São um dos instrumentos financeiros que pode escolher incorporar na sua carteira de investimentos, embora possam gerar algumas dúvidas para investidores (ou potenciais investidores) que estão agora a dar os primeiros passos. Saiba, em detalhe, o que são fundos de investimento, como começar a investir e que cuidados deve ter.
O último Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa do Banco de Portugal (BdP) dava conta de que os portugueses começam a ouvir falar mais de fundos de investimento. Em 2020 (data do último Inquérito, que se realiza de cinco em cinco anos), 72,2% dos inquiridos conheciam a existência de fundos de investimento, cerca de mais sete pontos percentuais (64,9%) do que em relação ao inquérito anterior, de 2015.
O investimento efetivo realizado em fundos parece reforçar esta maior familiaridade.
No primeiro semestre de 2023, as subscrições líquidas de fundos de investimento mobiliário atingiram perto de 240 milhões de euros, segundo a APFIPP – Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios. O volume de subscrições superou em 15% o volume de resgastes. No balanço estatístico do BdP sobre fundos de investimento, relativo a julho de 2023, 19.493,7 milhões de euros dizem respeito exclusivamente a investimento de particulares neste instrumento.
Ainda assim, para quem está a começar agora a montar uma carteira de investimentos – ou quer expandir os instrumentos financeiros nos quais investir – importa perceber, exatamente, em que consistem os fundos de investimento, cuidados a ter e como começar a investir neste produto.
O que são fundos de investimento?
Os fundos de investimento são uma espécie de investimento coletivo, em que o dinheiro de diversos investidores é aplicado, em conjunto, numa carteira de ativos. Essa carteira é gerida por especialistas e os ganhos obtidos são divididos entre os investidores, de acordo com o investimento feito por cada um. Ou seja, de acordo com as “fatias” – unidades de participação (UP) – que subscreveram do bolo total investido.
Dependendo da natureza de cada fundo, o investimento pode ser aplicado no mercado de capitais ou no mercado imobiliário.
Em termos de remuneração, os fundos de investimento podem ser de capitalização (reinvestem automaticamente os rendimentos gerados pela carteira de investimentos) ou de rendimentos (em que os rendimentos gerados são distribuídos pelos participantes/investidores, de forma periódica).
Entre os fundos de investimento, apenas os fundos de capital garantido asseguram que o investidor recuperará o montante investido (total ou parcial) à data de vencimento. Essa garantia é pouco usual no mercado e implica, no geral, um menor rendimento potencial.
Os fundos podem ser uma boa opção para aceder a vários ativos com a vantagem de a gestão estar a cargo de um gestor profissional – obedecendo a critérios de diversificação para gestão de risco. Dada a diversidade de fundos possíveis, poderá adaptar a sua escolha de fundos aos seus objetivos e perfil de investidor. Por outro lado, e como desvantagens, tenha atenção aos diversos custos que podem estar associados a comissões e que, ao investir num fundo, não terá uma voz ativa nas decisões que o gestor tomar.
Diferentes tipologias de fundos
Os fundos de investimento dividem-se, sobretudo, em dois grandes grupos:
- FII – Fundos de investimento imobiliário: dedicam-se, tal como o nome indica, ao investimento direto em imóveis, mas também podem investir em participações em sociedades imobiliárias e em UP emitidas por outros FII. Dentro dos imóveis, os FII aplicam o capital em ativos de diversa natureza, desde habitações residenciais a escritórios, lojas ou terrenos, entre outros.
- FIM – Fundos de investimento mobiliário: dedicam-se a investimento em ativos mobiliários, como ações, obrigações, moeda ou derivados. Estes fundos podem também aplicar o capital em UP de outros FIM. Existem diversas categorias de fundos de investimento mobiliário.
É possível classificar os fundos também entre fundos abertos e fundos fechados, de acordo com a variabilidade do capital. Os fundos abertos preveem unidades de participação em número variável, seguindo a procura do mercado. Já os fundos fechados, pelo contrário, têm um número fixo de unidades de participação, estabelecido no momento de emissão. Existem também fundos mistos, com duas categorias de UP (em número fixo e em número variável).
Como começar a investir?
Poderá subscrever fundos de investimento geridos por entidades portuguesas e internacionais através de um banco de investimento (por norma, a entidade especializada neste instrumento) ou de uma corretora.
Antes de aplicar o seu dinheiro num fundo, faça uma análise detalhada sobre o mesmo, comparando com outras ofertas no mercado. Ao escolher um fundo, é particularmente importante ter em conta:
- Política de investimento do fundo (onde e como é investido o capital);
- Condições de subscrição e resgate de UP;
- Comissões e outros custos;
- Histórico de desempenho nos últimos 5 anos (em comparação com o mercado);
- Credibilidade e histórico da sociedade gestora do fundo;
- Liquidez;
- Transparência e clareza da informação prestada aos subscritores.