Os números não deixam margem para dúvidas: o mercado imobiliário vive um dos seus melhores momentos. Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam dois recordes no primeiro trimestre deste ano. Os preços das habitações, em Portugal, aumentaram 7,9%, o valor mais elevado desde que o INE recolhe dados. E foram vendidas, neste período, 35.178 casas. Também um valor recorde para um trimestre.
A tendência tem sido de subida nestas duas frentes e, por isso, é natural que haja já quem se questione se estamos perante o início de uma bolha no mercado imobiliário ou não.
Os primeiros a questionarem são jovens e famílias da classe média que, perante a retoma económica, começam à procura de oportunidades para compra de casa. Numa pesquisa rápida, por exemplo, pela cidade de Lisboa, é fácil compreender que viver no centro da capital é cada vez mais difícil para a classe média.
Podem atribuir-se culpas aos vistos gold, aos alojamentos locais (utilização da casa para arrendamento temporário de turistas) ou a uma dinamização da reabilitação urbana com os investidores a regressarem a este mercado. A verdade é que comprar ou arrendar casa está mais caro, com jovens e famílias a serem “empurrados” para fora das grandes cidades.
Os economistas e especialistas do setor imobiliário (que também são parte interessada) garantem que não existe bolha imobiliária. Mas são também estes que dizem que a subida de preços será para continuar.
O Governo parece já ter percebido que a habitação é uma área que merece uma reflexão. Recentemente anunciou a criação da nova Secretaria de Estado da Habitação, que será liderada por Ana Pinho. É importante que se olhe para a habitação em todas as suas vertentes e que a discussão seja séria. É porque neste jogo do empurra quando as coisas estouram já se sabe quem paga.