Investem mais cedo, têm diferentes prioridades e são utilizadores tecnológicos por excelência. Os jovens investidores, da chamada Geração Z (ou Gen Z, nascidos entre 1995 e o início da década de 2010), têm características distintas das gerações anteriores. Conheça 4 formas de estar dos investidores da Geração Z que marcam a diferença.
#1 Os investidores da Geração Z investem mais cedo
19 anos. Para algumas pessoas de gerações anteriores, esta pode parecer uma idade demasiado jovem para começar a investir. No entanto, 19 anos é a idade média com os que adultos da Geração Z começam a investir e a poupar, segundo o Schwab Modern Wealth Survey 2024.
Este inquérito da Charles Schwab Corporation, empresa de serviços financeiros, diz respeito à realidade norte-americana, mas é um bom indício de como esta geração começa a avançar mais cedo para os investimentos. Para comparação, os Millennials (nascidos entre 1982 e 1994) começaram a investir, em média, aos 25 anos, e os Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1964) aos 35 anos.
Outros dados, de um estudo de 2024 da Samy Alliance, indicam que a Geração Z tem 45% mais probabilidades de começar a investir aos 21 anos do que os Millennials. E duas a quatro vezes mais probabilidades de o fazer do que a Geração X e os Baby Boomers.
Em Portugal, os investidores Gen Z investem mais e estão dispostos a correr mais riscos, em comparação com outras gerações, embora as carteiras médias sejam de menor valor. Os dados são de um estudo de 2024 da plataforma Revolut, que indica que apenas 28% dos jovens não investem, mas que a carteira média dos Gen Z se fica pelos 444 euros. Para comparação, a carteira dos investidores em Portugal que se aproximam dos 35 anos é, em média, de mais de 1.400 euros.
Para saber mais: Jovens investidores portugueses estão mais dispostos a correr riscos
#2 Têm mais informação, sem total confiança
Uma das bases para começar mais cedo a investir poderá estar no acesso à informação. Segundo o relatório Schwab, mais de um quarto dos Gen Z inquiridos (28%) dizem que aprenderam a investir na escola, comparado com 19% dos Millennials.
Ainda assim, os níveis de confiança no próprio conhecimento financeiro não são necessariamente maiores do que noutras gerações. O estudo Investopedia Financial Literacy Survey, de 2022, também focado na realidade norte-americana, mostrava que 46% dos jovens da Geração X estariam confiantes no seu conhecimento financeiro, uma percentagem abaixo de Millennials (61%), Gen X (54%) e Baby Boomers (52%). Uma das razões apresentadas pelo estudo para estas diferenças reside na multiplicidade de fontes de informação disponíveis – como YouTube ou TikTok, além dos meios informativos tradicionais –, que podem tornar mais difícil distinguir entre informação relevante e não relevante (ou mesmo errada).
Dois em cada três Gen Z não têm confiança de que saberiam explicar a um amigo como o mercado bolsista funciona e 44% não investem porque dizem que não sabem onde começar.
Há, no entanto, uma correlação entre confiança no conhecimento financeiro e rendimentos. Segundo a Investopedia, os jovens da Geração Z com um rendimento de mais de 50 mil dólares anuais têm mais tendência a ser confiantes no seu conhecimento (57%) do que aqueles que ganham menos (39%).
De notar que, em todas as gerações, existe uma forte perceção de superação. Cerca de metade das pessoas, na média de todas as gerações, acredita que está atualmente a ter um estilo de vida melhor do que os seus pais na mesma idade e que é melhor a investir o seu dinheiro, de acordo com o Schwab Survey.
#3 A maioria dos investidores da Geração Z tem algum tipo de investimentos
Cerca de 54% dos Gen Z têm algum tipo de investimentos, sendo que aproximadamente 25% aplicam o dinheiro em criptomoedas e ações, relata o estudo da Investopedia.
O estudo da Revolut indicou, também a propósito dos tipos de investimentos, que dentro da plataforma da marca, os jovens investidores têm preferência pelos fundos monetários flexíveis (70%), seguido de ETF (11%), obrigações (8%) e ações (1%).
Mas e quanto aos jovens investidores de maiores rendimentos? Um outro inquérito, publicado em junho de 2024 pelo Bank of America Private Bank, põe o foco nas preferências de investimento dos Gen Z e Millenials de maior património (pelo menos três milhões de dólares em ativos). Para estes, os melhores investimentos são imóveis (31%), criptoativos (28%) e private equity (26%).
Noutra perspetiva interessante, vários estudos apontam a convicção dos Gen Z de que as empresas devem ter um compromisso com questões ambientais e sociais. Ainda assim, o investimento com critérios ESG (com valores ambientais, sociais e de Governance) está ainda envolto em algum desconhecimento. Um estudo da Motley Fool indica que 32% dos Gen Z e Millennials, combinados, não sabem o que é uma ação ESG e 25% têm em carteira ações ESG.
#4 Aproveitam o poder tecnológico
Ao contrário dos Millennials, que são uma geração que cresceu na coexistência entre o analógico e o digital, os Gen Z são a primeira geração nativa digital. E, por isso mesmo, a tendência é que a tecnologia faça parte do seu léxico natural, incluindo em termo de investimentos.
Um estudo do final de 2023 da Indefi, uma empresa de consultoria em investimento, dá conta de que mais de 80% dos investidores Gen Z confiariam pelo menos uma porção do seu portfólio para ser gerida por “consultores-robô” e ferramentas digitais. O estudo foi feito junto de investidores europeus, entre os 18 e os 25 anos.