Para quem faz compras online, é cada vez mais comum encontrar opções de pagamento “Buy Now, Pay Later” (BNPL ou, em português, “Compre agora, pague depois”), popularizadas por fintechs como a Klarna. Fique a saber que opções de pagamentos a prestações sem juros existem em Portugal, como funcionam e que cuidados deve ter.
O BNPL afirmou-se, nos últimos anos, como uma das tendências emergentes no mundo dos pagamentos. Mas do que se trata, ao certo? O conceito diz respeito a uma modalidade de pagamento em prestações, sem juros. Através do BNPL, os consumidores têm acesso a um crédito de curto prazo de aprovação (praticamente) imediata para as suas compras online, pagando-as de forma parcelada (geralmente em três ou quatro prestações).
A maioria dos serviços opera através de lojas/entidades parceiras. Ao comprar online num desses parceiros, a modalidade BNPL é normalmente apresentada como uma das opções no momento do pagamento online, tal como os cartões de crédito e débito ou o pagamento por MBWay.
Esta facilidade de utilização e aprovação de crédito nas plataformas BNPL está a conquistar adeptos a nível global, sobretudo entre as gerações mais novas, nativas do mundo digital.
Segundo um relatório de 2022 da Autoridade Bancária Europeia (EBA) os serviços BPNL representavam 2% das compras globais e 7% das europeias, em 2020, e a tendência é para aumentar, tendo em conta fatores como digitalização da economia (acelerada pela pandemia) e a inflação.
A líder global do BNPL é a sueca Klarna, que entrou no mercado nacional em 2021. Hoje em dia, a aplicação conta com cerca de 400 mil utilizadores em Portugal e pode ser usada para compras, por exemplo, na Samsung ou na Lanidor, entre mais de mil parceiros.
Como funciona a Klarna?
Ao fazer uma compra online num parceiro Klarna, terá a opção de pagar em três vezes, sem juros. Para avançar com esta opção de pagamento, terá de introduzir as informações do seu próprio cartão de crédito ou débito.
Assim que a Klarna aprovar o seu pedido de pagamento em prestações sem juros (um processo quase imediato), o valor total da sua compra é fracionado. A loja recebe o valor total, no imediato, mas o comprador paga em três vezes.
A primeira prestação é cobrada no momento do envio da encomenda. As prestações seguintes são debitadas automaticamente nos meses seguintes (30 e 60 dias, respetivamente), até ao valor total estar pago. Através da app Klarna, é possível pagar antecipadamente esse total, caso assim o deseje, de forma a não ter pagamentos em aberto. A aplicação dá-lhe também acesso a compras noutras lojas e entidades parceiras.
Para saber mais: 3 perguntas & respostas sobre a Klarna
- Trata-se de um crédito?
O fracionamento em três prestações implica a contratualização de um crédito com a loja, que por sua vez é depois comprado pela Klarna (através de Factoring), assim que a encomenda for enviada.
- Quem pode utilizar este método de pagamento?
Maiores de 18 anos, residentes em Portugal, com uma conta bancária válida e um histórico de crédito positivo. - E caso haja um atraso com o pagamento?
Se, no dia do vencimento da prestação, não tiver o montante disponível, a Klarna dá-lhe um prazo extra de tolerância de dois a sete dias úteis. Passado esse prazo, se continuar em falta, receberá um lembrete e terá de pagar uma comissão entre três e cinco euros por prestação vencida (dependendo do valor total da compra). Depois disso, o processo segue para cobrança, na qual outras taxas podem ser cobradas.
Que outros produtos de pagamento a prestações sem juro existem?
No segmento do BNPL, outras entidades estão a entrar no mercado português com este foco no crédito imediato ao consumo no comércio online. É o caso da francesa FLOA (adquirida entretanto pelo BNP Paribas e que permite pagar em três ou quatro prestações) e da italiana Scalapay (pagamentos em três prestações), de funcionamento semelhante à Klarna.
Certos bancos e intermediários de crédito já bem estabelecidos no setor financeiro também estão a acompanhar a tendência e a apresentar ofertas de BNPL desenvolvidas dentro do seu portfólio de serviços.
O Santander, por exemplo, lançou o serviço Zinia na Alemanha, em 2022, e planeia entretanto expandir para outros mercados europeus. Também a Cofidis tem uma oferta neste segmento, o Cofids Pay, em funcionamento em Portugal para pagamentos online fracionados (de 3 a 12 vezes sem juros) numa rede de comerciantes parceiros.
Além do modelo de negócio BNPL, focado no crédito imediato em compras online, é possível utilizar outras formas de pagamento em prestações sem juros, com maior histórico no mercado do crédito ao consumo.
São exemplos as grandes marcas do retalho, como a FNAC ou o IKEA, que por vezes lançam campanhas de pagamento em três prestações, sem juros (online ou em loja física), através de cartão próprio. Estes cartões são aprovados e geridos por intermediários de crédito, estando sujeitos a aprovação prévia de crédito.
Cuidados a ter com “Buy Now, Pay Later” e prestações sem juros
A possibilidade de pagar em prestações sem juros pode ser muito atrativa, sobretudo em orçamentos familiares mais apertados. Se, por um lado, uma gestão rigorosa destas formas de pagamento pode ser útil para fracionar uma compra sem encargos adicionais, por outro, a facilidade do crédito imediato exige uma gestão cuidada desta despesa fracionada para evitar taxas de incumprimento.
Para uma utilização sustentável da modalidade BNPL ou de outros tipos de crédito ao consumo, tenha em conta algumas precauções:
- Compre de forma racional, e não por impulso.
- Não olhe apenas para o imediato e analise, de forma conservadora, a sua capacidade de pagar as prestações nos próximos meses.
- Leia sempre os Termos & Condições associados aos serviços de crédito para perceber que encargos podem estar “escondidos”, se existem taxas adicionais e quanto terá de pagar em caso de atraso.
- Crie alertas que o lembrem da data de pagamento da próxima prestação.
- Evite cair em incumprimento e entrar numa situação de endividamento descontrolado. Este é um conselho válido para qualquer tipo de crédito e o BNPL não é exceção, até porque as taxas de penalização são tendencialmente mais altas do que noutros produtos de crédito pessoal e cartão de crédito.