Auscultámos mais de 23.000 investidores em 32 locais do mundo com o objetivo de perceber quais as suas expectativas de investimento após a pandemia Covid-19, mas também com o intuito de identificar alguns dos principais erros cometidos pelos investidores que podem ser evitados
1)Excesso de otimismo
A maioria das pessoas e dos investidores, à escala global, revela-se otimista, perspetivando um retorno médio anual dos seus investimentos acima dos 10% nos próximos cinco anos, apesar do impacto e incerteza provocados pela pandemia Covid-19, revela o Schroders Global Investor Study 2020. É também o caso dos investidores portugueses, que perspetivam um crescimento de rendimentos e capital na ordem dos 10.7% para os próximos cinco anos, valor superior à média europeia de 9.4%.
2) Alterações nas carteiras de investimento
O impacto da pandemia levou, contudo, muitos investidores a fazer alterações substanciais nas suas carteiras de investimento. Em particular, no período de maior volatilidade do mercado de ações (fevereiro e março de 2020), 78% das pessoas à escala global e 72% em Portugal afirmaram ter feito alterações aos seus portefólios e 70% e 66%, respetivamente, assumiram ter alterado o seu nível de risco.
Neste âmbito 28% dos investidores, a nível global, assumiram ter transferido proporções significativas para investimentos de baixo risco e 25% revelou ter transferido parte do seu portefólio para investimentos de menor risco. Curiosamente, 20% dos investidores revelaram ter aproveitado o contexto pandémico para investir em alto risco, enquanto 19% optaram por manter os seus investimentos intactos.
O estudo da Schroders revela, ainda, que as gerações mais antigas foram as que mantiveram mais calma perante a volatilidade provocada pela Covid-19 e a prova disso é que, globalmente, mais de 75% dos investidores com 71 anos ou mais mantiveram o nível de risco nos seus investimentos ou optaram por não fazer nenhuma alteração, quando comparados com apenas 23% dos millenials.
A crise global imposta pela Covid-19 veio, ainda, colocar um maior foco na poupança, com quase 49% dos investidores a revelar que agora pensam nos seus investimentos, pelo menos, uma vez por semana, comparativamente com 35% antes da pandemia. Em Portugal, este número é ainda mais revelador, com 59% dos investidores a pensar nos seus investimentos pelo menos uma vez por semana, em comparação com 40% antes da pandemia.
Conclusão
Apesar do impacto dramático da Covid-19 na nossa vida pessoal e profissional e nas nossas relações sociais, os investidores mantêm-se otimistas e perspetivam que é possível obter bons retornos com os seus investimentos. Isto contrasta, porém, com a relutância em manter a carteira de investimentos de longo prazo, em tempos difíceis. Uma situação com a qual os investidores terão de lidar nos próximos tempos, já que os mercados estarão sujeitos à pressão de forças disruptivas que, no geral, poderão resultar numa maior dificuldade em obter os retornos desejados. Há, por isso, que ser paciente, em particular numa conjuntura de enorme volatilidade como a que vivemos atualmente.