Depois de uma pandemia e de um 2022 marcado pela guerra na Ucrânia, o próximo ano promete ser ainda mais desafiante. As atenções dos investidores já estão viradas para 2023, com a esperança de que os mercados financeiros registem desempenhos positivos, mas se vai investir saiba que existem vários riscos que poderão surgir durante o próximo ano.
Perante a incerteza e a imprevisibilidade sobre o que acontecerá em 2023, os analistas contactados pelo MoneyLab antecipam o que esperar dos mercados financeiros e das economias mundiais, naqueles que poderão ser alguns dos riscos que deverá considerar antes de investir o seu dinheiro.
Contração económica
A nível económico, as previsões da Comissão Europeia apontam para uma inflação da Zona Euro nos 6,1%, e que o crescimento no PIB da Zona Euro seja de 0,3%, em 2023. Nos Estados Unidos, as previsões para o crescimento da maior economia mundial são de apenas 0,5%, para o próximo ano, com uma inflação estimada de 3,1%.
Neste sentido, os analistas alertam para a possível contração das economias mundiais. António Seladas, CFA e responsável pela AS Independent Research, afirma que, para 2023, “o ‘consensus’ em geral aponta para uma contração da economia, recuo dos níveis de preços e alguma estabilização das políticas monetárias depois de, em 2022, os Bancos Centrais terem surpreendido pela agressividade nas subidas das taxas de juro”.
Mas este não é o único risco económico que deverá ter em atenção antes de investir o seu dinheiro em 2023. Segundo Rui Pacheco, Head of Investments do Banco Best, ao nível económico, o consenso aponta para que “se comecem a notar os efeitos da subida de taxas pelos bancos centrais” e, nesse sentido, “existe alguma probabilidade de que as principais economias possam passar por um período de recessão”.
Recessão a caminho?
A expectativa do possível aparecimento do ‘fantasma’ da recessão é igualmente partilhada por Pedro Lino, CEO da Optimize Investment Partners, que além de qualificar 2023 como “desafiante” para as principais economias, vai mais longe ao afirmar que “a economia europeia não vai escapar a uma recessão”.
“Os EUA ainda podem escapar a uma recessão, mas a subida de juros verificada em 2022 está a começar a ter um forte impacto nos sectores chave da economia como na construção e imobiliário”, acrescenta.
O cenário de recessão na Europa foi recentemente reconhecido pelo Banco Central Europeu (BCE), com a presidente, Christine Lagarde, a admitir uma recessão “relativamente curta e ligeira”, com dois trimestres negativos no quarto trimestre de 2022 e primeiro trimestre de 2023.
“A economia da zona euro poderá ter uma contração no trimestre atual e no primeiro trimestre de 2023, devido à crise energética, incerteza elevada, atividade económica global a enfraquecer e condições monetárias mais apertadas”, alertou o BCE.
Na prática, e de acordo com António Seladas, CFA e responsável pela AS Independent Research, a maior dúvida “regista-se ao nível do ritmo do abrandamento. Ou seja, uma desaceleração suave e níveis de preços a estabilizarem ou uma recessão grave, devido a um aperto monetário forte para conter a inflação”.
Volatilidade elevada
Já nos mercados financeiros, os especialistas estimam que no próximo ano continuem a refletir uma volatilidade elevada que, segundo Nuno Sousa Pereira, Diretor de investimentos da Sixty Degrees, se deverá a “vários fatores, com os principais destaques a serem: incerteza geopolítica; continuação da política de subida de taxas de juro, embora em menor dimensão relativamente a 2022; recessão global para a qual ainda não existe visibilidade sobre a intensidade e duração”.
A previsão é corroborada por João César das Neves, economista e Professor da Católica Lisbon School of Business & Economics, que considera que 2023 “apresenta-se cheio de volatilidade, com um grau de incerteza anormalmente alto. Isso é excelente para especuladores e muito mau para todos os demais”.
Ano difícil para o mercado acionista
No que a classes de ativos diz respeito, os especialistas dos mercados financeiros antecipam um 2023 mais complicado para as ações, mas interessante para as obrigações.
De acordo com Rui Pacheco, Head of Investments do Banco Best, os mercados de ações “podem ainda ter um ano difícil, já que é possível que os resultados futuros das empresas possam ainda corrigir em baixa, o que pode levar ao ajustamento do preço esperado para algumas ações”.
Em sentido inverso, o responsável antecipa que nos mercados obrigacionistas, “alguns mercados parecem estar agora a níveis interessantes, especialmente o americano e alguns emergentes, não tanto na Europa, em que as atuais yields parecem suficientes para compensar o risco de investimento nestes ativos”.
Para enfrentar e tentar superar estes (e outros) riscos que poderão ocorrer no próximo ano, é aconselhável uma estratégia de investimento bem delineada, definindo um perfil de risco adequado, com o horizonte temporal e montante de investimento associados, sem esquecer a importância da alocação de ativos e a diversificação da carteira de investimentos.
Disclaimer: Todo o conteúdo tem apenas fins informativos e educacionais e não constitui qualquer recomendação ou aconselhamento financeiro. O leitor deverá sempre fazer as suas próprias análises e recolher diferentes tipos de informações antes de tomar qualquer decisão de investimento.