Confinamento e teletrabalho são apenas dois dos condicionantes que têm mudado as nossas vidas e a forma como nos relacionamos há mais de ano e meio. A incerteza trazida pelo Covid-19 fez-se sentir em praticamente todos os quadrantes, alterando perceções e certezas, e deixou uma boa maioria das pessoas mais alerta relativamente ao seu bem-estar financeiro.
Foi assim para três quartos dos portugueses envolvidos no Schroders Global Investor Study 2021, que inquiriu mais de 23 mil investidores em 32 territórios por todo o mundo.
Além de 75% estar mais atento ao bem-estar financeiro e passar mais tempo a reorganizar as suas finanças pessoais, a maioria dos portugueses assume que o desempenho dos seus investimentos tem impacto na sua saúde mental (64%). Uma maioria passou também a consultar os valores destes investimentos pelo menos uma vez por semana (58%).
Mais cautela, mais poupança e maior aversão ao risco
Outros dos efeitos da pandemia refletiu-se nas poupanças. Embora 41% não tenha conseguido pôr de parte tanto como tinha planeado, dada a redução dos rendimentos provenientes do trabalho, é ainda significativa a percentagem dos portugueses que conseguiu poupar mais do que o previsto (36%), fruto da redução de despesas, em particular, em bens não essenciais, como restauração, viagens e lazer.
Os portugueses que reforçaram as suas poupanças totalizam uma percentagem ligeiramente superior (4 pontos percentuais) aos que o fizeram a nível mundial. Significativos são também os investidores a nível global que pensam poupar mais agora que começam a ser levantadas as regras de saúde mais restritivas: quase metade (46%) está convencida a poupar mais e este sentimento é mais pronunciado nos mais jovens, entre os 18 e os 37 anos.
Quanto aos gastos, as perspetivas de os aumentar após o levantamento das restrições de saúde, os portugueses estão entre os mais cautelosos, tendência liderada pelos investidores do Japão, Suécia e Hong Kong. Do lado oposto, os mais propensos para aumentar as suas despesas estão nos EUA, Holanda e Reino Unido.
Relativamente ao investimento e apesar das fortes oscilações que começaram a registar-se nos mercados financeiros logo que a pandemia se tornou num problema de saúde pública global, um quarto dos portugueses voltou a investir em ativos de alto risco quando as medidas de confinamento começaram a atenuar-se. Mais representativos são, no entanto, os que optaram por reforçar posições em ativos de baixo risco (41%).
Ações de empresas tecnológicas e fundos imobiliários estiveram no topo das preferências relevadas, com as primeiras escolhidas por 49% e os segundos por 48% dos investidores nacionais.
Confiança em retornos elevados saiu reforçada
Apesar das incertezas trazidas pelo Covid-19 e da atitude relativamente mais conservadora quanto à poupança e ao investimento de risco, as expectativas dos portugueses quanto ao retorno médio anual que esperam obter durante os próximos cinco anos mantiveram-se em níveis surpreendentemente elevados, mais altos em 2021 do que nos anos anteriores (os mais altos desde o primeiro estudo global aos investidores, realizado pela Schroders em 2016).
Os portugueses colocam a sua fasquia de retorno nos 11,2% ao ano e, curiosamente, não estão sozinhos nesta projeção, já que a média dos investidores inquiridos a nível global é muito semelhante, de 11,3%. No ano passado eram, respetivamente, de 10,7% e 10,9%.
Ao contrário dos portugueses, os vizinhos espanhóis reviram em baixa as suas expectativas, para 8,9% (face a 10% em 2020 e a 9,2% em 2019), mantendo mesmo assim um cenário muito otimista de futuros retornos.
Embora o otimismo excessivo possa levar a deceções e erros de previsão nas finanças futuras, é encorajador ver que a pandemia realçou a importância do planeamento financeiro para grande parte dos investidores, portugueses incluídos, e contribuiu para a valorização das poupanças.
Uma abordagem ponderada, consistente e paciente, orientada por horizontes de longo prazo, poderá ajudá-los a ultrapassarem a ansiedade muitas vezes provocada por sentimentos e flutuações de conjuntura. É este também o papel da Schroders enquanto conselheira, ajudando-os a descortinar oportunidades fundamentadas, consistentes e ajustadas aos seus perfis de risco.