que depois lhe saem caras e prejudicam o seu capital e rentabilidade esperada.
Além da tributação fiscal sobre mais-valias, juros, dividendos e outros rendimentos, tenha em conta que existem diversas comissões associadas ao investimento, como comissões de subscrição, de resgate, de gestão, de corretagem ou de câmbio, por exemplo.
Quando escolher a corretora através da qual vai investir em ações, analise o respetivo preçário e todos os custos adicionais de comissões e taxas. Poderá, por exemplo, simular diversos cenários de investimento e rentabilidade para perceber, na prática, qual poderia ser o impacto dos custos cobrados (somados à tributação do quadro fiscal em vigor).
6. Informação sobre as empresas e setores onde vai investir
Um investimento feito apenas “por instinto” ou por indicação de um amigo ou familiar tem todos os ingredientes para poder correr muito mal, uma vez que desconhece a empresa ou o setor onde vai investir. Poderá ter mais probabilidades de ser bem-sucedido ao investir em ações, num horizonte de longo prazo, se estiver familiarizado com os indicadores financeiros de uma empresa, fazendo as necessárias comparações históricas e setoriais.
Olhar para um histórico de rentabilidade é relativamente fácil, mas tentar antecipar o desempenho de uma ação no futuro é muito mais complexo – e exige tempo dedicado a analisar a empresa, o setor e as dinâmicas de mercado.
A literacia financeira é um aliado fundamental na sua jornada financeira como investidor – no mercado acionista e não só.