A pandemia impediu-nos de viajar e, depois, mudou a forma como o fazemos. Obrigou-nos a dar mais atenção aos imprevistos e a querer garantir o máximo de eventualidades possível. Quase dois anos depois do aparecimento dos primeiros casos de COVID-19, na China, o mercado das viagens ainda não está completamente recuperado do choque, mas as perspetivas são animadoras. Com o aumento do volume das deslocações, espera-se que também a adesão aos seguros de viagem aumente.
“A expectativa é, por um lado, que o volume de viagens venha, em breve, a superar até os níveis anteriores a 2020 e, por outro, que o seguro tenha uma presença crescente na contratação destas viagens”, explica a Associação Portuguesa de Seguradores (APS), em declarações ao MoneyLab. A pandemia terá contribuído “para o reconhecimento da utilidade do seguro, sobretudo de coberturas que nem sempre eram devidamente valorizadas, porque estavam associadas a ocorrências menos prováveis, ainda que de maior capital.”
Dentro ou fora da Europa, há que estar o mais prevenido possível e antecipar todos os cenários e imprevistos. Segundo a APS, “a preocupação atual incide muito sobre coberturas de maior frequência, como o roubo ou o extravio de bagagens” mas “onde a intervenção do seguro tende a ser mais relevante e valorizada quando o sinistro, efetivamente, ocorre, é nas tais coberturas de menor frequência mas de maior exigência.”
Situações de acidente, doença ou morte “podem exigir significativas despesas e apoio logístico local como o suporte médico e hospitalar, o prolongamento da estadia, o acompanhamento por familiares ou o repatriamento sanitário, por exemplo.” A associação lembra ainda que estas são questões particularmente relevantes “quando o local de destino não tem as desejáveis infraestruturas médicas e hospitalares e quando o custo destes cuidados é substancialmente elevado.”
Se vai sair do país e quer acautelar todas estas situações, os seguros de viagem são uma opção, mas não a única. Pode já estar protegido por coberturas que desconhece e que lhe vão poupar alguns euros.
Quais são as alternativas aos seguros de viagem?
O simples facto de ser cidadão europeu confere-lhe o direito a assistência de saúde em vários países do continente. Para usufruir desta cobertura, só tem de aderir ao Cartão Europeu de Seguro de Doença. A adesão é gratuita. Explicamos-lhe tudo sobre esta opção aqui.
Também o cartão de crédito lhe pode dar garantias no estrangeiro, desde que efetue o pagamento da viagem através dele. As coberturas dependem do tipo de cartão, mas além da assistência pessoal em viagem, que inclui despesas farmacêuticas, médicas e de hospitalização, pode ficar blindado relativamente a atrasos ou cancelamento de voos e problemas com a bagagem. Há cada vez mais cartões com coberturas alargadas, mas melhores condições costumam ser sinónimo de custos de anuidade mais elevados. Pode consultar as suas junto da instituição bancária.
Finalmente, o seguro do carro pode ser uma alternativa. Se precisar de assistência médica no estrangeiro, a seguradora poderá suportar as despesas, de acordo com o seu contrato de seguro automóvel. O limite máximo varia de acordo com a apólice. Se viajar, mesmo que deixe o carro em casa, não se esqueça da Carta Verde.
Depois de explorar todas as opções, deve pensar em contratar um seguro, se sentir que precisa de uma proteção mais musculada. Faça a pesquisa atempadamente e peça simulações a várias seguradoras. Só assim chegará ao melhor preço e cobertura para a sua deslocação, tendo em conta o destino e a duração da viagem.
A oferta das seguradoras
A COVID-19 ditou algumas mudanças nos seguros de viagem. Algumas agências passaram a ter garantias específicas relacionadas com a doença e situações de pandemia estão, agora, incluídas nas apólices. As principais diferenças entre ofertas prendem-se com a possibilidade de cancelamento das viagens e com os valores de cobertura.
Para perceber como está o panorama geral, falámos com quatro das maiores seguradoras do país. Quisemos saber quais as opções de seguros de viagem disponíveis para umas férias casal, durante seis dias, num dos destinos mais populares entre as agências de viagem portuguesas: Itália.
Allianz
Para um casal, a Allianz sugere o plano Férias Premium, que fica a 66,98 euros para duas pessoas, e o Férias Premium Upgrade, cujo prémio para dois é de 116,26 euros.
A seguradora garante a cobertura de despesas médicas, farmacêuticas, de hospitalização e estadia em caso de sintoma relacionado com a COVID-19. O limite varia de acordo com a modalidade de seguro contratada, entre os 30.000 e os 60.000 euros. Há possibilidade de cancelar ou interromper a viagem mediante recomendação médica relacionada com a doença, em caso de familiar gravemente doente com a infeção ou por imposição de quarentena. O valor máximo de reembolso nos dois casos varia entre os 2.000 e os 5.000 euros.
As despesas de regresso antecipado por doença ou morte de familiar são ilimitadas e o transporte ou repatriamento também. Nota ainda para a possibilidade de prolongamento da estadia no destino, com limite máximo diário de 50 euros, até sete dias.
Fidelidade
Na Fidelidade, a COVID-19 está dentro da assistência às pessoas. Situações de pandemia fazem parte das apólices e as garantias variam com a modalidade selecionada. A seguradora oferece duas opções: o plano TOUR, cujo prémio para duas pessoas é de 39,56 euros e o VIP, que fica por 57,62 euros. O primeiro conta um valor máximo de 7.500 euros de assistência por pessoa e, no segundo, o valor sobe até aos 15.000 euros.
A cobertura inclui todas as despesas associadas a doença e a realização de teste em ambiente hospitalar. O regresso antecipado do beneficiário e o repatriamento ou transporte sanitário também estão garantidos. A diferença está nas opções de cancelamento, redução da viagem e despesas de interrupção. Estas situações só ficam cobertas no plano VIP: o cancelamento é garantido até 1.000 euros e as despesas de interrupção até aos 250 euros.
Tranquilidade
Na Tranquilidade, os planos mais apropriados para um casal são o Essencial (57,51 euros para dois) e o Valor (85,82 euros). Em relação à COVID-19, a seguradora só prevê imprevistos antes da viagem. O plano mais barato prevê uma cobertura de cancelamento de 2.000 euros e o outro chega aos 5.000 euros. Esta é acionada com um teste positivo e imposição de quarentena e estão garantidos os custos da viagem.
De resto, todas as despesas de COVID-19 estão incluídas na assistência às pessoas. No plano Essencial, estão garantidas até aos 1.500 euros por cabeça e no Valor, até aos 2.500 euros. Há também possibilidade de prolongar a estadia se o beneficiário não estiver em condições de regressar na data marcada.
Ageas
Viajando a dois, os planos mais adequados na Ageas são o Viagem Mais e o Executivo. O valor do prémio é individual. No primeiro plano, é de 31,42 euros por pessoa, e no segundo é de 61,28 euros.
A seguradora do grupo Generali é a única que não oferece a possibilidade de cobrir o cancelamento antes da viagem. As despesas decorrentes da pandemia cabem na parte da assistência às pessoas. Todos os custos decorrentes de despesas farmacêuticas, médicas, de hospitalização e estadia estão previstos nos dois planos e o limite máximo varia entre os 1.500 e os 5.000 euros.